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O dia estava ocorrendo tranquilamente. Tanto meu pai, como Clarisse, não iam voltar para o hospital. E com isso, a casa ficou bastante movimentada, ainda mais com a chegada de Renato que também deu o ar de sua graça. Ele e meu pai logo começaram com as tais cervejas e junto com eles, estava Pedro. Eu sabia que no final do dia teríamos dois bêbados em casa. Um mais chato que o outro.

Já à tarde, estava no jardim com Samantha. Eu estava sentado na espreguiçadeira, enquanto Samantha rabiscava com um lápis marcador, o meu gesso. Desenhava um monte de coraçõezinhos com o nome dela e de Renan, e outros, com a minha inicial junto à de Lucas. Ela estava deixando tudo colorido, tomando conta do meu gesso inteiro. Gustavo estava com a gente, e Samantha o ajudou a fazer alguns desenhos em minha perna.

Algum tempo depois disso, Renan e Rodrigo apareceram. Era a primeira vez que ele vinha a minha casa. E Renan, como sempre, estava todo preocupado, perguntando tudo o que tinha acontecido, como eu estava, se eu sentia dor e principalmente, se a namorada dele estava se comportando. Rodrigo, como sempre, brincava, também querendo rabiscar minha perna. O difícil era encontrar espaço, já que Samantha tinha ocupado quase tudo.

Nós ficamos os quatro no jardim, jogando conversa fora e brincando. Brincamos de verdade ou consequência, já que não tínhamos muito que fazer e eles não queriam entrar na piscina.

Tudo corria bem, até que uma pergunta que Samantha fez para Rodrigo deixou todos nós curiosos. Ela perguntou se ele tinha alguma paquera na escola, e ele tranquilamente respondeu que sim. Ficamos surpresos, é claro, já que ele nunca havia mencionado isso para nós, e também não o víamos falando com ninguém a não ser nosso grupo e algumas pessoas de nossa turma. Ficamos tentando descobrir quem era, mas ele não quis revelar. Só nos deu uma pista de quê nós conhecíamos a tal pessoa, mas que ela era comprometida. Isso me fez sentir um embrulho no estômago, já que a única possibilidade que vinha a minha cabeça era de que a garota seria Samantha.

Minha lógica nessa desconfiança era muito simples. Rodrigo e Samantha não eram lá muito amigos. Eles viviam se implicando. Samantha principalmente. Sempre achei estranho o fato de Rodrigo nunca se incomodar com isso. Pelo contrário. Ele continuava brincando com ela, como se nem tivesse escutado suas reclamações.

Então no final da tarde, quando Renan e Rodrigo iam embora, Lucas chegou. Eles ainda ficaram mais algum tempo, mas logo tiveram que ir. Rodrigo morava longe, e tinha que pegar um taxi. Lucas, Samantha e eu continuamos no jardim, conversando. Ele também entrou numa de querer riscar meu gesso. Ele escreveu várias frases dizendo "eu te amo", mas não assinou seu nome.

A noite foi movimentada, muita gente em casa. Renato acabou jantando conosco. Ele e meu pai já estavam bem animados. E Pedro, apesar de ser bem fraco para bebidas, ainda estava sóbrio, ou pelo menos parecia. Lucas, Samantha e eu acabamos jantando na cozinha, já que na mesa da sala de jantar não cabia mais ninguém. E de vez em quando, Pedro aparecia só para provocar Lucas. Ele vinha para perto de mim, colocava sua mão em meu ombro e depois ia começando a fazer massagem. Isso deixava Lucas irado. E a consequência disso? Pedro acabou levando umas tapas, mas tudo na brincadeira é claro.

Por volta das onze da noite, quase que a meia noite, enquanto assistíamos filmes, Gustavo acabou adormecendo e Lucas o deixou no quarto. Samantha também logo foi dormir. Lucas foi com ela, já que ela não queria dormir em minha cama, então ele foi arrumar um colchão para ela. Quando ele voltou, veio apagando as luzes do andar de cima da casa e a luz da sala onde estávamos. Meu pai, Renato, Pedro e Clarisse estavam no jardim, e às vezes podíamos escutar os risos deles.

Lucas me ajudou a sentar no chão, encostado ao sofá. Ele havia forrado todo o chão com as almofadas. Desligou a TV em seguida, e ficamos ali, meio escondidos no escuro.

O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - INCERTEZAS - LIVRO 02 (RASCUNHO)Where stories live. Discover now