XXIV - O lobo muda de pele, mas não muda a alma.

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LUCE

Me desperto no horário consideravelmente cedo para um domingo, sem a ajuda do despertador. Não havia sequer dormido direito, não pelos pesadelos que sempre me atormentam, mas, porque toda vez que fechava os olhos, vinham imagens, frases de minha conversa com Aron e o rosto de Ethan. Literalmente eu não havia dormido. Estava com olheiras e meu cabelo não cooperava, além de que estava visivelmente abatida. Sabia que logo Aron ou Megan bateriam em minha porta, mesmo que não tivéssemos nada para fazer, estavam muito empolgados e dês de ontem planejavam fazer algo hoje. Meu pai voltaria à noite, às 19h00min para ser mais exata, então teria que estar no mínimo as 17h00min no aeroporto, o que me dava tempo para fazer o que tinha planejado. Fito o copo de suco vazio. São 08h00min da manhã, alguém já deveria estar de pé, correto? E mesmo que não estivesse, eu esperaria o tempo que for. Com este pensamento, pego as chaves do carro e parto para quem necessitava perguntar.

Por todo o percurso que passo, reconheço algumas coisas que indicavam que eu estava no caminho certo. Por fim, cheguei aonde queria chegar. A grama amarelada pela campina, ao fundo uma das partes da floresta deste lugar. As casas de madeira, cômodas e rústicas e ainda mais ao fundo, quase chegando perto da floresta, à mansão amadeirada que Ethan dissera que seria a escola deste lugar. Respiro fundo, tomando coragem. Minhas mãos estão tremendo, como se eu tivesse mal de Parkinson enquanto eu abro a porta do carro. O vento gélido bate em meu rosto, fazendo meus olhos arderem por isto. Talvez não fosse para eu estar aqui, era melhor voltar, deixar isso para lá, porém, toda vez que penso em desistir, aquela vozinha do meu lado mal diz para eu continuar ou simplesmente era por que me lembrava das palavras de Ethan.

Nada estava em vista. As pessoas deviam estar dormindo, aproveitando o fim de semana para acordar mais tarde e eu aqui, a espera. Sento-me no capô do carro e encolho-me aquecendo-me contra o vento. Meus cabelos balançam rebeldemente e mesmo que estivesse esfriando, eu estava com as mãos suando. O nervosismo me dava refluxo, fazendo com que sentisse o gosto do suco de laranja em minha boca novamente. O tempo passa e eu vejo dar uma hora, depois duas e eu continuava ali. Por fim, começo a ouvir vozes, pessoas. Dois garotos passam por minha frente, murmuram algo entre si, mas não param de andar.Eram bonitos, como todas as pessoas deste lugar. Os dois tinham cabelos claros, loiros, só que um era um pouco mais escuro que o outro. Tinham quase o mesmo tamanho, só que o garoto de cabelo loireado mais escuro, era um pouco mais alto do que o outro. O mesmo, continha olhos castanhos, enquanto o outro tinha os olhos negros. Crianças começam a sair de suas casas, unindo-se para brincar. Ao todo contei treze crianças, mas nada de Carolyn ou Lilyan.

–Luce? Seu nome é Luce, correto? – A voz soprana e lírica aproximasse junto ao corpo. Mileena...

Desta vez seus cabelos estavam soltos e caiam por seus ombros. Aquele ruivo natural. Usava uma calça jeans, sua bata era florida e rosada e por cima dela havia um casaco.

–Oi... Mileena.- Respondo, acenando.

–Hey! O que faz aqui? – A pergunta me parecia inocente, mas algo me dizia que não era assim.

–Hã, estou esperando por Ethan. Necessito falar com ele. – Digo. Ela analisa-me e um sorriso brota em seu rosto.

–Eu estava indo vê-lo, quer que eu o chame para você? – Sugere.

–Poderia fazê-lo? Estou com vergonha de ir até lá e acordá-lo.

O vento se rebela, bate contra minhas costas e indo em direção a Mileena. De repente o seu semblante muda. O sorriso cede e ela começa ficar mais séria. Franzi o cenho, antes de se virar.

Lobos não ChoramWhere stories live. Discover now