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4 MESES DEPOIS
Só para confirmar: eu ainda não gosto de festas!
Principalmente quando se fala em festas de fraternidade.
É realmente aquela coisa clichê de filme adolescente: muitos corpos no andar de baixo de uma casa que não cabe tantos corpos assim, o que acaba deixando muito apertado e quente e as pessoas começam a suar e trombam em você constantemente e eu começo a ficar irritada. É sufocante!
Não encontro a Perrie, não encontro o Zayn e, principalmente, não encontro quem insistiu que eu viesse: Harry!

O garoto me encheu o saco e conseguiu me persuadir mais uma vez! É o quinto final de semana seguido, se você não contar aquele em que eu tive de ir com meu pai buscá-lo quase do outro lado da cidade porque, segundo alguns de seus amigos que me ligaram, ele estava arrumando briga porque os seguranças não queriam brigar com ele.

Depois do que aconteceu quatro meses atrás, Harry já passou pelo estágio da negação, do luto, e agora está tentando achar uma direção - e está falhando miseravelmente!
Ele não dorme em sua casa desde então. Sempre pulando minha janela para dormir em minha cama desde que Zayn veio me dizer que o via toda noite dirigindo para a torre e não o via sair até o outro dia de manhã (não sei se ele estava o seguindo ou algo assim, só que ele sabia) e eu fui atrás dele. Antes da escola, pedi uma carona a Tyler, namorado de Tori, e fui até onde Harry, até então, supostamente, dormia. Procurei a chave onde ele escondia e ela não estava lá, então, sem alternativas, liguei para ele.

"Bom dia!" Ele atendeu parecendo meio sonolento.

"Eu estou aqui embaixo." Disse sem nem se quer enrolar. Sua voz estava meio trêmula e ele gaguejou enquanto dizia o que eu já sabia.

"É que... Eu não estou em casa."

"Eu sei. Eu não estou na frente da sua casa. Tô na frente da Torre." Ele ficou em silêncio por um momento até que suspirou um "droga".

"Eu to descendo." E desligou.

Quase um minuto depois ele abriu o pequeno portão ao qual eu - que não sou grande nem nada - tinha que me abaixar para passar.
Sem camisa, olhos e lábios inchados, cabelo que parecia que um pequeno tornado havia pousado ali para fazer uma generosa bagunça. Adorável, era como ele parecia a primeira vista mas, se você reparasse bem, as olheiras embaixo de seus olhos e lábios rachados diziam outra história. A história de alguém que não dormia bem a meses, que se alimentava à medida em que eu insistia, que não se hidratava com água, apenas dissecava-se com álcool. Os nós dos dedos machucados de tanto socar paredes e rostos em brigas que não lhe davam nada mais do que a sensação de estar afundando. Danificações externas que não faziam jus às internas.

"Quem te contou?" Ele perguntou. Arqueei uma sobrancelha.

"Eu deduzi." Menti e foi a vez dele de arquear a sobrancelha, mas deixou de lado, não insistiu na pergunta. Subimos as escadas e quando chegamos lá em cima e eu vi aquele mesmo tapete de meses atrás, que parecia não ter percebido as mudanças que ocorreram lá fora, pois continuava no mesmo lugar, apenas com algumas cobertas jogadas em cima e, meio segundo depois, o corpo de Harry.

"Por que você não me disse?" Perguntei com certa exaustão.

"Porque você me convenceria a voltar para casa." Dei de ombros e me sentei ao seu lado no tapete.

"Talvez não, se você me explicasse..." esperei e senti seu corpo resistindo a toda a gravidade que o empurrava para me dizer. Esperei e esperei.

SAGE. || H.SWhere stories live. Discover now