O Jovem Guerreiro

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Século XV

     A noite que se passou foi a última em que o pequeno conde sentiu os cabelos tocarem suas bochechas; de manhã bem cedo, lâminas malignas cortaram-lhe os cabelos, os fios lisos se tornaram inalpapáveis e o menino se sentiu nú. Juntamente com os outros meninos, ele foi mandado para a área de treinamento, passariam a manhã inteira treinando, mesmo com os machucados do dia anterior, foram ordens ordensdo do homem de olhos verdes que os aguardava de mãos entrelaçadas a frente numa boa postura.

   Como se fossem formigas, os meninos de vinte em vinte se alternaram em perfeita sincronia, formando dez filas por todo o estabelecimento. Vlad a princípio se atrapalhou por não saber onde se posicionar, tentou endireitar-se em uma fila aleatória, mas um dos meninos deu-lhe uma cotovelada para fora da fila em toda sua má índole, e agora sem saber onde ficar, Vlad começou a sentir que estava fazendo tudo errado, que ele era errado, que o mundo caía sobre ele e que os olhos verdes do agá já centrados nele o puniriam por sua falta de simetria; então, em meio ao pânico o garoti sentiu braços envolverem-no e em sequência, o hálito fétido de Auper.

– Imbecil, não fique parado aí!

   O jovem búlgaro literalmente arrasta o menino para a sua fila. Ao assumirem seus lugares, o jovem desfere um rápido e discreto tapa em sua nuca.

– Quietos! – Onan asseverou-se a distância, e por instinto os meninos enrigeceram mais do que o comum enquanto os olhos extarrecedores se esbugalhavam de medo.

   A sola dos sapatos do agá eram as únicas a ressoarem, o homem perambulava por entre os vãos de cada fila, as esmeraldas pareciam enxergar o pavor regado dia após dia em cada coração; aquele homem, embora o pequeno Vlad lutasse em aceitar, podia peovocar o pavor em qualquer um que o encarasse.

– Durmiram bem? – ele expele com mesquinhez, a hipocrisia nas palavras era um verdadeiro incômodo para todos.

– Sim senhor! – os garotos respondem numa só forte voz.

– Ele sabe o que acontece à noite? – o conde cochicha para o rapaz logo atrás.

– Tenho minhas dúvidas – ele responde.

– Que bom! Parecem cheios de energia! – o agá sorri de peito estufado, as palmas se tocam próximas ao rosto, dando ao oficial um aspecto de autoridade. – Aproximem-se para pegar suas espadas de treinamento.

   Haviam diversos cestos próximos a Onan, espadas de estatura comum e mediana residiam em cada um, obviamente fabricadas para a árdua escravidão dos pobres prisioneiros de guerra, que teriam de fazer esforço o resto da manhã com as costas marcadas impiedosamente.

– Certo, milorde, vamos pegar nossas espadas, é o melhor que fazemos – sibila novamente próximo ao rosto do pequeno conde, com ar de zombor, guiando-o aos cestos.

– Francamente, o que você comeu hoje?

– O mesmo que você, hálito de dragão.

   Chegando até os cestos, o mancebo empunha uma das espadas com grande facilidade, o conde se admirou bastante com o ato do jovem, uma vez que o material usado para forjar tal arma devia ser pesado, ficou ainda mais surpreso ao se certificar da espessura da espada ao carregar uma com bastante esforço, provocando um riso zombador do jovem ao seu lado.

– Não pegue essas, tolo! Pegue as menores! – aponta para um dos cestos com espadas para os mais novos.

   A espada escolhida pelo conde era de um material mais leve para gente do seu tamanho, o que o fez se sentir mais fraco e traquino do que se achava, sentiu uma pontada de inveja no peito ao vislumbrar Auper fazer pequenas acrobacias com sua espada, girando a mesma modesta e suavemente, transmitindo a impressão de que tal era feita de papel. O mancebo era observado de alto a baixo pelo menino, seu corpo, embora fosse decorado de cicatrizes, era  robusto e de boa forma, o fez desejar um dia, ser um homem do mesmo porte.

Segredos de Vlad(PAUSADO)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang