O Passado do Young Blue 1

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    Voltamos para casa e eu fui tomar banho enquanto Gabriel levava sua mãe a cavalo na tribo, fiquei um bom tempo na banheira, não sei quanto. Só tive uma percepção do tempo quando ouvi que Matheus Gabriel estava chegando.

    Mesmo sabendo que já estava a tanto tempo na banheira, que a água já estava até mesmo fria, continue. Estava usando o momento para aliviar a mente. Matheus Gabriel entrou no cômodo.

    - Ainda está aqui? - Ele pergunta.

    - Perdi a noção do tempo, literalmente mergulhada nos meus pensamentos.

    - E no que esteve pensando?

    - Joaquim Laspierre, ele me pediu que matasse ele e a sua irmã, mas que antes eu a fizesse feliz por uma última vez.

    - Foi o que aconteceu, por que se incomoda?

    - Não me incomodo, ele sabia que pedindo ou não era isso que iria acontecer e mesmo assim ele pediu, e chorou quando viu que seu momento chegou.

    - Não vi ele chorar.

    - Homens não choram na frente de pessoas. Não é esse o lema de vocês?

    Ele sentou-se no degrau da banheira e não disse nada, ficou de costas para mim.

- Eu chorei... - Ouvi Gabriel murmurar, resolvi não tocar mais no assunto choro. Sei o quanto eles estava magoado comigo pelo que fiz.

    - Joaquim estava doente e arrependido de seus pecados. Então a pergunta é, foi um ato de boa ou má ação?

    - Quer minha opinião? – Ele disse. E virou o rosto em minha direção. – Foi o maior ato de caridade que eu já vi você fazer por quem não merecia um esforço do seu dedo mindinho. Por culpa deles tu paraste até mesmo de viajar, por culpa deles que eu só posso te ver aos finais de semana sendo que há vezes em que eu passo meses fora e ficou igual um louco para te  ver.

- Eu nunca lhe contei que esse era o real motivo, apenas Diego sabia.

- Suas atitudes são mais expressivas que as suas palavras.

    Ele virou de volta para frente e retirou o casaco, estava sendo insuportável ver ele se negar a me olhar daquela maneira. Eu encostei minha cabeça de volta na banheira, talvez ele tivesse razão, talvez.

    - As pessoas dizem que você é impiedosa. – Ele disse depois de um tempo. – Que mata sem nunca pensar na vítima, que cada um que já recebeu um tiro seu, a seus olhos não passa de um inseto. Mas só quem te conhece, só quem te conhece mesmo, sabe que não é assim.

    - Mas é assim que vejo minhas vítimas, como insetos. O que você quer dizer?

    - Quero dizer que a capitã do Young Blue é sim piedosa, ela é terrível, um demônio, mas tem dentro de si uma bondade que nem mesmo ela sabe que existe.

    Abracei ele, molhando toda sua roupa.

    - Você está me molhando. – Ele disse seco.

   Soltei ele, no entanto ele segurou meus braços e envolveu de volta em seu corpo.

    - Se for para você me molhar ao invés de tentar procurar a cura para um novo veneno que você decidiu tomar, eu até mesmo entro dentro dessa banheira com você.

    - Eu já disse que não vou mais fazer aquilo.

    - Quem me garante?

    - Eu te garanto. Por acaso eu já menti você para você?

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