XXVII - O lobo te enxerga melhor, te ouve melhor e te come melhor.

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LUCE

Depois que Aron se retira e assisto o carro sair de minha visão, cálculo as coisas que aconteceram, definindo que rumo teria que tomar.

–Certo, certo, certo. – Suspiro. Eu gostava de Aron, realmente gostava de uma forma estranha e bastante complexa. Não fazia sentido, dizia a mim mesma, já que o conhecerá a o quê? Um mês e meio? Assustava-me a intensidade de meus sentimentos por ele, assim como me assustava a forma que Aron reagia e suas demonstrações de força passavam de algo consideravelmente normal. Estava em dúvida se era forte suficiente como ele havia dito que era. Meus sentidos eram tão ruins que não sabia se agora mesmo, estava alguém me observando, espreitando-se na floresta. Gostava de ficar sozinha, na companhia de meus livros, porém, não hoje. Não agora, depois de tudo que vi. Esperaria o tempo que for no aeroporto, mas não ficaria nem mais um segundo sozinha.

O vai e vem das pessoas dentro e fora do aeroporto, transmitia segurança de que se algo acontecesse tudo estaria em público. Ver as pessoas agindo normalmente, comendo e olhando de cinco a cinco minutos o relógio, me lembrou de como as coisas eram normais quando eu não tinha consciência deste mundo em que Aron vivia. Mas ao pensar nisto, lembrei de que se havia pessoas como Aron, o que mais poderia ter? Alguém aqui dentro poderia ser muito bem como ele. Sacudo a cabeça em negação. Estava ficando obcecada por estas coisas.

–Okay, okay. – Paro, respirando com força. Não deveriam ter muita gente assim, correto? Senão, alguém da Swat, CIA ou NASA já teria descoberto, não é? Eles vivem procurando por algo do tipo, então não é de se ter certa quantidade deste tipo de população.

"Você está bem?" A mensagem de Aron faz meu telefone vibrar em minhas mãos.

A pergunta me surpreende.

"Estou. Por quê?"

"Sinto sua frustração e confusão, por isto que estou perguntando. O que se passa?"

Oh, não conseguiria me adaptar tão cedo a este negócio de "sentir o que você sente". Aliais, Aron havia me dito que sentiria suas emoções quando aprendesse a diferenciar as minha das dele , mas ainda não me vinha nada.

"Não é nada. Só estou pensando." Respondo. Meus dedos tiquetaqueiam na traseira do celular, nas espera de sua resposta.

"É só isso? Tem certeza?"

"É... É só isto. Não precisa se preocupar. Estou no aeroporto, cercada por pessoas, é bem improvável que alguma coisa aconteça."

"Sempre é bom tomar precaução. Tome cuidado".

"Claro. Você também é melhor se cuidar...".

"Eu estou bem, se você estiver bem. Não se esqueça disto".

Mesmo que eu fosse respondê-lo, eu paro no mesmo instante, quando a voz certamente meio que robotizada, de fala mansa e de linguagem perfeita, anuncia que o voo no qual meu pai estava, está para pousar. Coloco o celular no bolso traseiro da calça jeans, enquanto caminho em direção ao portão de desembarque. Espero ansiosamente por ele, ficando várias vezes nas pontas dos pés para ver se conseguia enxergá-lo. Roger não tivera levado muita bagagem, mas estas coisas sempre demoravam. Ao meu redor, algumas pessoas também esperam por seus entes queridos ou amigos. Por fim, vejo-o pelo vidro transparente em rumo à saída, seus olhos vagueiam por todo local a minha procura, até que finalmente me acha. Um sorriso enorme brotou em seu rosto e não havia como negar a correspondê-lo, sorri para ele. Roger caminha em minha direção, já abrindo os braços para o abraço.

Lobos não ChoramOnde as histórias ganham vida. Descobre agora