CAPÍTULO 33

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O ACORDO E A CURA

Derick

      Eu acabei com a discussão para encarar Rose que manteve seus olhos fixos em mim tão confusa quanto qualquer um. Sua voz fantasmagórica tinha ganhado a atenção de todo mundo agora, inclusive deixou meu pai e Natanael muito tensos. Todos permaneceram calados olhando a figura de Rose que também não saía do lugar como se fossemos uma ameaça. Foi aí que eu tomei coragem para me aproximar dela, meu pai tentou me interromper mas preferiu morder o lábio do que perder seu tempo com minha teimosia. Afinal, Rose nunca me machucaria e é bobagem tratá-la como um bicho de sete cabeças.

      — Como está se sentindo? — Perguntei.

      — Bem, eu acho. — Ela respondeu. — Onde estamos? Eu não reconheço este jardim. Você que teve a ideia de me trazer aqui?

      Conversávamos como duas crianças escondendo segredos de seus pais o que não deu muito certo.

      — Não. Fui eu. — Tom respondeu levantando a mão para cima. Nem ao menos disfarçou que estava ouvindo nossa conversa.

      — Tom... — Rose sussurrou pasma e saí de sua frente para que caminhasse até seu irmão.

     Lágrimas emergiram de seus olhos azuis.

      Lembrei que nunca, nem em sonhos eu havia visto uma coisa dessas. Rose sempre escondia suas emoções de um jeito que me fazia esconder as minhas e ter certo medo de demonstrar qualquer sentimento porque ela abominava demonstrações de afeto. Bem... Era o que pensava. Mas esse momento mudou o que eu costumava deduzir. E se afastá-la de seu pai era a resposta para libertá-la da prisão que ele a colocou? O velhote era com certeza o causador dessa mania que Rose tinha de anular o que sentia e muitas vezes só sabia usar a grosseria como uma arma. Eu poderia simplesmente fazê-la mudar de opinião sobre seu pai, mas seria covardia deixá-la tão perturbada. Só tê-la por perto era o bastante. Perdido em meus pensamentos sobre a garota que eu vinha procurando há muito tempo voltei ao normal quando testemunhei um abraço enfático e inesperado. Rose tinha se entregado para seu irmão, seus braços estavam abraçando a cintura dele e o mesmo tinha envolvido sua cabeça como se ela fosse uma criança indefesa, Rose parecia estar segura agora. Os dois fecharam os olhos aproveitando cada segundo e eu não consegui evitar o surgimento de um sorriso de canto e também minha satisfação. Só existia uma pessoa no mundo que me fazia se sentir tão especial e ela estava presa no próprio quarto sendo castigada por uma doença.  Agora eu queria apenas manter todos a salvo, não me interessava seus pecados. Eu só queria fazer a coisa certa dessa vez sem parecer um completo idiota pensando apenas em mim mesmo. Não deixando de lado o fato de que o mundo não sobreviveria se Uriel vencesse, estava claro o bastante que a união era a chave para vencermos, precisávamos deixar para trás tudo que aconteceu. Por enquanto.

      — Eu sabia que você estava vivo, irmão. Eu sabia.

      Escutei escapulir de seus lábios avermelhados como se ela tirasse um peso enorme de seus ombros. Senti o mesmo quando vi meu pai pela primeira vez depois de um tempo sem ter nenhuma notícia dele.

      — E eu sentia que você iria me encontrar, irmã.

      — De nada. — Falei, cortando o clima eminente.

      Não esconderam suas indignações, me olharam de forma desdenhosa e se afastaram um do outro. Rose limpou as lágrimas com uma das mãos tentando trazer à tona sua postura de durona o que eu já sabia lidar muito bem.

A Garota Das RosasWhere stories live. Discover now