Capítulo 16

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Com uma certa dificuldade, Chaeyoung começa a abrir seus olhos vagarosamente. Tenta se mexer, mas percebeu estar amarrada pelos pés e pelas mãos em uma cadeira. Estava aparentemente sozinha em um galpão, que parecia ser enorme e bem espaçoso, ou talvez fosse apenas impressão pela falta de móveis.

-Você acordou. -diz Eunji entrando por uma outra porta que Chaeyoung nem havia reparado que estava lá.

Não conseguia olhar na cara daquele traidor. Se conheciam desde quando ela entrou no exército e sempre se deram tão bem. Queria entender em que ponto aquele Eunji que ela conhecera havia se tornado um criminoso.

-Eunji que merda é essa? -questiona ainda se sentindo um pouco fraca, mas sua irritação não passou despercebida.

-Calma, você já vai entender tudo. -responde simplesmente.

Bufa de raiva movendo seu pulso numa tentativa em vão de se soltar daquela corda.

[...]

Jennie e o restante dos soldados estavam na floresta revirando cada canto daquele lugar em busca de Akio e Chaeyoung.

Tinham se dividido para cobrir mais terreno, mas parecia não ter adiantado muito. Estavam há horas percorrendo aquele matagal e nada.

-Capitã, acho que tem alguma coisa ali. -sussurra Jongdae, que havia visto um movimento atrás de uma árvore.

Jennie faz um sinal para que silenciosamente cerquem aquele árvore, o que prontamente seus soldados obedecem. Começa a se aproximar com sua mão direita colada em sua glock 9mm, pronta para tirá-la de seu coldre imediatamente a qualquer sinal de perigo.

-Akio? -vê o garoto encolhido debaixo daquela árvore completamente aterrorizado.

Se aproxima ajoelhando-se ao seu lado. O pequeno a abraça imediatamente assim que a reconhece.

-Calma... Tá tudo bem agora. -abraça-o forte acariciando seus cabelos. -Podem abaixar as armas. -ordena. -Akio, eu sei que você está muito assustado agora, mas eu preciso te perguntar... Onde está a primeira-tenente? -Akio apenas balança a cabeça negativamente. -Não sabe? -o pequeno nega novamente. -Ok. Joohyun leve o garoto para a base e cuide dele. -se aproxima da soldado e fala em seu tom mais baixo, apenas para que ela ouvisse. -E se ele se lembrar de alguma coisa me comunique imediatamente. -Joohyun bate continência e sai com Akio. -O resto de vocês venham comigo. Vamos revirar tudo isso aqui até encontrarmos a primeira-tenente.

[...]

Jisoo estava estranhando aquela movimentação toda na base. Durante o tempo que esteve ali nunca tinha visto os soldados daquele jeito correndo de um lado para o outro, jeeps entrando e saindo... Começa a ficar preocupada se perguntando se tinha acontecido algo com Jennie.

-Aonde será que eles vão com tanta pressa? -pergunta Lisa ao se aproximar.

-Não faço ideia, mas coisa boa não deve ser... -diz deixando transparecer sua preocupação. -Espero que Jennie esteja bem. -olha para o céu como se estivesse fazendo um pedido.

-Espero que Chaeyoung esteja bem... -diz Lisa.

-Posso te confessar uma coisa? -se vira para Lisa e a tailandesa assente. -Não conta pra Jennie, mas eu odeio o trabalho dela. -força uma risada. -Sempre que nos despedimos fico imaginando que pode ser a última vez que vou vê-la. E eu odeio isso. -suspira desanimada. Lisa acaricia suas costas tentando confortá-la. -Mas também não posso pedir para ela parar, porque eu sei o quanto ela ama o que faz e não seria feliz sabendo que ela desistiu de algo que ama por minha causa.

Lisa fica em silêncio absorvendo tudo que a coreana havia acabado de lhe dizer.

-Mas não quero te assustar não viu. -diz Jisoo amenizando o clima tenso.

-Não assustou. -Lisa ri. -Quer dizer que eu vou ficar assim com Chaeyoung também?

-Provavelmente. -responde e as duas riem.

[...]

Mesmo já se passado vários minutos desde que Eunji havia ido embora, Chaeyoung continuava se mexendo incansavelmente naquela cadeira de madeira bem velha, tão velha que era provável que se desse um chute se partisse ao meio. E não pretendia parar até que conseguisse se soltar. Foi se movimentando até que a cadeira caiu, sentiu sua cabeça girar na hora, tinha batido com muita força no chão.

Um homem entra pela porta correndo. Por um momento pensou que estivesse delirando.

-Não é possível... -diz Chaeyoung em um fio de voz que quase não saiu. -Pai? -sente uma lágrima começando descer pelo seu rosto.

Ele estava bem diferente desde a última vez em que haviam se visto. Os cabelos antes completamente pretos agora foram substituídos por alguns fios grisalhos. E também parecia um pouco mais baixo... Ou será que era ela quem havia crescido?

-Você tem que sair daqui agora! -diz Mason Park desamarrando as mãos e os pés da filha e ajudando-a a se levantar. -Consegue andar? -pergunta e Chaeyoung assente. -Ótimo, agora vai! -diz praticamente empurrando-a pela porta. -Corre para o mais longe possível daqui.

-Mas e você? -pergunta preocupada.

-Não se preocupe comigo filha, eu vou ficar bem. -diz segurando seu rosto com as duas mãos. Vai... -a primeira-tenente exita um pouco mas acaba indo embora. -Eu te amo. -diz Mason uma última vez, mas Chaeyoung já estava um pouco longe e provavelmente não havia escutado.

Chaeyoung nunca havia corrido tanto em sua vida. Assim que saiu do galpão foi em direção ao bosque e de lá tentaria voltar para base.

[...]

Já é bem tarde quando Jennie e o restante dos soldados retornam à base. Jennie não conseguia esconder sua frustração. Tinha dito a si mesma que só retornaria com sua melhor amiga, mas infelizmente não foi possível.

-Amor! -Jisoo corre até ela abraçando-a bem apertado.

-Cadê a Chaeyoung? -pergunta Lisa que estava vindo logo atrás de Jisoo.

-Vem, vamos conversar na minha sala. -diz Jennie que havia respirado bem fundo antes de responder aquela pergunta.

Pega Jisoo pela mão e com a tailandesa ao lado delas caminham juntas até o escritório da capitã.

BATTLEFIELD - CHAELISA Where stories live. Discover now