CAPÍTULO 3

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MALDITA ROSA

Derick

Eu fiquei esperançoso, aguardando pelo perdão do meu pai referente ao que aconteceu naquele dia, mas Já havia se passado um mês desde que fui escolhido como Arqueiro de bronze e ele não falava comigo como antes, nem para me dar sermões. Não pretendo desistir, pois quero chegar o mais próximo possível de Natanael para acompanhá-lo como uma sombra, então se eu me tornasse um Arqueiro De Prata já seria o bastante. Hoje estou no reino, vim para cá porque ficar no castelo para ser desprezado pelo meu próprio pai, é lastimável. Ele não podia deixar nossas diferenças de lado e continuar fazendo o que ele costumava fazer? Não é tão difícil assim. Falando em dificuldades, o meu povo está aflito, preocupado e com medo, pois nossa floresta se tornou sombria porque acreditam que há um ser maligno que está matando muitos homens que saem para caçar, isso explicaria o sumiço deles e também a morte de Jael. Mas acreditar em magia negra? Isso é falta do que fazer. O pânico costuma cegar as pessoas e é por isso que eu procuro sempre manter a calma. E sobre aquela garota que vi com a rosa na mão, ninguém nunca a viu por estes arredores, é como se ela não existisse. Talvez fosse de outro reino e eu estava a procurando no lugar errado.

A saúde da minha mãe continuava decaindo estava cada vez pior e eu sentia o dobro de culpa. Se eu não tivesse saído naquele dia frio, ela poderia estar bem agora. Sou um filho ruim, muito ruim. Ela merecia um herdeiro mais responsável.

- Nossa... Vejam só se não é o famoso Arqueirinho - Zack apareceu interrompendo meu momento com meu cavalo.

- Deixe-me em paz. - Joguei a cenoura longe e montei no animal querendo deixá-lo falando sozinho.

- Nunca. - Ele fechou o caminho com seu corpo. - Você arruinou as chances que eu tinha de me tornar um arqueiro. Acha que eu vou te deixar em paz agora?

Quando ele falava seus dentes rangiam como se reprimisse o ódio que sentia por mim. Um ódio gratuito sem um motivo plausível, eu que deveria atormentá-lo por ser tão arrogante, tinha muitos motivos para bater nele, um deles era por me socar quando ainda éramos crianças e ele fazia isso quando sentia vontade. Nossos pais não faziam nada a respeito, achavam divertido e que também ajudaria no nosso amadurecimento. Não sei, Zack nem parece ter um cérebro. A única coisa extraordinária nele, era o seu porte físico que não batia com a idade que tinha.

- Não temos mais oito anos Adkins. - Adverti.

- É Zack. Não me chame de Adkins seu ladrãozinho de oportunidades!

- Já se passou um mês. Ano que vem você tenta de novo, não custa ter paciência, custa? - Debochei erguendo uma de minhas sobrancelhas.

Ele levantou um dedo.

- Escuta aqui... Eu me tornarei um homem mais grandioso que você, terei meu cavalo reforçado em ouro e um arco dourado que deixará você com inveja. E aí te esmagarei com meu exército. - Fechou a mão, contracenando e eu revirei meus olhos, farto por ouvir sempre a mesma coisa.

- Seu pai é o melhor arqueiro que eu conheço, acha mesmo que vai tomar o lugar dele? - Cruzei os braços, desafiador. - Lembra de todas as vezes que você me deu um soco no nariz? É exatamente isso que você vai ganhar.

Zack riu, parou ao meu lado esquerdo e puxou minha capa amarela-cobre. Abriram-se os botões e senti o ar gélido entrar.

- Você causou tanto desgosto para seus pais que sua vida está amaldiçoada, não tem para onde fugir, essa sua capa não significa nada, Príncipe. Não quero isso, porque eu mereço mais. - Debochou.

Forjei o punho, minha mão estava quente, pronta para quebrar um dente da boca dele. Respirei fundo para me recompor, mas quando ele citou o nome da minha mãe não pude deixá-lo sair impune. O deitei no chão com um soco em seu nariz que começou a sangrar instantaneamente. Me levantei vitorioso e subi novamente no cavalo vendo que ele tentava conter o sangramento com sua mão.

A Garota Das RosasWhere stories live. Discover now