✥ㅡ DESAFIOS ARRUINADOS ㅡ✥

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   ㅡ Mas o senhor disse...

   ㅡ Não importa o que eu disse ㅡ aumento a voz, fuzilando-o com o olhar. ㅡ Ele tem uma família?

   O guarda assente.

   ㅡ Uma esposa e duas filhas, senhor. Vivem nas montanhas, a caminho de Munsk.

   Balanço a cabeça.

   ㅡ Deixe que ele volte. Não somos famosos por desmembrar famílias. Ainda mais quando ele é o único homem.

   O guarda arregala os olhos.

   ㅡ Deixar que volte? Mas ele vai nos denunciar na primeira chance que tiver. Senhor, se me permite...

   Em um piscar de olhos, o guarda está colado na parede con puro terror nos olhos e minha mão em sua garganta, apertando bem.

   ㅡ Não, eu não permito. Talvez você deveria tomar mais cuidado com o que fala ao meu redor. ㅡ aperto ainda mais a mão, e ele solta um ganido, tentando puxar o ar. ㅡ Se eu digo para você matar, você mata. Se digo para deixar o homem viver com sua família, você deixa. Estamos entendidos, ou eu preciso desenhar?

   Solto o homem, fúria no olhar quando o vejo se inclinar par a a frente e tossir várias vezes antes de se erguer e me encarar com coragem forçada.

   Tenho que lhe dar um ponto por isso. Outros já teriam fugido sem olhar para trás.

   ㅡ Entendido, senhor. Tratarei disso imediatamente. Mas como eu...

   Tenho que segurar um suspiro de irritação.

   ㅡ Você não é poderoso o suficiente para, pelo menos, enfeitiçar o homem? ㅡ minha voz corta como lâmina.

   Posso ver que ele engole em seco, e sua postura fica mais ereta.

   ㅡ Sou, sim, senhor. Farei o que me ordenou e encontrarei o homem na volta.

   Balanço a cabeça novamente.

   ㅡ Está dispensado.

   O homem foge, me deixando sozinho com a papelada infernal. Suspirando alto, volto para a mesa, ainda massageando a cabeça por conta da dor que só cresce no decorrer dos minutos.

   Olho para a janela, vendo minha cidade abaixo dela, e o sol já se pondo por trás das altas colinas que envolvem Taryan. O primeiro raio da manhã nasce bem de frente para meu quarto, no complexo oposto da sala onde eu estou. As primeiras luzes matinais o aquecem como um cobertor enquanto pensa nas diversas atividades que terá de fazer durante o dia, e em como seria maravilhoso passar a manhã inteira na cama.

   Mas logo os ventos começam, e isso é suficiente para que me levante. A brisa sopra forte por dentro de meu quarto, chacoalhando as janelas e esvoaçando as cortinas com violência, um prenúncio do dia chuvoso que se seguirá. A única lembrança que ele possui, porém, são das noites frias de sua terra que pioram ainda mais quando o inverno chega. Nesse tempo, é necessário planejar meses antes uma forma de não fazer os moradores do Reino Floral morrerem congelados.

   Eu e meus conselheiros montamos, alguns invernos atrás, um meio de proteger nossos viventes. A cidade se movimenta alegremente abaixo de mim, e cada pedacinho de meu corpo deseja estar com eles lá embaixo, rindo e dançando com as mulheres na praça. Daqui posso ouvir claramente a risadagem,  mesmo que ainda esteja bastante cedo. O sino toca fortemente do outro lado, sinalizando o início da manhã e a entrada dos novos trabalhadores em seus cargos, iniciando-se um novo dia.

   Suspiro, olhando para a mesa cheia de papéis. Se pudesse terminar rápido... poderia ir na cidade um pouco e festejar com meu povo. Ou talvez... fisgar uma mulher e trazê-la para passar a noite. As opções parecem bem atraentes.

A ƑILHA ƊO ƑOƓO - A MALƊIƇ̧ÃO ƊO SOLSƬÍƇIOWhere stories live. Discover now