capítulo 7

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Logo que chegamos em casa corri para o chuveiro. Precisava me livrar de todo aquele sal que pinicava meu corpo.

Bom, ao menos era isso que eu tentava me convencer. Queria me livrar daquela sensação de formigamento que não passava por nada, mas, ao mesmo tempo, que gostaria que aquilo parasse, não queria.

Era uma coisa boa misturada a algo horrível.

Por uma firanghi

Levando em conta meus relacionamentos anteriores, as firanghis serviam apenas para uma coisa: destroçar meu coração. Devia ser mais esperto e me lembrar disso mais vezes, afinal, cá estava eu no Brasil vendo Alice, a última firanghi que partiu meu coração, viver sua vida de conto de fadas com o marido Mexicano.

Foi essa constatação que acabou com a agonia em meu peito. Essas mulheres eram completamente proibidas para mim, e merecia um castigo por sentir esse formigamento por uma delas.

Você é um burro, Raji. Um burro!

De banho tomado e alma lavada estava pronto para sair do quarto e esquecer meus devaneios pela mulher da praia e me concentrar em todas as coisas boas que viriam em meu futuro já que nada poderia dar errado comigo seguindo as tradições do meu país.

Fazer as coisas certas garantiria que dessa vez tudo acabaria bem.

― Alfonso estava a ponto de ir te buscar, irmão ― Ravi falou assim que me viu entrar na sala

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― Alfonso estava a ponto de ir te buscar, irmão ― Ravi falou assim que me viu entrar na sala. Escolhi uma das minhas roupas habituais, achei esquisito usar as que meu irmão havia escolhido para mim. Vesti meu habitual salwar kameez. As mangas longas cobriam todo o meu braço, o tecido azul da camisa longa contrastava com os detalhes em dourado ao redor do pescoço. Estava descalço para absorver o frio do chão pois, levando em conta a temperatura quente do dia todo e minha roupa pouco refrescante, poderia fritar a qualquer instante.

― Me empolguei no banho ― sentei no espaço vago do sofá ao lado de Sam que estava com Amisha no colo. Brinquei com os dedinhos de minha sobrinha que mantinha os enormes olhos escuros abertos. Alice entrou pouco depois com Henrique nos braços e Alana agarrada as suas pernas chupando o polegar. Era bem parecida com a mãe, os cabelos castanhos escuros estavam na altura do ombro. Sua boca estava no formato de biquinho por conta do dedo que chupava como se fosse a coisa mais gostosa da vida.

― Quem é a garotinha do papai? ― Alfonso perguntou abrindo os braços. Alana não precisou nem pensar para sair correndo e se jogar no abraço. Ele aninhou a menina acomodando-se rapidamente ao corpo do pai que estava deitado no chão.

Meu irmão me passou uma garrafa de cerveja que foi bem vinda nessa calor infernal. Dei um gole observando enquanto Alice sentava no chão ao lado do marido.

Era complexo dizer como me sentia em relação a ela. Depois de tudo que Alice sofreu, eu ficava feliz por saber que ela havia superado. O livro que escreveu Diário de uma viajante¹, fez com que eu me apaixonasse ainda mais por ela, por sua história, por sua superação. Mas não conseguia deixar de imaginar como estariam nossas vidas se ela tivesse me escolhido.

Tradicional Essência [Degustação]Where stories live. Discover now