Capítulo 5

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― Hola! ― Poncho falou sorridente depois que coloquei a mala para dentro e me joguei no banco traseiro do carro.

TRASEIRO!

Eu sou o irmão, o banco dianteiro é o MEU lugar.

― Oi ― respondi sendo o mais educado possível, mas também não dando na cara que estava incomodado com o fato ser a criança no banco detrás.

― Como foi o voo, irmão? ― Ravi quis saber me encarando pelo retrovisor. Pelo seu olhar, na verdade, meu irmão queria saber se eu estava irritado a ponto de mata-lo.

― Foi tranquilo, dormi a maior parte do caminho ― coloquei o cinto de segurança assim que ele girou a chave na ignição.

― E como estão ás coisas por lá? Mamadi contou que ela e dadi encontaram uma nova pista...

― Sim, encontraram... ― suspirei ― a terceira em uma semana. Eu quero muito que elas encontrem logo. Baldi, mamadi, e até mesmo a dadi merecem isso, mas cada vez que elas acham alguma coisa que não dá em nada, mamadi fica tão decepcionada que ás vezes me pergunto se essa busca está realmente fazendo bem a ela.

― Nem ela, nem dadi vão desistir... Dadi prometeu que encontraria nossa irmã mesmo que fosse a ultima coisa que faça, e você sabe como ela é...

― Sim, eu sei.

Foi a primeira vez que não me senti mal por dizer isso. Agora eu estava realmente conhecendo a dadi. Não aquela mulher malvada e completamente apaixonada pelo neto mais velho. Meu irmão sempre seria o favorito, mas sim, agora que estávamos nos aproximando, eu também a conhecia. Uma dadi um pouco, bem pouquinho, melhor.

― Ela sente a sua falta ― afirmei.

― Eu sei.

Foi só isso que ele disse. Ravi estava sendo categórico em relação a evita-la sempre que possível, esperava apenas que a velha partisse depois de receber o perdão do meu irmão. Hoje ele pode discordar, mas sentiria muito remorso se não se resolvessem antes que dadi morresse.

A cidade que passava pelos meus olhos era completamente diferente da que vi anos atrás. Da primeira vez que vim ao Brasil cheguei á noite, o transito estava caótico, estava cansado e traçando mil planos mentais e inúteis de como ficar o mais distante possível de Alice, apesar de ter poucas recordações do trajeto do Galeão até o hotel de meu irmão, lembro que mesmo no escuro a cidade era um espetáculo, mas assim a luz do dia, o Rio de Janeiro era completamente esplendoroso e tão quente como eu me recordava. Não é a toa que a cidade costuma ser chamada de Rio 40°.

Alfonso deu um guia turístico meia boca. Mentira, o cara era bom mesmo. Provavelmente uma boa aquisição para o hotel de meu irmão. De acordo com ele, pegamos a via expressa, onde, por vários momentos pude ver o mar. Era muito, muito diferente mesmo, do tão famoso Ganges indiano. Seguimos até cair no bairro São Cristovão. Ele disse que o Maracanã ficava lá perto, e que minha experiência em solos brasileiros não seria completa se não fossemos ver um jogo lá. Meu irmão garantiu que nos conseguiria entradas na área vip.

Passamos também pelo Mirante Dona Marta. Segundo Alfonso, uma das vistas mais bonitas da cidade e um dos pontos turísticos mais visitados. Disse que fazia questão de me levar lá para admirar o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor, o Maracanã e a Lagoa Rodrigo de Freitas, no fim das contas, passamos ao lado dela, e foi impossível não me imaginar brincando por ali com meus filhos. O lugar era lindo demais, ideal para praticar esportes, fazer piqueniques e aproveitar com a família. Não demorou até passarmos pela praia de Copacabana com seu famoso chão em paralelepípedo em ondas brancas e pretas. O verde dos coqueiros se mesclavam com o tom azul do céu deixando a beleza do lugar inegável. Era incrível como o lugar ainda ficava maravilhoso mesmo quando misturava-se a imagem urbana. Os prédios cariocas não diminuíam em absolutamente nada a beleza da praia.

Tradicional Essência [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora