Capítulo sem título 10

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Depois do encontro inusitado, fizemos uma pequena pausa em uma fonte de construção datada no século XIX, e a forma como o vento batia nas árvores e levava também gotas de água de um lado para outro deixava a cena com um ar encantador. Aproveitei para tirar o máximo de fotos que consegui e Alana que, acabei descobrindo, amava posar para as lentes ganhou fotos incríveis de um dia agravável.

Quando consegui fotografar todos os seres vivos que eram possíveis sentei ao lado de Alice em um banquinho. Ela observava a filha lanchar se dividindo entre andar pra perto da fonte e sair correndo com o lanche na mão quando a água começava a respingar nela.

― Fiquei surpresa quando Sam me contou sobre Maala ― Alice falou colocando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha enquanto observava Alana.

― Arê... ― cocei a cabeça ― Também fiquei surpreso, mas todos saem ganhando.

― Filha, não se afasta muito não! ― Alice falou um pouco mais alto quando Alana correu para o outro lado da fonte em um lugar que não tínhamos com vê-la. ― Sabe, eu sempre achei que você se casaria com alguém por amor... ― ela mordeu o lábio inferior por alguns segundos depois fez uma linha com os lábios.

― Também achei ― mantive o olhar em seus olhos por alguns segundos antes que ela desviasse.

― Raji, eu... ― Alice puxou bastante ar depois soltou como se estivesse carregando uma carga enorme por muito tempo ― eu sei que você queria que eu tivesse te escolhido. Eu falei no livro, todo mundo achava que você seria a escolha ideal, mas acredite em mim, você não quer ser a escolha ideal de alguém. Você não ia querer isso, e eu não queria isso pra você ― ela deu um sorriso fraco ― Todas ás pessoas que eu conheci na minha jornada mudaram quem eu sou. Eu aprendi tanto com vocês, com suas vidas, com suas histórias... Você foi a primeira pessoa para quem eu realmente abri o coração de verdade.

Ela parou para organizar as palavras enquanto sentia meu coração retumbar dentro do peito.

Eu não sei se estava preparado para aquela conversa.

Não sei se queria ouvir da boca de Alice que eu não fui o bastante para ela.

― Alice... nós não precisamos conversar sobre isso ― falei desejando profundamente que ela concordasse comigo e esquecesse aquele assunto.

― Raji, eu já estive em sua posição. Já estive com o coração quebrado e me doí saber que fui eu quem causou isso ― Alice sorveu o ar antes de solta-lo ruidosamente ― Você merece ser feliz, Raji. E, eu aprendi que não conseguimos seguir em frente enquanto temos algo que nos prende.

Assenti.

Ela segurou minhas mãos entre as dela.

― Ficar com você, Raji, teria sido maravilhoso para mim. Você é o cara certo para qualquer garota romântica. Sabe, você é exatamente como os mocinhos de livros ― ela sorriu ― lindo, tinha aquela pinta bad boy quando nos conhecemos, aquela coisa misteriosa que fez com que você me odiasse mesmo sem me conhecer.

Dessa vez eu quem sorri lembrando-me da forma grosseira como a tratei quando a vi pela primeira vez.

― Depois, quando nos conhecemos melhor, eu vi o quanto você era um cara... ― pareceu pensar em um apalavra para usar ― Perfeito ainda seria uma palavra incapaz de descrever a pessoa maravilhosa e o cara incrível que você é, Raji. Mas por mais perfeito que você seja, e por mais que você tenha marcado a minha vida de formas tão lindas...

― Eu não sou perfeito para você ― completei aquilo que parecia ser doloroso para ela admitir.

Alice assentiu parecendo culpada, e naquele momento eu vi o quando todo aquele quadro estava errado. Alice amava o Poncho e não devia se sentir culpada por isso, ela devia viver sua história sem medo de ser feliz.

Tradicional Essência [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora