Capítulo 2 - Liliane

61 8 13
                                    

ENTRE TURBULÊNCIAS E RECOMEÇOS

And I've been a fool and I've been blindI can never leave the past behindI can see no way, I can see no wayI'm always dragging that horse around

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

And I've been a fool and I've been blind
I can never leave the past behind
I can see no way, I can see no way
I'm always dragging that horse around

Shake It Out – Florence And The Machine

E eu fui ingênua e estive cega
Nunca consigo deixar o passado para trás
Não consigo ver uma saída, não consigo ver uma saída
Estou sempre carregando esse peso nos ombros

___________________

Mesmo que eu esteja deixando o lugar que amaldiçoou a minha vida, a dor e a saudade estão vindo na bagagem. Tentei deixar esses sentimentos no galpão que aluguei para guardar todas as minhas coisas, mas é impossível. Não tem como esquecer.

Como esquecer daquele sorriso encantador e incrivelmente sexy que Gustavo me dava? Aquele sorriso me conquistou assim que coloquei meus olhos nele na época da faculdade.

Ele havia entrado na minha turma no segundo semestre, vindo de uma faculdade do Rio de Janeiro. Diferente da minha, que era extremamente clara, sua pele era de um bronzeado intenso. Tinha a cor de quem passava horas e mais horas surfando nas praias de Copacabana. Algo que ele amava fazer, e sempre pedia para que eu tentasse. Me arrependo de nunca lhe ter dado essa satisfação. De ter tido tanto medo.

Desde o momento em que cruzou a porta com seu perfume amadeirado e sentou– se ao meu lado, me dando um "Oi" extremamente sorridente, não nos largamos mais. Uma amizade surpreendente surgiu e nunca se apagou. Aliás, só crescia a cada dia. Até o momento em que nos apaixonamos, ou melhor, descobrimos que estávamos apaixonados.

Assim que terminamos a faculdade, nos casamos e iríamos iniciar uma família.

"– Vamos ter uma filha, Lil! Uma pequena garotinha" – ele me pegou no colo assim que descobrimos que seria uma menina.

Sua felicidade foi o que tirou minha insegurança de ser mãe. Era sua felicidade que me mostrava a quão sortuda eu era por tê– lo ao meu lado.

Passo a mão pela minha barriga. Me questiono como apenas uma pessoa poderia acabar com a vida de toda uma família. Até da minha filha, que ainda estava sendo gerada em meu ventre.

Começo a chorar compulsivamente ao me lembrar de tudo o que me foi tirado. Faz algumas semanas que eu não choro dessa forma. Sei que não será a última. Estou cruzando o oceano, mas ainda tinha perdido toda minha família. A dor nunca irá embora, assim como meu coração nunca mais será o mesmo. Isso se eu ainda tiver um.

Abro minha bolsa na expectativa de encontrar um lenço de papel. Quando olho para o lado, vejo um jovem em seus vinte e tantos anos, me esticando um lenço de papel.

Dando ao amor uma nova chanceWhere stories live. Discover now