Capítulo 33

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Durante a viagem de volta, Kane estava o tempo todo preocupado com o estado de Lyra, e reagia ao primeiro esboço de careta da moça perguntando se estava bem. Em sua opinião estavam indo num bom ritmo, e chegariam à Ambarys antes do esperado. Ela estava enjoada, mas não era o tipo que precisava ser cuidada o tempo todo, ou não queria aparentar. Mantinha Lyra afastada de muita agitação, e longe do sol forte, acompanhava de longe enquanto ela observava o mar a noite, ela não reclamava, não chorava, mas percebia o quanto queria sair daquele navio o mais rápido possível. Talvez quisesse somente uma boa noite de sono, uma banheira com água quente, e muito provavelmente estar nos braços de Noah.

Chegaram ao porto de Koholt em quatro dias, e surpreenderam Nathan que os encontrou já na metade do caminho para o Castelo Cinza. E mesmo Kane deu graças em sentir seus pés em terra firme quando lá chegaram. Lyra entrou no salão principal, cansada o suficiente para pedir à uma serviçal que lhe preparasse um banho. Percebeu que os demais silenciaram e então ela viu Noah se aproximando, escoltado por cavaleiros holt, em vestes reais, coroa e manto, imponente como sempre. Ele abriu os braços para ela que esqueceu qualquer protocolo sobre como o Rei deveria ser recebido e correu para ele. Noah ergueu - a do chão, e percebeu o quanto ela parecia cansada, manteve os braços ao redor de sua noiva enquanto trocava alguma palavras com Kane e Nathan. Lyra viu Nina, sua aia se aproximar e Jeannie também. Sequer percebeu um sorriso de Kane ao ve - la ali, e ele não foi até ela, se reportando ao irmão sobre a viagem, e sua estadia em Efyr, e em seguida entregando à ele uma carta do Rei Petrus.

- Descanse, Kane, nos reuniremos mais tarde, houveram alguns conflitos com rebeldes na ausência de vocês, mas está tudo sob controle agora.

- Após o almoço então? - ele perguntou, e viu o Rei entregar Lyra aos cuidados da aia enquanto seguia com Mestre Owen e Nathan.

Jeannie observou Lyra seguindo com sua aia depois de Kane ter lhe beijado as mãos, não gostava da maneira como o príncipe se dirigia à moça, parecia querer agrada - la sempre. Quando começaram a se aproximar, ela já sabia sobre a paixão de Kane por Lyra, mas em Trendamer ele parecia estar esquecendo - a, voltariam no dia seguinte, e trataria de faze - lo tira - la da cabeça novamente. Kane seguiu pelo mesmo caminho que o Rei fez e ela seguiu em seu encalço.

- Kane - ela chamou por ele, que parou e respirou fundo antes de voltar - se para ela - algum problema?

- Não, só preciso falar com Noah - ele respondeu, e parecia com pressa.

- Você parece não estar muito feliz em me ver... eu fiz algo que o desagradou? - ela perguntou ansiosa.

- Não, não fez. Me desculpe, Jeannie, mas esses dias no mar me deixaram com um péssimo humor. Mais tarde, podemos dar uma volta pela cidade, se você quiser conhecer Koholt - ele respondeu, dessa vez o tom era mais ameno.

- Partiremos amanhã? - ela perguntou aproximando - se dele.

- Provavelmente - ele respondeu, incomodado por ela estar envolvendo - o num abraço - agora, eu realmente tenho que ir.

Ele percebeu que Jeannie não o deixaria ir até que lhe desse um beijo, e foi isso que fez, demorado o bastante para que ela se desse por satisfeita e não precisasse responder outras perguntas.

Lyra passou um longo tempo na banheira, apenas relaxando e pensando na melhor maneira de contar ao Rei que esperava um filho dele. Lembrou - se que quando estiveram juntos em Luz Doremai, encontraram um amigo dele, com a esposa e filho pequeno. Ele não deu muita atenção ao pequeno, que Lyra segurou no colo e enquanto conversava com a jovem mãe, no máximo disse que era sorte que não puxasse ao pai, enquanto o outro riu. Ela sempre gostou de crianças, e apesar de haver pouquíssimas em seu círculo social, sentia - se a vontade com elas. Talvez devesse apenas chamar Noah para um passeio, ou preparar um jantar quando voltassem ao Castelo Branco, o fato é que talvez estivesse demorando demais, logo sua barriga iria crescer, e talvez seus enjoos mal estivessem começando.

