0.6 | fight

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Rapidamente cheguei à mesa, pousando sobre ela a bandeja prateada.

- Hey, Carter! - um senhor com os seus 45 anos bateu no braço do meu pai, sem tirar os olhos de mim - Não nos disseste que tinhas contratado mais uma gatinha. - comentou com um sorriso nos lábios, enquanto pegava na sua bebida da bandeja.

O meu pai desviou a sua atenção do telemóvel. Riu-se para o homem, visivelmente alegre.

- É só a nova empregada aqui do bar.

Não pude evitar sentir-me magoada com as suas palavras, apesar de não esperar outra atitude. Por outro lado, senti-me aliviada pela minha identidade não ser revelada diretamente. Suspirei mentalmente e distribui o resto das bebidas.

Peguei no tabuleiro vazio e virei-me para me dirigir para o balcão. Nesse momento, uma mão agarra-me pelo pulso, impedindo-me de afastar. Segui o braço que me puxava e vi o homem que fizera o comentário anteriormente. Numa questão de segundos, tinha-me puxado para o meio das suas pernas e retirado a bandeja da minha mão, para me poder agarrar em ambos os pulsos. Senti o pânico instalar-se dentro de mim. Tentei soltar-me, instintivamente, mas era inútil perante a minha falta de força.

- Então bebé? Estas com pressa? - proferiu divertidamente, olhando para o meu rosto.

Senti-me enojada. A minha respiração estava ofegante e não conseguia que palavras saíssem dos meus lábios. Começou a distribuir beijos pela extensão do meu braço esquerdo enquanto eu me tentava soltar. Senti-o a rir-se contra a minha pele enquanto procurava pela Rafaela com o olhar. A conversa à volta da mesa parecia perfeitamente alheia à situação que decorria na ponta do mesmo sofá onde outras três pessoas estavam sentadas.

O homem puxou-me pelos meus ombros, imobilizando-me contra o seu corpo.

- Tem calma bebé, eu não mordo... só se quiseres - sussurrou no meu ouvido. O seu hálito de tabaco enjoava. Senti os meus olhos queimarem com o pânico e continuei a tentar soltar-me, sem sucesso. - Para de te tentar soltar, estou a tentar dar-te uns créditos extra - falou mais seriamente, como se sentisse realmente que me estava a prestar um favor.

Uma das suas mãos desceu pelo meu corpo até às minhas coxas e os seus lábios pararam sobre o meu ombro. Senti uma lágrima escorrer-me pelo rosto e continuei a tentar manter os nossos rostos afastados.

- Desculpe, mas vai ter de me acompanhar à saída se não largar a rapariga. - uma voz masculina interrompeu.

Senti os seus lábios descolarem do meu ombro, e o seu rosto virar-se para olhar para a figura alta à sua frente. Uma onda de alívio invadiu-me instantaneamente.

Sorri ao ver que era Eric, apesar de que com uma expressão não muito amigável no seu rosto.

O homem soltou o meu pulso e, numa fração de segundos, corri para os camarins. Permiti que os meus pulmões tentassem aspirar todo o oxigénio da sala. Segundos depois a Rafaela entra na sala, com uma expressão de pena.

- Oh meu deus, estás bem? Ele fez-te alguma coisa? - ajoelhou-se ao meu lado em espera de alguma resposta.

- Estou, não te preocupes, não aconteceu nada. - falei momentos mais tarde, já mais calma. - Foste tu que avisaste o Eric, não foste? 

Ela assentiu. Eu agradeci, sentindo-me confortada por saber que alguém sentiu a minha ausência. 

- De nada, gostava que fizessem o mesmo por mim. Só não o avisei mais cedo porque achei que o teu pai o ia parar.

Soltei um riso falso e revirei os olhos.
- O meu pai não quer saber de mim, ele reparou que eu estava com aquele homem, mas ignorou e continuou a ver o espetáculo. Acho que para ele tanto fazia se eu fosse violada à sua frente. - admiti honestamente, perante ela e mim própria. 

Strip Club | h.s. - hotWhere stories live. Discover now