Paz de Espírito

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    "O oceano tem limites - o mercador explicou a dama. Se os navios forem longe demais, vão acabar caindo do mundo, por isso resolvi desembarcar aqui, onde sei que o chão é seguro."

    A ironia do destino me faz rir as vezes...


Século XV

    A dama visitava o amigo conde uma vez por semana, sempre acompanhada de uma das cortesãs. Vlad esperava ansiosamente os dia das visitas, Clésia era a única que o tratava com gentileza, sempre lhe presenteando com guloseimas feitas por ela, conversando e rindo por curtos momentos, os quais ele desejava que fossem mais duradouros, e em alguns meses, Eclésia não precisava ser escoltada por uma das servas até a masmorra, graças ao conselho de Vlad.

    Certo dia, a moça chegou na masmorra com um cesto na mão e um largo sorriso no rosto. Foi correndo ao encontro do garoto que não tardou em se levantar do canto da parede em que sempre estava e se lançar com alegria na porta da cela devido a saudade que sentia por sua companheira, que agora chamava de amiga.

- Olá, Vlad - ela o saudou com o sorriso que o garoto adorava ver, se não fosse pela amizade dos dois, eles certamente não teriam motivos para sorrir, confessaram uma vez.

- Não faça tanto barulho, Clésia - o menino riu brevemente - Esse lugar causa eco e os outros prisioneiros podem se incomodar.

- Sim, sorry, quer dizer, desculpe - ela encolheu os ombros e se ajoelhou perto do amigo com o cesto ao seu lado - Trago boas novas, e não vi a hora de contar à você - o garoto se inclinou um pouco mais para ela - Hoje fui à cidade com algumas servas, o seu conselho deu certo, estou conseguindo fazer Aysun confiar em mim - ele sorriu em resposta a notícia - Alguns merchantes, digo, mercadores! Eles vendiam coisas tão bonitas, Vlad... - havia um tecido cobrindo a boca do cesto, mas o pequeno conde viu quando algo se moveu por baixo do pano.

- Tem alguma coisa nesse cesto! - apontou para o mesmo com olhar cheio de curiosidade, em seguida um som fino e curto abafado pelo tecido foi ouvido pelo pequeno conde animadíssimo, enquanto a pequena dama sorria em um ar de mistério - Foi um latido? - ele não conseguiu perguntar sem rir, e assim que a dama desembrulha metade do cesto, revelando o canídeo, os olhos do menino se arregalam e a boca se abre em surpresa.

- I loved him assim que o vi, mas não tinha dinheiro para comprá-lo - Clésia pegou o filhotinho negro de olhos castanhos e o transferiu para as mãos de Vlad, que já imploravam para segurarem o cãozinho brincalhão. Mal o conde o segura e o cão ataca seu rosto com lambidas carinhosas.

- Ele é muito bonito! De que raça é? Nunca vi um cão assim.

- Chama-se labrador retriever. O mercador me deu de presente após uma longa conversa - a mocinha respondeu como se já estivesse na ponta da língua - Ele disse que é de uma terra muito distante, bem longe da europa. O homem falava pouco o idioma daqui, mas reconheci o sotaque. Além de ser um bom senhor, ele é da minha terra. Vlad, ele é de England.

Segredos de Vlad(PAUSADO)Where stories live. Discover now