Eu quis perguntar mais coisas mas ela se pôs de pé, apoiando a mão no joelho e me olhou.
- O que eu faço agora? - Perguntei.
- Vá para casa, toma um banho quente, faz um chá... Sei lá. Eles vão dar a resposta.
- Eu não posso, sabe? Eu me arrisquei muito para esse teste. - Eu disse, olhando para ela e com as mãos nos assentos. - Algo me tirou o chão, eu não sei... Eu faço isso a tanto tempo que eu não costumo errar.

- Algo?
- Sim.
- Problemas em casa? - Ela disse abrindo um sorriso meigo.
- Não. - Confessei em voz rouca, pois havia mais pessoas ali logo ela viu para onde eu olhava e assentiu.
- A propósito, sou Debbie.
- Savie, prefiro meu nome assim também; apelidos. - Eu abri um sorriso e então fomos interrompidos por um homem que falou algo com Debbie e ela foi até o salão de testes abrindo a porta e vi a brecha de apresentação ali, deixando escapar o som melódico do piano.

O homem olhou para mim.
- Senhorita Hawley, gostaria que me acompanhasse, consegue andar? - Ele perguntou e eu neguei com a cabeça, ele me ajudou e eu me apertei em seus braços firmes.

Quando saímos pela porta, os olhares em mim foram quase nulos pois as bailarinas ali estavam novamente com a graça de um pássaro elas repetiam passos na barra encostadas na parede longe da atração da próxima pessoa, passamos despercebidos e olhei para trás procurando rostos que meu cérebro lembrava, procurei e não encontrei quem eu queria mas os olhos críticos da mulher que avaliava fez com que ferisse meu peito.
- Desculpe perguntar... - Eu disse mancando, e ele passou a mão em minha cintura me ajudando, tão profissional como um guarda real. - Mas quem gostaria de me ver?

- O Diretor da Academia, o Senhor Culbert. - Ele disse. - Digamos que ele ficou intrigado com a apresentação.

Meu estômago se revirou, senti uma pontada fria no estômago não podia ficar pior do que já estava, não podia piorar tudo. Quando passávamos pelos corredores, ele me ajudou subir as escadas de um piso tão requintado que eu não conhecia, tudo ali era tão elegante e sofisticado. Passamos pelo um corredor no segundo andar, de lá pude ver que dava abertura para o salão principal, em uma estreita abertura para o decorrer de portas fechadas no lado direito aonde as vidraças brilhavam a luz solar, e do outro o imenso e opressor palco principal aonde iria acontecer o espetáculo - que eu tanto sonhei e agora eu poderia estar jogando fora o início de minha carreira por uma droga de torção no tornozelo - e ele me levou até uma porta, quando o mesmo esticou a mão livre ( pois a outra me segurava no antebraço entrelaçado como apoio ) para tocar a maçaneta de vidro entalhado ela se abriu, sua mão parada no ar sem tocar a maçaneta que se virou e a porta se abriu. Era ele, o rosto jovem me olhou rápido e abaixou o olhar com pressa passando por nós, se espremeu entre o espaço de mim e a parede eu me afastei e ele passou sem olhar, com rapidez.
Olhamos para dentro.
O homem me levou para dentro da sala, e lá o Sr. Culbert que estava assentado elegante na mesa de mogno de escritório olhou para nós com a mão na cintura.
- Obrigado Carter, pode deixar a Senhorita Hawley na poltrona.

Ele me ajudou a sentar na poltrona, agradeci apenas com os lábios se abrindo com leveza para dizer um "obrigado".

- Bom, devo dizer que você me prendeu a atenção quando houve o acidente. - Ele disse com tamanha delicadeza e eufemismo. - A apresentação estava pacata, assim como de todas as outras garotas que iriam ser dispensadas e "bailarinas de fundo".

Ele se serviu de uma bebida ao contornar a sala, meu olhar seguiu ele para onde ele ia, e então ele prosseguiu.

- O espetáculo precisa de dançarinas assim, que não se destacam. Mas você é uma ave incomum não é? - Ele se virou para mim esperando que eu respondesse.

- Ah Senhor Culbert. - Dei uma pausa para formular uma frase decente, engasgada e em tom baixo disse. - Eu sinto muito que causei essa impressão eu...

A Colina VermelhaWhere stories live. Discover now