0.2 | the first day

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O sol londrino invadiu os meus olhos, forçando-me a acordar. Olhei o relógio que marcava 11.56h. Será possível dormir tanto? 
Vesti uma roupa confortável para andar por casa. Segui para a cozinha e preparei o meu almoço - consistindo em aquecer uma deliciosa e saudável lasanha, e concentrei-me em ver um reality show fútil e desnecessariamente dramático. 

Por entre o meu tédio, decidi fazer alguns abdominais e agachamentos, antes de escolher um novo livro para ler (que na verdade não era novo, apenas aguardava há muito tempo na minha estante para que lhe fosse dada uma oportunidade de me entreter).

...

-Alison! - acordei sobressaltada, sem me ter apercebido de que tinha adormecido  -Acorda vá, despacha-te a tomar banho que temos de ir para o clube, já devias estar pronta. - resmungou o meu amável pai enquanto pousava as chaves na taça designada para essa tarefa, situada numa pequena estante logo após a entrada. Podia ouvir os seus murmúrios de reclamação enquanto andava entre a sala e o hall, seguindo para o exterior novamente.

Tive que esperar uns segundos até acordar realmente e ter o poder de comandar as minhas pernas até às escadas. Subi e fiz o que ele me disse.
Acabei de tomar um duche quente e decidi esticar o cabelo, algo que não demora demasiado tempo para mim.
Passei um pouco de base, rimmel, lápis e o meu batom vermelho sangue que adoro e me assenta particularmente bem. Vesti umas skinny jeans escuras e uma blusa preta e calcei umas vans beige.
Peguei no meu telemóvel e desci os precisos 18 degraus que dão acesso ao andar debaixo, sentindo o meu cabelo a esvoaçar com a velocidade com que me desloquei.

Estava prestes a sair de casa quando sinto um braço forte puxar-me de forma rude, fazendo-me voltar a entrar dentro da habitação.

- Onde é que pensas que vais? - perguntou-me o único homem presente, com uma expressão séria no rosto.

- Para o clube... - respondi com medo da sua reação.

A sua cara já um pouco enrugada abriu-se num sorriso irónico e as suas sobrancelhas acompanharam a expressão. - Assim vestida? Só podes estar a gozar com a minha cara.

- Que mal tem a minha roupa? - perguntei ingenuamente, vendo a sua expressão transparecer o desagrado crescente com a situação.

Ele não respondeu, apenas me puxou belo braço, obrigando-me a ir com ele até  ao seu quarto. Parou-me em frente ao roupeiro e largou-me, abrindo-o em seguida e tirando de lá uma lingerie preta, toda rendada e uns saltos da mesma cor de uma gaveta à parte.

- Veste isto. - ordenou, pousando as peças em cima da cama. 

Sem me dar tempo de reclamar, abriu novamente o armário e retirou igualmente um casaco de pelo, bastante bonito por sinal. Podia sentir as minhas sobrancelhas juntas e a minha cabeça a acenar negativamente enquanto articulava as palavras para lhe dizer.

- Pai, eu só vou servir às mesas. É preciso isto tudo?

- Sim, é! - respondeu curto e grosso, já impaciente com o horário - Agora vê se te despachas.

Num piscar de olhos saiu do quarto e fechou a porta. Sem outra opção, peguei na lingerie e vesti-a, calçando depois os saltos pretos. Era bonita e realçava os meus peitos relativamente pequenos, e os saltos tornavam as minhas pernas mais longas e femininas, minimizando a minha insegurança acerca de ter pernas curtas. Peguei no casaco de pelo e vesti-o. Admito que gostava de como me assentava, mas a situação em que me encontrava eliminou essa boa sensação. Sentia-me bem sozinha, em casa. A ideia de ter várias pessoas a observar-me nestes trajes causava-me desconforto e já desejava voltar antes mesmo de sair de casa.

Strip Club | h.s. - hotOnde as histórias ganham vida. Descobre agora