Capítulo 57: A Cidade Escondida.

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Um grupo de paramédicos atravessa a praça com passadas aceleradas.  Os músculos em seus braços estão tensionados, pois o peso da maca que transportam é demasiado. Sobre a maca, inconsciente, reside a forasteira meio humana, meio máquina, capturada além da redoma.

Os paramédicos evitam olhar para o corpo cibernético, muito parecido com aqueles que no passado trouxeram opressão para Delta, porém suas mentes estão inquietas, indagando quem ela realmente é. Alguns a consideram uma guerreira granitense de um novo tipo, enviada para destruí-los. Para outros, ela pode ser alguém das cidades de metal e concreto do outro lado da Terra Maldita, pois lá, ouviram dizer, é comum as pessoas trocarem carne e ossos por membros cibernéticos, afim de obterem vantagens. Contudo, todos eles concordam que ela é perigosa e que devem se livrar dela o mais rápido possível.

A medida em que se aproxima do hospital, o grupo é flanqueado por multidões curiosas, que ao reconhecerem as partes de metal no corpo da ciborgue, explodem em reações de protesto. Porém, os cidadãos exaltados não ousam se aproximar, pois guerreiros de alta patente estão escoltando os paramédicos.

Na entrada do hospital, uma tropa de enfermeiros supervisionados por um médico de idade avançada recebe a comitiva. Aliviados, os paramédicos movem a ciborgue para uma cama motorizada, vigiados de perto pelo médico, e então afastam-se, aguardando que sejam liberados.

- Os batimentos, vamos, verifiquem os batimentos - ordena o médico.

Após fixarem a paciente-prisioneira na cama, uma enfermeira aponta um aparelho em forma de pistola para Amanda. Na parte de trás do dispositivo, um largo visor de cristal líquido exibe os dados coletados em tempo real.

- Ela está muita fraca, mas ainda vive, doutor.

O velho sinaliza para os paramédicos, dispensando-os, em seguida, acena para sua equipe,  que prontamente obedece. A cama motorizada começa a se mover ladeada pelos enfermeiros e por alguns guerreiros, os restantes, tomam posição na entrada do hospital encarando a multidão inquieta que acumula-se na rua.

Blips ecoam pela sala penumbrosa. Isolados em uma cabine de vidro, operadores em jalecos azuis manipulam controles que movem grandes braços mecânicos localizados no centro da sala. Os braços giram no ar orbitando o corpo de Amanda, deitado em ângulo obtuso sobre uma superfície metálica articulada, seus pés e mãos estão presos por travas magnéticas . Ao redor dela, homens e mulheres vestidos com jalecos brancos tomam notas e examinam os implantes cibernéticos expostos, enquanto um técnico aplica elétrodos e sensores ao logo do corpo  

Quando o último elétrodo é posicionando, um alerta sonoro é disparado e, em resposta, a equipe sai da sala, restartando apenas os dois operadores na cabine de vidro.

- O diagnóstico está pronto para a execução - diz um homem.

- É, acho que podemos rodar. Vai ser melhor a gente se antecipar, assim teremos o resultado antes dos figurões chegarem - responde uma mulher.

- Figurões? Achei que só o Anteros viria. Os brutamontes dele estão aí fora montando guarda já tem tempo.

-  Desnecessário. 

- O quê?

- Esse monte de soldados. Ela não me parece uma ameaça - a mulher aponta para Amanda.

- Martha! Como não? Você viu os implantes? São diferentes de tudo que já encontramos, certamente são perigosos!

- Olhe bem pra ela, homem! Está quase morta e já sabemos que não é de Nova Esperança. E esses implantes na realidade são bem... bem fascinantes!

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