O Passado do Young Blue 4

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- One minute. - Disse o capitão. - Eu o conheço. O senhor é o duque de uma cidade na colônia Brasil, Miquate, não é?

- Sou.

- My God, que ironia. A maior pirata que eu já vi, também é uma duquesa.

- Como me conhece? - Pergunta Gabriel.

- Sua cidade é algo notável. Uma das mais belas e mais bem comandadas, a Inglaterra tem acompanhado sua evolução e apreciado muito os resultados.

- Obrigado, capitão. Fico lisonjeado.

- É melhor partimos o mais rápido possível. Odeio ter que esperar. Vá na frente capitão. - Falei me levantando.

- Sim Lady, vamos.

Voltei a bordo do Young Blue de mãos dadas com Gabriel, acompanhada de Diego e Garbin. Avisamos a tripulação que seguiríamos o capitão. Em pouco tempo já estávamos navegando rumo a leste. Em nossa travessia, ao outro lado do atlântico, já na segunda semana, nos deparamos com uma terrível tempestade.

Não sabe o que era pior, o som ensurdecedor dos trovões que pareciam castigar o mar, e dar olá a criatura que tivesse mais ao fundo de suas águas ou se era o barulho do vento que já não era mais como um simples assovio e sim como um grito de desespero de almas que foram assassinadas no mar.

Estava difícil manter o controle do navio com toda aquela ventania e chuva. As ondas alcançavam tamanhos assustadores e se chocavam no navio com extrema violência.

A medida que o tempo passava, a tempestade ficava cada vez pior, com ondas muito mais altas e ventos mais fortes e assustadores. O barulho do vento era o mesmo que ter alguém gritando no pé de seu ouvido.

Clarões no céu, iluminavam mais que um dia de sol sem nuvens, e sempre seguidos de um terrível barulho. A ponte de proa a popa estava toda deserta, apenas alguns que ajudavam no controle das velas.

Pedi a Gabriel que ficasse com nossos filhos e nossas mães na cabine, Garbin e Diego estavam dando seu máximo para manter o navio de pé assim como eu tentava controla-lo do leme.

Tive que abrir mão de meu chapéu que saiu voando da minha cabeça e caiu direto no mar. A tempestade durou a noite toda. E quanto mais a noite ia passando pior a tempestade ficava.

Apenas no dia seguinte, os ventos começaram a parar, mesmo assim, as ondas ainda estavam muito fortes, porém, já não estava mais tão assustadora como antes, a chuva diminuiu um pouco e os raios, trovões e relâmpagos agora estavam com uma frequência muito menor.

- Capitã, no três nós corremos. - Diz Diego. - um, dois e... três!

Corremos da popa do navio, saímos escorregando metade do caminho, uma brincadeira que era lei entre nós. Escorregar pelo navio em dia de chuva.

- Diego!
- Capitã!

Gritamos ao perder o controle. Saímos deslizando rápido demais e não conseguimos controlar. Num abraço desesperado caímos escada a baixo até o convés. Garbin que observava a brincadeira de longe caiu na gargalhada. Acabou sentando no chão de tanto rir. Já Gabriel veio correndo ao meu encontro.

- Tu estás bem? Se machucou?

- Não se preocupe, eu estou bem. - Digo apertando a parte dolorida do braço. Ficou roxo na hora.

- Sabia que está brincadeira não ia acabar bem.

- Realmente, ela só acaba quando um de nós dois machucamos. - Diego comenta passando a mão na costela.

- Como é? E mesmo assim continuam brincando?

- Decerto. Essa brincadeira é muito boa, a intenção é justamente ver quanto tempo conseguimos ficar sem se machucar. Testa nosso equilíbrio.

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