Nina havia lhe separado um vestido simples, e botas confortáveis para que ficasse mais à vontade, a aia lhe trouxe frutas e insistia que Lyra deveria beber muita água e agora escovava seus cabelos preparando - os para serem trançados. Havia feito ela mesma alguns adornos para sua senhora como costumava fazer para as princesas ydheranesas, porem para Lyra escolheu pedrarias mínimas, pois sabia que prezava pela discrição. Lyra lhe agradeceu dizendo que ela mesma já não conseguiria trançar seus cabelos, por estavam muito compridos e não era muito habilidosa.

Estavam as duas conversando, quando Lyra ouviu baterem apressadamente à porta, entraram três oficiais e um deles então falou: - Perdão por interrompe - la, milady, mas precisamos de sua ajuda.

- Pode falar, oficial - ela levantou - se, e já alcançava sua capa enquanto ele lhe explicava a situação.

- Um dos selos próximos as minas rompeu, tropas rebeldes estão invadindo vilarejos próximos rapidamente.

- Eu estou indo - ela disse ajeitando o capuz sobre os cabelos loiros.

Encontrou Noah e Kane seguindo para o salão principal, e de lá foram juntos com tropas holt e heracs avistando o confronto não muito longe da minas. Lyra observou Kane usar seus novos poderes, levando à uma morte rápida quem cruzasse seu caminho, queimando - os vivos, Noah parecia estar sedento por uma boa luta e golpeava seus inimigos impiedoso e as tropas avançavam rapidamente para para onde estavam os portais que Lyra estava fechando rapidamente. E então aconteceu.

Ela estava logo atrás de Noah , procurando pelo portal principal, e lá estava ele, flamejante e à poucos metros de onde Kane estava. Tudo o que tinha a fazer era chegar mais perto e apontar o cetro para o portal, mas quando se aproximou sua arma desapareceu, e ela sentiu como se todo seu poder tivesse se extinguido. Esticou o braço direito novamente abrindo a mão na espera de que o cetro atendesse ao seu chamado, mas nada aconteceu. Ela observou uma luz estranha saindo de onde ela estava e se fundindo com outra, gritos e ouviu a voz de Kane: - Não! Lyra, Não!

Estava escuro, e ela sentia suas pálpebras pesarem, tentava se acostumar seus olhos ao ambiente, era frio e se apurasse sua audição podia ouvir o barulho do vento lá fora. Tentou reconhecer o lugar em que se encontrava, e tudo o que viu foram grades. Levantou - se com dificuldade, quando viu - se prisioneira. Sentia a magia vibrar por baixo de sua pele correndo pelo seu corpo até chegar as suas mãos. Concentrou - se e tentou em vão novamente convocar seu cetro.

- É inútil, milady - ela ouviu uma voz já conhecida, e logo ele surgiu, caminhando em sua direção.

- Como ... - ela sentiu um calafrio quando viu Kael à sua frente, em sua armadura negra assim como o manto - não pode ser...

- Acostume - se, Lyra, agora você está sob meu domínio - ela viu os olhos verdes esmeralda do herói corrompido faiscarem, e sentiu que estava prestes a desacordar novamente enquanto ele a segurava em seus braços - Kaly, está tudo pronto?

- Sim, mestre.

- Ela dormirá por horas - ele disse, carregando Lyra sem dificuldades para fora da masmorra, onde seu oficial a havia deixado - Fique alerta.

Kaly assentiu olhando para o rosto delicado da tão odiada Arquimaga, pensando que era apenas uma menina. Sentiu - se mal por ela, pois sabia bem o que estava sendo preparado para a Arquimaga, muito provavelmente aqueles seriam seus últimos momentos.

Se ele não pode pisar em Ambarys, trouxe a fonte de seus problemas à Ullayn. Kael parece ter agora muita vantagem sobre seus inimigos... E então, quais as suas teorias? Conseguirá Lyra livrar - se do herói corrompido?

Boa leitura, S.H.Fisher

Destiny - Dividida Pela Realeza - Duologia Ambarys Livro 2Where stories live. Discover now