02 🌹

3.6K 284 219
                                    

Viro pra frente cruzando os braços.

Só quando saimos do estacionamento o garoto fala, e adivinha, não é pra pedir desculpas.

- Aonde você mora, puta? - reviro os olhos e solto um suspiro cansado.

- Será que tem como você parar de me chamar assim, Harry? Eu não sou puta. - ele balança a cabeça negando.

- Será que tem como parar de revirar os olhos dentro do meu carro? - ele revira os olhos.

- Mas você também revira. - reclamo.

- Mas o carro é meu.

- Mas os olhos são meus e eles estão presos na minha cabeça. - rebato.

- Sua cabeça está dentro do meu carro.

- Não seja por isso, eu saio. - abro a porta com o carro ainda em movimento.

Ele para o carro com tudo se jogando pro meu lado e fechando a porta.

- Você está querendo se matar? Você é louca?- grita.

- Não! E nem sou puta. - me aproximo dele colocando meu indicador no seu peito.

- Se não é, porque se incomoda?

- Porque você me incomoda estúpido! Não sei se percebeu mas isso não é um elogio.

- E eu não posso te dar um apelido? - pergunta como se fosse o apelido mais carinhoso do mundo.

- Isso não é um apelido. A gente nem tem intimidade pra você me dar um.

Os carros começam a businar atrás de nós porque estamos no meio da rua. Harry começa a andar novamente com o carro.

- Pode me dizer aonde você mora pu... estúpida. - o encaro.

- Duas quadras depois da sua, na frente daquela loja de cupcakes. - o torturado de gatinhos indefesos franze o cenho.

- Como sabe onde eu moro? - dou risada.

- É uma longa história. - digo prolongando o "longa". - E eu não vou te contar.

- Então vai se fuder.

- Vamos. - digo sem pensar e ele dá um sorriso malicioso. - Eu não quis dizer isso, idiota.

- Não que eu fosse querer foder você. - me olha em seu típico comportamento blasé - sem ofensas, Sarah. - semicerro os olhos.

- É Sage! Não finja que não sabe! - esbravejo - Porque você não vai tomar em um lugar bem legal chamado no --

- Sem palavrões no meu carro! - o garoto adverte parando em frente a minha casa. - Não precisa ficar nervosa. Você só não faz meu tipo... Mesmo que fizesse, já tenho alguém hoje. - ele se gaba como se eu quisesse realmente saber. Reviro os olhos pelo que parece a milésima vez nessa ultima hora e saio do carro batendo a porta e imaginando a cabeça dele ali pra que eu pudesse esmagar ela.

Esse garoto consegue me irritar de uma maneira que me faz querer colocar todos os assassinatos que eu vi nas series de TV em prática.

Ando até a porta da minha casa tirando a chave do bolso, abro a porta e entro.

- Entra! - digo pro garoto que permanece parado na porta como se fizesse parte da decoração do jardim.

-Nunca aprendeu que não se deve convidar as pessoas pra entrar na sua casa? - ele fala.

- Bem, seria desagradável da minha parte deixar você ai fora. - o garoto de olhos verdes sorri.

- Então quer dizer que você se preocupa comigo? - franzo o cenho. - Bom, quer um conselho? Não se apaixone por mim, eu vou partir seu coração. É o que eu faço. - ele murmura a ultima frase, acho que na intenção de eu não escutar.

Subo as escadas e ele vem atrás de mim.

- É claro que não e preocupo com você... me preocupo com a vizinhança. Imagina o trauma das pessoas quando verem você. Vão ligar pra polícia, dizer que tem um coqueiro gótico solto na cidade e esta tentando invadir a minha casa. Seria um horror e meses de terapia pra elas. Um verdadeiro caos! - dou risada da minha própria piada, enquanto ele permanece sério.

- Hahaha! - finge uma risada.

- Foi engraçado, admita!

- Não. - o garoto responde.

Mas quando entro no quarto consigo ver através do espelho ele sorrindo atrás de mim. Um sorriso pequeno que não chega a seus olhos, mas já é um progresso.

Seu sorriso é bonito pra alguém estúpido.

SAGE. || H.SDove le storie prendono vita. Scoprilo ora