Capítulo Seis

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O sol ainda emitia seus primeiros raios solares quando Roberto abriu o portão de sua casa. Sentia-se um tanto quanto cansado, pois havia viajado quase a noite inteira, mas, ao mesmo tempo, tranquilo. Não queria mesmo ficar nem mais um dia longe de sua casa, de sua esposa. Tinha tanto medo que Adriana pudesse escapar-lhe do controle, conhecer outras pessoas, outros homens, que até mesmo a simples hipótese de que isso realmente pudesse acontecer causava-lhe aflição.

Estacionou o carro da empresa ao lado do próprio carro e não gostou de ver um suporte para bicicleta pendurado atrás. Onde será que Adriana foi?, questionou a si mesmo, antes de entrar no quarto e encontrá-la dormindo, completamente à vontade.

Aproximou-se devagar e acariciou-lhe os cabelos. E mais uma vez flagrou-se a questionar o que ela havia feito no dia anterior, para onde teria ido e com quem estivera.

Adriana despertou muito lentamente de um sonho que tivera com Daniel. E embora não tivesse sido um sono tranquilo, já que nem mesmo durante o sonho ela conseguia se desvencilhar por completo da sensação de que estava sendo vigiada por Roberto, seu coração parecia aquecido por uma emoção gostosa, uma sensação profunda de alegria, de felicidade. Sensação essa que ela tentara negar durante quase toda a madrugada, pois não queria admitir que o reencontro com Daniel balançou o seu coração. Apesar de todo o seu esforço, porém, não havia mais como negar duas verdades incontestáveis: Daniel sempre fora o grande amor da sua vida, e nem mesmo a distância e o tempo conseguiram apagar por inteiro esse grande amor.

−  Dani... – Ela chamou-o com voz praticamente inaudível, mas foi o suficiente para que Roberto percebesse que ela chamava por outro homem.

−  Quê?! O que disse? – perguntou, ríspido.

Aquela voz grosseira fez Adriana estremecer e acordar definitivamente. Não estava mais nos braços de Daniel e sim em frente a Roberto, e ele parecia nervoso, intrigado.

−  Beto?! O quê...? O que faz aqui hoje? Não iria voltar apenas amanhã? Aconteceu alguma coisa?

−  Com quem você estava sonhando?

−  Eu?! – Assustada e embaraçada, Adriana sentou-se na cama. Teria falado o nome do primo? Dissera alguma coisa que não deveria durante o sono? – Eu... eu não sei. Por quê? O que houve?

−  Você disse o nome de alguém. Com quem estava sonhando?

Nos olhos límpidos de Adriana podia ser visto o terror que ela sentia naquele momento. Oh, meu Deus, falei o nome do Daniel?!

−  Eu não lembro, Beto. Juro que não.

Roberto suspirou inconformado. Por que Adriana sempre mentia? Teria outro homem?

−  Está bem. Desculpe – disse ele, aparentemente calmo, e mais capcioso do que nunca. – Como foi o seu dia ontem? Levou a Lê para passear?

Era uma pegadinha, mas Adriana não sabia.

−  Não – mentiu, com medo da reação do marido. – Nós ficamos em casa, assistindo filmes.

Mais mentiras!, pensou ele, cerrando os punhos com força e sentindo o sangue esquentar de raiva.

−  Por que está mentindo para mim? – perguntou aos berros, enquanto a agarrava pelos cabelos e a obrigava a se levantar. – Por acaso pensa que eu sou trouxa?

−  Não, Beto. Claro que não.

−  Então, por que está mentindo? Eu sei que você saiu com a Letícia. Vi o suporte de bicicleta pendurado no carro.

Com os olhos arregalados, Adriana lembrou com amargura que esquecera de tirar o suporte do carro quando chegou.

−  Eu levei a Lê ao parque, Beto, para ela poder respirar um pouco de ar puro e brincar à vontade.

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