Trinta e Quatro: 7 meses depois

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— O tiro te acertou e você nem

deu conta.


O que se pode esperar da vida, são surpresas. Às vezes maravilhosamente, maravilhosas. E às vezes bem desagradáveis, como ter recebido a drástica notícia de que minha mãe estava com um tumor no cérebro.

Um tumor.

Algo que às vezes silencioso, porém fatal.

Sete meses antes, tínhamos recebido a notícia do médico de que ele e sua equipe tinham deixado passar 

algo que poderia ser bem grave no futuro. E se não fosse pelo escorregão que minha mãe havia tido e a tomografia feita, poderia ser tarde demais.

Um dia depois da notícia, seguimos diretamente para o hospital.

Fizeram novamente uma tomografia na minha mãe para ter certeza se não era erro da máquina ou até mesmo erro na impressão. Porém, lá estava a maldita mancha, no mesmo lugar em que estava no exame anterior.

O médico disse que iriam fazer uma biópsia, para saber se esse tumor era benigno ou maligno.

Mas com um pingo de esperança, o médico disse que provavelmente esse tumor poderia benigno, pois minha mãe não sentira nada e não se alastrara para nenhuma outra parte do corpo.

Só que dessa vez, iriam fazer um exame novo de biópsia, onde não precisavam recolher uma parte da doença para saber suas características ou algo assim, pelo que eu saiba. Iria fazer um tipo de exame de sangue, onde poderia ver a quantidade de RNA mensageiro na corrente sanguínea de minha mãe, onde poderia dar informações necessárias para o melhor diagnóstico possível e de como tratar uma doença benigna ou maligna.

Passado um mês, recebemos a drástica notícia do médico que o tumor que minha mãe tinha no cérebro era maligno, porém o tipo de tumor maligno diferente, pois ele se parecia muito com um benigno, dando a impressão de ser lerdo em questão de fazer qualquer estrago. Mas como o médico tinha dito, ele trabalhava sorrateiramente, falhando todo o sistema de minha mãe, sem ao menor perceber.

Colocaram ela na fila de espera para uma cirurgia, mas colocaram em observação que era urgente. Precisavam tentar tirar o tumor ou se não...

Mas 7 meses se passaram, até recebermos a notícia de que haviam conseguido achar uma vaga para minha mãe. E a esperança cresceu novamente em nossos corações.

Nesse período, a única coisa que os médicos puderam fazer, foi lerdar a doença, estagnando ela no mesmo lugar sem que ela prejudicasse o corpo dela, até que o dia da cirurgia chegasse.

E lá estava eu, pensando em minha mãe e se ela estava bem.

Ela fora internada em observação, para que tudo ocorresse bem na cirurgia que seria logo de manhã no dia seguinte.

Eu estava junto a Roy e Elisabeth na casa de Elisabeth, onde escrevíamos juntos o penúltimo capítulo do livro.

— Que tal? Está bom? — Disse Elisabeth para Roy, enquanto o fazia ler o último parágrafo do penúltimo capítulo.

— Está perfeito. Realmente, está muito bom.

E eu ainda não estava com os meus pensamentos firmes para prestar atenção no que eles estavam dizendo e nem ao menos conseguir dar uma opinião ou escrever algo que ajude na complementação da história.

— O que acha, corujinha?

— Hein? Sobre o quê?

— Ettore, calma. Vai dar tudo certo. Sei que não para de pensar em sua mãe, mas você vai ver. Ela vai sair daquele hospital novinha em folha.

Respirei fundo, tentando colocar meus pensamentos no lugar.

— Acho melhor darmos uma parada e descansar um pouco. Quem quer comer?

Eu não queria. Não conseguia comer nada. Estava preocupado, por mais que tentasse fazer meus pensamentos pensarem positivamente sobre isso.

Naquela noite, todos nós, Roy, Elisabeth e eu fomos visitar minha mãe e desejar boa sorte com a cirurgia. Os médicos haviam deixado nós fazermos uma pequena festinha, só para comemorar a vitória de conseguir uma cirurgia e comemorar que ela sairia bem da cirurgia. Levamos algumas coisas para alegrar ela, como balões, flores, cartazes e muitas outras coisas que enchesse aquele quarto de alegria.

— Nem sei como agradecer vocês por estarem aqui comigo.

— Somos sua família, querida. Vamos estar com você até o fim. — Disse papai, beijando sua testa.

— Ansiosa que tudo isso acabe. — Disse mamãe.

— Nós também. — Todos dissemos em um coral.

— Mas tudo vai dar certo... Depois da cirurgia e dos tratamentos necessários, você vai estar novinha em folha.

— Com certeza. — Disse Elisabeth. — A senhora é dura na queda. — E todos nós rimos com o seu comentário.

Passamos duas horas no quarto, conversando, rindo das piadas de Elisabeth, como sempre; Roy falando das curiosidades, como sempre fazia e eu junto a ela, segurando sua mão o tempo todo.

— Sinto muito, mas vocês têm que ir. A hora de visitas já acabou. E a sra. Scott precisa descansar para estar bem-disposta para a cirurgia amanhã. — Disse uma mulher que abrira a porta logo atrás de nós.

Era uma das enfermeiras que cuidava de minha mãe.

— Sério? Não podemos ficar mais um pouco? — Perguntou Elisabeth, aos prantos.

— Sinto muito, mas são ordens e normas do hospital.

— Vamos crianças, vamos deixar a guerreira descansar um pouco.

Mas antes que todos pudéssemos sair para ir ao andar de baixo, mamãe segurara o braço da enfermeira, que verificava se o soro estava indo para a veias de mamãe e disse:

— Poderia falar cinco minutos com um deles, por favor?

A enfermeira hesitou, mas logo concordou.

— Tudo bem. Cinco minutos.

— Roy, meu querido, venha cá.

— Venha, vamos deixar os dois sozinhos. — Disse papai, nos puxando para o lado de fora.


O que dirão as Estrelas?Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang