O Passado do Young Blue 8

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Mas não me acertou, tão pouco acertou Amélia. Quando nós viramos para ver o que tinha acontecido, vimos que Diego tinha entrado na frente da bala. Amélia correu para acudir seu amigo baleado enquanto eu fui desarmar o general com um rápido golpe em sua mão, em seguida dei lhe um golpe que ele caiu desacordado no chão. Garbin deu um grito de ódio e junto com Mokó começaram uma luta corporal contra os soldados que ali estavam.

- Diego! Diego, meu amigo, vai fica tudo bem. - Amélia dizia com o corpo do português em seus braços, caído no chão tentando parar o sangramento com a própria mão.

- Sinto muito, capitã... dessa vez o tiro foi verdadeiro.

- Não diga isso, amigo, viva, por favor, não me deixe.

- Capitã, obrigado por me dar um motivo para continuar vivendo... por me dar uma nova família. Meus melhores momentos foram ao seu lado... tu se tornaste minha melhor amiga... e companheira.

- Você foi a melhor pessoa que conheci, o primeiro homem branco que não tive vontade de matar. Por isso não deve morrer agora.

- Sinto-me lisonjeado. Capitã, só quero que me prometa uma coisa... continue sendo essa mulher maravilhosa que és e... não se culpe tanto pelo erro dos outros. Lembre-se que tu és sim piedosa. Eu amo-te.

- Diego, por favor não morra, você tem que ser o padrinho de José Carlos, lembra? Quando voltarmos para casa. Não me deixe. Eu preciso de ti comigo.

- Tenho certeza que meu afilhado terá um outro padrinho excepcional. Só te peço mais uma coisa, capitã. Jogue meu corpo no mar, pois foi graças a ele que eu comecei a me tornar um homem feliz de novo. E não coloque Osvaldo como padrinho no meu lugar. - Ele fala com um sorriso fraco.

- Farei. Pode deixar comigo que eu farei tudo que me pede.

- Adeus, capitã. Adeus, senhor Gabriel.

- Adeus, meu amigo. Eu sempre o amarei e sempre lhe carregarei no meu coração. E quando eu me for irei procurá-lo. Sua mãe Fátima não seria capaz de nos separar.

- Ela é boa demais para isso.

- Adeus, companheiro. - Disse. Estava abaixado ao lado de Amélia. - Que sua alma suba em paz. Sentiremos sua falta.

O corpo do homem, dando seu último sorriso de despedida amoleceu-se e morreu. Pela primeira vez na vida vi Amélia chorar. Chorava e soluçava, abraçando o corpo de seu melhor amigo e fiel companheiro, uma fidelidade que lhe custou a vida.

Em qualquer outro momento, a primeira reação de Amy teria sido desarmar o homem antes de socorrer o amigo para não ter perigo algum de ser atingida, mas não daquela vez... por uma vez ela se expôs ao risco de ser gratuitamente baleada pelo simples fato de que seu sentimento pelo amigo era maior que tudo.

Sabia a dor que ela sentia em seu peito, eu senti a mesma quando Rony morreu. Perder aquele que você confia, o que sabe seus segredos mais profundos e que te entende no mais simples olhar.

Qualquer um que visse a amizade que os dois tinham, não hesitaria em dizer que era algo raro e bonito de se ver. Uma confiança que apareceu logo de cara, desde o princípio, até o final.

General Adelino, acordando de seu desmaio desembainhou a espada e pôs sobre o ombro de Amélia.

- Escapou da primeira vez índia, com esse idiota que pulou na frente, agora não me escapará.

Quando o general foi executar seu golpe final, Amélia impediu colocando a mão na frente e se cortando. Com a outra, a vi retirar seu punhal do tornozelo.

Amélia se levantou, segurando com força na lâmina da espada do general. O homem, surpreso com a reação apenas recuou alguns passos para trás até encostar no tronco da árvore morta.

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