XIX - Xadrez é uma ótima explicação.

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ARON

Respiro fundo, sentindo o olhar dela sobre mim. Semicerrou os olhos e anda propositalmente devagar.

– O que quer dizer? – Pergunta.

–Antes de começar, lembre-se que o que está feito, está feito. Eu não vai se desfazer. - Um momento de silêncio, enquanto ela para, para analisar minhas palavras. Desta vez, nenhum sentimento é enviado. Mas consigo ver com clareza a confusão em seus olhos.

Não sei nem por onde começar a falar. Havia tantas coisas e isso me desesperava. Sento-me no tapete peludo de frente a lareira, dando a liberdade a ela de escolher entre ir ou ficar. Em minha opinião, nada que é forçado é bom. Então deixaria tomar seu tempo para que escolhesse o que iria fazer. Para minha alegria, ela se senta ao meu lado. Encolhe-se, abraçando as pernas e cruzando suas mãos em seus joelhos, em seguida, repousa a cabeça em seus joelhos e fita-me.

–Estou ouvindo.

Tento achar alguma brecha dentro dela, para saber o que se passava em sua mente, porém, não achava nenhuma e nem mesmo conseguia captar emoções que ela transmitia. Significava que estava tentando manter o controle das mesmas. Não se permitindo se alterar.

–Por onde devo começar...

–Que tal no quesito "companheira". – Ironiza e faz uma careta. – Acho que paramos nesta parte. Pode me explicar o porquê de ter me escolhido?

– Eu não escolhi. Quero dizer, escolhi, só que não propositalmente. É por que você é tudo o que falta em minha. É o que me completa.

–Você poderia ter evitado?

–Depende. – Dou de ombros. – Evitado de escolher você... Isso não é possível, pelo simples motivo que você foi feita para mim. Porém, eu poderia ter tentado ignorá-la. Algo que eu duvido muito que tivesse conseguido.

–Bom... E o que isto tem significado para mim? O que quero dizer é... O que acontece agora?

Demoro um pouco, escolhendo as palavras certas.

–Pense agora em mim, como seu escudo. – Digo.

–Como assim?

–Eu já disse. A partir de agora, pense em mim como seu escudo. Alguém que vai tentar protegê-la de tudo, por que a maioria das coisas que você sente é passado a mim.

–Explique-me. – Luce olha pelo canto do olho, sua voz já se altera um pouco.

–Esse é outro ponto, mas necessito que fique calma. – Peço. Acho que talvez não fosse para eu ter falado isto, pois ela já começa a me fitar mais seriamente. -Hum...- Tento arranjar força para a bomba que viria. – Se lembra de algo durante a noite? – Suas maçãs do rosto tomam um avermelhado. – Eu... Hã... Mordi-lhe.

Rapidamente sua mão vai para o lado esquerdo de seu pescoço. O choque atravessa seu rosto.

–Oh, meu Deus, você me transformou!

–O quê!? Não! Não! Você entendeu tudo errado, Luce. –Digo tão rápido como um respirar. – Não dá para você ser transformada, você tem que nascer com o gene e não ser transformada, igual a um filme. Fique tranquila.

–Então por que me mordeu?- Pergunta. Quando não respondo nada, novamente um ar de surpresa é solto por ela. – Não me diga que é sadomasoquista?

Lobos não ChoramWhere stories live. Discover now