Capítulo III

770 98 10
                                    

Harry estava preso em seu armário e estava morrendo de fome. Tudo o que Harry desejava era ter um relógio para poder ver o horário. Harry vez ou outra se pegava pensando na morte dos seus pais e na cicatriz em sua testa. Seus tios lhe falaram pouquíssimas vezes que seus pais morreram em um acidente de carro e que essa cicatriz em sua testa havia sido por conta do acidente. O problema é que nada disso era o que Harry lembrava. Harry lembrava de uma luz verde, gritos e uma sensação de queimar em sua testa. Pode ter sido mesmo um sonho que acabou mexendo com a sua mente, mas algo não estava se encaixando. Harry sonhava com um homem que lhe buscava, mas a única família que lhe restava eram os Dursley. Pobre Harry Potter. Passaram-se os dias e tudo parecia estar pior. Seus tios o olhavam com olhar de desprezo e o maltratavam mais ainda e Duda estava mais violento. As aulas acabaram, mas Harry ainda sofria com os amigos de Duda, que visitavam frequentemente a casa dos Dursley e amavam o esporte Pega Harry Potter. Para evitar ser pego, Harry sempre buscava estar fora de casa, andava pelos cantos das ruas enquanto pensava e tinha a esperança de que tudo isso iria acabar. Quando chegasse setembro, Harry iria para uma escola secundária e não parava de pensar nisso, e enquanto Duda ia para a escola de Smeltings junto com o seu melhor amigo Pedro, o mesmo cara de rato. Certo dia, Tia Petúnia saiu com Duda para Londres e foram comprar o uniforme e os materiais da escola nova enquanto Harry ficava com a Senhora Figg, que estava se recuperando do acidente com os gatos em que fraturou a perna. Na mesma noite estava Duda desfilando pela sala com o seu uniforme da Smeltings: Casaca marrom-avermelhado, calças de cor laranja, chapéu de palha e uma bengala nodosa, que usavam para bater uns nos outros quando os professores não estavam prestando atenção. Petúnia caia aos prantos olhando o seu Dudinha naquele uniforme e Walter orgulhoso falava com a boca cheia que aquele era o melhor e maior momento de sua vida. Harry só sabia rir, pois imaginava duas de suas costelas quebradas só por falar o que pensava. No dia seguinte, acordou com um cheiro estranho pela casa e vinha da cozinha. Ao chegar lá observou que parecia vir de uma grande tina de metal que estava na pia e perguntou a sua tia:

- O que é isto?

- O seu uniforme novo de escola.

- Eu... Não sabia que tinha que ser tão molhado.

- Não seja idiota. - Falou Petúnia com a maior ignorância. - Eu estou tingindo algumas roupas velhas de Duda para você. Vão ficar iguais aos dos outros quando eu terminar.

Duda e Walter chegaram na cozinha de nariz franzido por conta do cheiro. Certo momento notaram que as cartas haviam sido depositadas pela a abertura do correio.

- Duda, vai pegar as cartas. - Ordenou Walter.

- Eu não. Manda o Harry. - Disse ele concentrado no programa de televisão dele.

- Harry, vai pegar as cartas.

Harry foi pegar as cartas em silêncio e, por algum motivo, começou a procurar algo pelas cartas. Passando cada carta com cuidado e analisando quem era o destinatário, e logo notou que uma das cartas era para ele. Ele andou com todo o cuidado para não tropeçar e estava tentando adivinhar quem seria a pessoa que mandara uma carta para ele. Ninguém mais o conhecia além dos Dursley e os meninos da escola que lhe faziam bullying. Ao olhar para a carta estava escrito:

Sr. H. Potter

O armário sob a escada

Rua dos Alfeneiros 4

Little Whinging

Surrey

Ao entrar na cozinha com as cartas em mão após ouvir o seu tio gritar o seu nome pedindo para adiantar com as cartas, Duda notou que ele estava com uma carta na mão e gritou:

- PAI, OLHA. ELE RECEBEU UMA CARTA!

No mesmo instante Petúnia e Walter olharam Harry com os olhos esbugalhados.

- Me dê esta carta. - Falou estendendo a mão.

