1. DECLÍNIO

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O sol que brilhava pelas janelas do ônibus do England Express fez com que eu me sentisse mais enojada do que estava de verdade só de olhar a paisagem que passava correndo por mim, minhas mãos juntas apertadas em um desajeitado aperto entre ambas, a sensação de ter acabado os anos que me dediquei a universidade era libertador mas a sensação de liberdade vinha como um tapa de luva no rosto para mim, pois nunca estive realmente livre. Eu poderia afirmar que me sentia péssima, a liberdade provocou isso em mim, esse sentimento novo; medo. Era tão estranho querer voltar atrás quando eu ainda estava a essa hora na cama do dormitório ouvindo minha indesejada inquilina roncar na cama abaixo de mim mesma, ouvir os passos de longe e agitados na calçada bem formulada de pedras que levava ao campus, e por ironia meu dormitório era de vista a essa ferramenta de tortura que muita das vezes me acordava na cama, e eu me revirava toda até achar um pensamento que me mantinha fixa - e com uma felicidade momentânea - até a hora em que o despertador de minha colega tocasse no criado mudo ao lado da cama debaixo do beliche aonde ela tanto brigou para ter.

Mas agora era diferente, a sensação não era de mal humor matutino, mas sim era de nostalgia por poder sentir esse sentimento tão adorado por mim. O problema de fato, era a visão de liberdade em mim, o que fazer a seguinte? Qual passo dar? Mas as respostas vinham em minha cabeça trombando umas nas outras; alugar um apartamento que eu achei em um site dias antes, dormir e no próximo dia me registrar.

Quando o ônibus parou me fazendo desatar os "nós" de minhas mãos entrelaçadas eu fui obrigada a puxar a cortina púrpura, e vi o intenso raio solar voltar com forte atuação pelo vidro, esquentando de forma minhas bochechas, desviei o olhar e voltei a olhar por sob os assentos a minha frente, a porta se abriu e o motorista nos informou que havíamos acabado de chegar a Rodoviária do Condado de Hertfordshire, me levantei puxando a bolsa desajeitada e velha de um tecido que quando foi criado era cinza, hoje parecia bege desbotado. Com o ticket na mão, eu passei os fios rebeldes de cabelos que caiam por meu rosto e me dirigi para fora do ônibus e esperei meu nome ser dito para pegar minhas bagagens não era muita coisa, era uma mala e uma bolsa de mão. Ao sair com as malas na mão, senti o frio com os marcadores dos Graus em Farenheit em 55°.

Após descarregar tudo na mesa redonda branca desbotada da cozinha, eu havia dado uma boa olhada no apartamento apertado, a cozinha miúda e com linóleos velhos, o hall de entrada que fazia junção com a sala era um cômodo um pouco maior do que a cozinha, com uma janela também pintada de branca mas que mostrava as marcas da velhice, o papel de parede verde sem graça que havia formas redondas como a casa de uma pessoa bem velha, meu quarto era com ligação ao hall separados por uma porta de correr e dentro dele, o único banheiro desajeitado da casa. Organizei meus pensamentos enquanto pegava dentro da bolsa de mão, uma caixa de papel retangular, era um cereal. Os relógios velho que veio com a casa marcavam as 7 da noite, abri os armários vazios e com cheiro de naftalina encontrei algumas vasilhas que também vieram com a casa, uma tigela verde vômito desbotada. Agarrei ela e enquanto eu despejava o cereal na tigela ouvi o som reconhecível de meu telefone-celular tocando na bolsa jogada na mesa, fui até ele largando o que eu fazia.

- Savannah? - Ouvi o coro exasperado de minha irmã soar no telefone. - Savannah?
- Sim. Estou aqui. - Eu disse com a voz falha.
- Ah, que bom... Como está a cidade? Jim disse que Londres está bastante frio agora na época das Brumas.
- Que bom a quem mora lá. Não estou em Londres, já disse.
- Oh. - Ela disse em tom melódico. - Eu me enganei, achei que quando estava olhando sobre esse trabalho, procurou na capital.

Revirei os olhos, é claro que tudo que eu disse a ela entrou em um ouvido e saiu no outro, Fawkes era a poucos quilômetros de distância.
- A meta é ir até lá. - Respondi.
- Ainda não entendo porque escolheu participar disso, porque não se mudou para Bradford, assim iria poder ficar junto de mim e de Jim, e aqui tem ótimas outras faculdades...

A Colina VermelhaNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