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O genuíno mérito de Copérnico ou de Darwin não foi a descoberta de uma teoria verdadeira, mas de um novo e fértil ponto de vista.

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O que, segundo creio, Goethe realmente procurava não era uma teoria fisiológica das cores, mas sim psicológica. 

Uma confissão tem de ser uma parte da nova vida.

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Nunca consegui senão pela metade, exprimir o que quero exprimir. Na realidade talvez nem tanto, apenas um décimo. Isso ainda tem um significado. Muitas vezes, a minha escrita não é mais do que uma 'gaguez'.

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Entre os Judeus o 'gênio' só se encontra no homem santo. O mais grandioso dos pensadores Judeus não passa de um talento (Eu, por exemplo).

Creio que há alguma verdade na minha ideia de que, de fato, apenas penso reprodutivamente. Não creio ter alguma vez inventado uma linha de pensamento, tirei-a sempre de outra pessoa qualquer. Simplesmente me aproveitei logo dela com entusiasmo para o meu trabalho de clarificação. Foi assim que me influenciaram Boltzmann, Hertz, Schopenhauer, Fregue, Russel, Kraus, Loos, Weininger, Spengler e Sraffa. Poderá considerar-se o caso de Breuer e de Freud como um exemplo de reprodutividade judia? – O que invento são novas comparações.

Na altura em que modelei a cabeça para Drobil o estímulo era também, essencialmente, um trabalho de Drobil, e a minha contribuição foi, de novo, a clarificação. O que julgo ser essencial é levar a cabo, com CORAGEM, o trabalho de clarificação: caso contrário, ele transforma-se apenas num jogo inteligente.

O Judeu deve cuidar de que, em sentido literal, 'todas as coisas sejam para ele como nada'. Mas tal é particularmente difícil para ele, visto que, num certo sentido, nada tem de caracteristicamente seu. É muito mais difícil aceitar de bom grado a pobreza quando se tem de ser pobre do que quando também se poderia ser rico.

Poderia dizer-se (correta ou incorretamente) que o espírito Judeu não tem sequer a capacidade de produzir a mais minúscula flor ou folha de relva; a sua maneira de proceder leva-o antes a fazer um desenho da flor ou da folha de relva que cresceram no solo do espírito de outrem e a apresentá-lo numa imagem compreensiva. Não se trata de salientar um defeito quando tal se afirma, e tudo corre bem desde que o que está a ser feito seja inteiramente claro. Só quando a natureza de uma obra judaica se confunde com a de uma obra não judaica é que há algum perigo, sobretudo se o autor da obra judaica também cai na confusão, o que muito facilmente lhe pode acontecer. (não dá a impressão de estar tão orgulhoso como se tivesse sido ele próprio a produzir o leite?)

É típico do espírito Judeu compreender a obra de alguém melhor do que a própria pessoa.

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Muitas vezes, quando me emoluraram bem um quadro ou quando o pendurei no sítio certo, dei comigo a sentir-me tão orgulhoso como se eu próprio o tivesse pintado. Isso não é inteiramente verdadeiro: não 'tão orgulhoso como se o tivesse pintado', mas tão orgulhoso como se tivesse ajudado a pintá-lo, como se tivesse, por assim dizer, pintado uma pequena parte do quadro. É como se um jardineiro excepcionalmente dotado chegasse a pensar que ele próprio tinha produzido uma minúscula folha de relva. Ao passo que deveria ser claro para ele que o seu trabalho diz respeito a uma área totalmente diferente. O processo que leva ao nascimento até mesmo a mais pequena e mais insignificante folha de relva é algo com o qual ele nada tem a ver e do qual nada sabe.

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