- Qual é o problema em eu ter uma carta? Eu nunca ganhei uma carta.

- Ora, essa. Quem mais iria querer escrever para você? - Perguntou Duda.

- Esta pessoa que escreveu essa carta, mas Tio Walter não me deixa ler.

- E continuo querendo a carta. Me dê ela aqui agora.

Walter e Duda correram atrás de Harry. Duda subiu em cima de Harry fazendo com que o seu pai pudesse pegar a carta com facilidade. Duda logo saiu de cima de Harry e foi tomar o seu café da manhã. Harry não parava de pensar na carta que recebera e se quer sabia o que tinha lá dentro. Quem mais mandaria uma carta para ele? Ainda por cima com toda aquela formalidade. Letras em verde esmeralda, papel de pergaminho amarelado, sem selo e com um lacre de cera cor púrpura com uma letra H em destaque. O dia chegou enquanto o pequeno Harry deitava em sua cama e dormia. Demorou bastante para ele cair no sono. Logo quando acordou ouviu outro barulho vindo da porta. Era mais uma carta, que seu tio fez questão de pegar e guardar no bolso. Outro dia? Outra carta! Mais um dia, mais cartas. No outro dia, Harry foi surpreendido porque quanto mais os dias se passavam, as cartas passavam a aumentar o volume, até que o seu tio decidiu mudar ele de cômodo. Duda tinha dois quartos, um de brinquedos e outro em que ele se aposentava. Duda indignado reclamou o dia inteiro por ter que dar o quarto para Harry ao invés de deixar o seus brinquedos lá. Harry nunca tivera um quarto. Ele estava tão feliz por poder deitar no chão do quarto e olhar pela janela e aproveitar a brisa que por lá passava. Ele dormiu esta noite quase bem, mas ainda pensativo sobre as cartas. No dia seguinte, ele tentou acordar cedo para que pudesse tomar todo o cuidado devido para que ninguém pudesse pegar as suas cartas. Tudo estava indo bem até que ao voltar para o quarto, levou um susto com um barulho. Ele pisou em um patinho de borracha e logo ouviu a voz do seu tio vindo do seu lado.

- Acho que isto me pertence.

Ele sem expressão algum lhe deu as cartas e voltou para o seu quarto. Ele sabia que já estava de castigo. Mais tarde no mesmo dia, ele observou que seu tio colocava pedaços de madeira por todas as frechas possíveis da casa em que dava para se passar um pedaço de papel. No dia seguinte Walter não iria trabalhar. Era domingo. Então ele estaria em casa para acompanhar tudo o que se passava.

- Ah! Eu adoro os domingos. Sabe por quê? Não há carteiros. Ou seja. Não há cartas. Sem carteiros? Sem cartas. Sem cartas? Sem carteiros? Isso não é engraçado?

Ele falava rindo das suas próprias falas, que eram sem graça e insuportáveis. Logo depois de um tempo, sentiram algo tremer. Um leve tremor pelo chão. Logo notaram pelas janelas que várias corujas estavam rodeando e pousando pelo muro da casa. Ao ver a última coruja pousar, caiu uma carta pela lareira. Todos nos olhamos e logo em seguida caíram outras duas cartas, e logo três e depois quarto. Ao levantar da sua poltrona e ir em direção a lareira, Walter pegou as cartas e virou para a frente de todos e ao abrir a boca caiu no chão ao ver o tanto de cartas que haviam espalhadas pela casa. Haviam cartas caindo de tudo quanto era lugar e Harry pulava alegre tentando pegar uma carta em sua mão. Ao pegar, ele correu para as escadas e foi pego pelo seu tio. Era noite e Harry estava sem as cartas, pois o seu tio guardou todas em sacos de lixo e as queimou em um local isolado e distante. Decidiu de última hora viajar. Arrumaram as malas e foram todos calados até outra cidade, hora ou outra Walter dava voltas pela estrada.

- Para confundir eles. Para confundir. - Fala isso sorrindo e neurótico.

Era notório que Petúnia tentou falar algo, mas desistiu.

Drarry: A Pedra Filosofal (Livro 1)Where stories live. Discover now