Confronto Final 2/3

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- Você quase se matou!

- Mas estou viva.

- Por pouco, não é mesmo?

- Espere. - Disse intervindo. - Eu vi Marie atirando em você. Agora você diz que quase morreu envenenada. Explique isso.

- Para derrotar um inimigo é necessário antes estuda-los. Marie poderia querer usar minha arma para me matar, assim como eu usei as armas dela para lhe atingir quando estávamos na França, então eu disse a ela que estava sem bala. Quando eu a abracei, na verdade eu estava trocando a arma dela pela minha que estava carregada apenas de uma bala. Eu iria fazer com que ela usasse aquela única bala para atirar em outro lugar, mas você me poupou trabalho. Sendo assim, na arma tinha restado apenas pequenas agulhas que ao disparar estouraram os sacos de veneno. E a parte divertida disso é que o mecanismo para que ela soltasse agulhas foi eu mesmo que criei. Com o impacto das agulhas e o veneno entrando de imediato com o sangue eu senti que estava prestes a desmaiar então me ajoelhei para que o impacto no chão fosse menor.

- Você já parou para pensar no trauma que aquilo poderia trazer aos nossos filhos?

- Eles já sabiam. Eu contei a eles quando ninguém estava por perto. Assim eles saberiam que eu não iria morrer, mas por precaução pedi que eles não olhassem na hora. Marie poderia voltar a sanidade mental e mirar na minha cabeça, eu teria mirado na dela. Claro que essa parte eu não contei a eles. Aliás, não me olhe assim, eles são filhos de uma pirata ainda presenciarão inúmeras mortes.

- Por que você não me disse nada?

- Você nunca concordaria com essa ideia absurda e maluca que eu tive.

- De fato. Nunca concordaria. Sentir na pele o gosto de te perder, de te ver morrer porque algo não saiu como o planejado. Nunca mesmo que eu concordaria. Se você soubesse a raiva que estou sentindo por você ter feito uma coisa dessa comigo...

- Também te amo, meu marido.

Olhei para Amélia, travado por conta da maldita frase quase nunca dita e que sempre me pega de surpresa, que me olhava com o pior dos seus olhares. O que me fazia perdoa-la toda vez que eu estava irritado com ela.

- O importante é que você está bem. - Falei respirando fundo. - Todos nós estamos. Só não me faça uma dessa de novo.

- Nem posso. Jonatas enfiou tudo que eu tinha na minha boca, era só uma gota não o frasco inteiro. - Ela deu uma pausa, olhou para suas mãos trêmulas e continuou. - Gostaria muito de me levantar daqui, mas ainda há um pouco de veneno no meu corpo. Devo ficar aqui até que saía tudo.

- Vou tomar conta das crianças no quarto ao lado. - Falei.

- E eu vou dormir. - Jonatas disse - Depois de todas essas emoções eu mereço ao menos umas horas de sono.

Assim foi feito. Amélia passou horas dentro do quarto vomitando tudo que tentou comer e com febre. Meu Deus, minha mulher é louca. Espero que ela jamais repita isso novamente. De tudo que ela fez, dessa ideia maluca que teve, sabia que foi por amor.

Amélia

O abraço que eu dei em Gabriel, era algo como uma despedida, eu estava cheia de bolsas de veneno em mim. Pensei em contar para ele, mas sabia que ele me impediria. Quem em sã consciência se encheria de veneno? Ninguém, ao menos que isso fosse o único jeito de salvar a vida de seus filhos.

Deixei Naia e José Carlos avisados que eu iria fazer com que Marie atirasse em mim, mas que eu não iria morrer, apenas desmaiar, que eles não deviam se preocupar, porém que era melhor não olhar. Até porque o único motivo pela qual a batalha no mar poderia falhar seria se os ameaçassem.

Estrela NegraWhere stories live. Discover now