6. CONTRASTE

Depuis le début
                                    

- Realmente irei precisar, eu não irei comentar sobre. Irei falar que vou em um encontro com um cara que conheci. - Pensei nessa mentira para dizer a Debbie, e me pareceu cabível.

Fleury cedeu, e assentiu com a cabeça na minha frente, virada de costas e fumando como uma chaminé.
- Tanto faz, começa às nove. Não me envergonhe ou amanhã não ouse voltar para meu estúdio.

Certo, preciso pensar bem. Tenho que comprar um vestido no qual eu não sei onde achar e não tenho dinheiro suficiente para isso, não posso fazer nada de errado esta noite ou irei ser cortada do programa e não posso ousar contar aos outros sobre esse convite a um espetáculo, uma coisa tão simplória. Não vejo o porque.

Passei o resto do dia passando tudo novamente com todos e mais uma vez tive que ensaiar a coreografia junto com as outras bailarinas estava fazendo um bom trabalho coordenado, as danças eram básicas até agora, eu tinha que percorrer em uma linha oval junto com as outras até formamos um meio círculo. Depois de ver Charles e Debbie fazendo Romeu e Julieta eu me percebi que ele não olhava para Debbie, fazia a cena tão perto mas tão longe dela. Com um olhar vazio. Mas ele também não me olhou nenhuma vez, tirei a conclusão de que Charles Hendeston não queria nada comigo e de que eu era uma completa imbecil que havia forçado demais em nossa conversa hoje cedo e que eu era irrelevante para sua vida.
Quando acabamos fui até o vestiário e me coloquei debaixo da água quente do chuveiro por um tempo, e Amy me emprestou uma toalha extra que ela sempre tinha no armário, agradeci a Amy mentalmente por isso. E vesti minha muda de roupa que já estava no meu armário - mas é claro que minha boa cabeça não podia se lembrar de trazer uma toalha aonde se enroscar - e vesti um suéter sem graça, e uma toca para meus cabelos molhados.
Eles caiam pesados em meu ombro e eu senti o frio da temperatura gélida do vestiário cercado de linóleos.
- Debbie? - Perguntei quando ela terminava de amarrar seu all star e puxava os cabelos avermelhados em um rabo de cavalo.
- Sim?
- Quer fazer compras comigo hoje? - Eu disse tentando parecer normal e indiferente.
Ela me encarou, desacreditada como se eu fosse a pessoa mais anti-consumismo do mundo.
- Achei que você fosse esse tipo de garota que não vai às compras.
- Eu gosto muito. - Eu menti, eu odiava mesmo comprar roupa.
Ela não pareceu acreditar e eu tive que acrescentar:
- É para um encontro. - Menti, e assim ela pareceu acreditar mesmo que fosse verdade.
- Com quem? - Ela pareceu entusiasmada.
- Ah, um cara... ele é escritor. - Menti.
- Eu conheço?
- Não. - Menti, pelo cara que não existia. - Não é famoso, enfim... Pode me ajudar ou não? Não conheço nada nesta cidade.
- Claro.
Ela deu de ombros e pôs se de pé
Tentei amenizar para não deixar ela chateada.
- E é claro que você tem cara de ter bom gosto, e é de gala.
- Um escritor? Vai te levar em um encontro que precisa de vestido de gala? - Ela pareceu surpresa. - Se ele for rico, eu corto sua cabeça por não me mostrar ele antes.

Eu sorri, mas na verdade quando ela deu as costas eu fiz uma careta desconfortável, eu realmente não sabia mentir e ela acreditava.
Saímos dali e fomos ao ponto de ônibus enquanto me aninhei ao lado de Debbie no banco de ferro feito uma cabine, nos encolhendo da fina chuva que caía ali, meus pés não pararam quietos, estava ansiosa demais e me peguei roendo unha e quando percebi logo enfiei as mãos dentro do suéter e deixei que Debbie ficasse reclamando de algumas coisas que aconteceu com ela, e a conversa com ela praticamente passou de dança para sexo em um único segundo. Quando dispersa da conversa voltei a superfície, por causa dela ter enfatizado o verbo transei, fui obrigada a arregalar os olhos mas ela nem se deu o trabalho de abaixar a voz, mesmo que tinha mais pessoas naquela cabine apertadas e entediadas - ouvindo a conversa - e eu tive que murmurar algumas notas às vezes mas na maioria estava preocupada demais pensando no que aconteceria hoje a noite.
Escolhemos o vestido quando chegamos lá, na verdade nós não, só Debbie. Ela apontou quando bateu os olhos no vermelho.
- Ele ficaria ótimo.
- Acho melhor um cobalto... - Eu disse baixinho.
- Não; não vai. - Ela já estava decidida.

A Colina VermelhaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant