Edmundo era o único ruivo que Lara tinha conhecido em sua vida. Era branco como um fantasma e suas sardas cobriam praticamente todo seu corpo. Era extremamente tímido e retraído, por isso sempre que falava corava como um tomate maduro.

-É impressão sua, eu...

-Está sim, Lara. Está linda, como sempre. - O rosto de Edmundo foi novamente tomado por uma vermelhidão.

-Obrigada, Edmundo. Você também não mudou nada.

Miguel apenas assistia ao diálogo sorrindo satisfeito como nos tempos de faculdade. Aquilo o divertia imensamente.

-Eu estava indo tomar um café. Vocês não querem me acompanhar? -convidou Edmundo olhando apenas para Lara.

Miguel respondeu antes que Lara pudesse se esquivar:

-Claro! Vamos tomar um café juntos! -disse abraçando Edmundo e a Lara simultaneamente.

Lara olhou enfurecida para Miguel. Os três sentaram-se à mesa. Edmundo prontificou-se a pegar os cafés. Assim que ele saiu, Lara disse ao Miguel:

-É sério, Guel. Eu preciso muito falar com você.

-Nós podemos tomar um café juntos, Lara. Relaxe.

-É importante.

-Eu sei, do contrário não teria vindo até aqui, mas olhe para ele -disse apontando discretamente para Edmundo- Você vai fazer o dia dele imensamente feliz, só tomando um café. Agora tire essa carranca e sorria. Isso vai fazer bem a nós dois, depois de tudo...

Lara lembrou-se de Miguel acabado em seu consultório, pedindo sua ajuda e abriu um sorriso:

-Guel, você tem razão. O Edmundo merece esse café.

-Está vendo só, você consegue ser gentil -Miguel quis provocar a Lara.

-Controle-se, Guel. Estou a minutos de esfolá-lo vivo.

Miguel apenas sorriu de lado. Instantes depois, Edmundo chegou com as xícaras. A conversa foi bem gostosa. Eles se lembraram de professores, de festas e amigos e foi difícil despedirem-se. Foi ideia de Miguel que trocassem os números dos celulares para manterem contato. Depois que Edmundo se despediu. Lara disse a Miguel de mal humor:

-Se ele me convidar para sair, você é um homem morto.

Miguel gargalhou:

-Só você para reagir a um encontro dessa maneira! Sabe, Lara, não faria mal a você dar uma chance ao Edmundo. Ele visivelmente fica muito abalado ao seu lado. Veja -disse Miguel apontando para Edmundo-já é a segunda cadeira que ele esbarra. É um milagre ele não ter derramado nossos cafés.

-Já disse, homem morto.

-Você está muito rabugenta! Venha vou te comprar um brigadeiro. Eu sempre compro um sorriso seu com um brigadeiro!

Miguel puxou as mãos de Lara e ela contrariada o seguiu até o caixa do café.

Depois de comer seu brigadeiro com bastante entusiasmo, Lara disse:

-Miguel, eu preciso falar com você. É muito importante.

-Pode falar.

-Você não tem uma sala aqui no hospital?

-Claro, vamos até lá.

Miguel abriu a porta. Lara entrou e se sentou em um sofá. Miguel a seguiu e sentou-se ao seu lado.

-Diga, minha amiga, o que a aflige?

-Quero dizer que estou feliz de vê-lo assim bem humorado depois de tudo o que passou. Algum outro pesadelo?

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