Capítulo 22

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Os dias se passavam em Trendamer sem que Kane conseguisse se dedicar realmente ao seu aprendizado, e por mais paciente que Mestre Rhen fosse, começava a exigir mais disciplina dele. Atravessava o portal para Alto Tendrar todas as manhãs aos primeiros raios de um sol, o ar gelado castigando - o depois de mais uma noite mal dormida. O Gran - Elder havia lhe enviado para a "morada do silencio", onde iria passar seus primeiros dias e pelo pouco progresso que estava fazendo de lá não sairia tão cedo. As únicas pessoas com quem falava eram Preston e Mestre Rhen, e ele preferia o dialogo com o Gran - Elder, esfuziante e eloquente às poucas palavras de Rhen, que parecia enxergar seus pensamentos mais impuros com seus olhos milenares.

Não deixava - se enganar com a aparência ainda jovem do Mestre, sabia bem que eles, os poucos que ainda estavam em Trendamer, estavam lá em toda sua onisciência e eternidade enviados pelos deuses para vigiar e ensinar. A túnica branca impecável, movia - se suavemente, e ele contemplava o amanhecer, esperando que o príncipe se juntasse a ele, como fez nas manhãs anteriores. Kane não conseguia sossegar e entregar - se ao silêncio. Sentia falta de estar entre os seus, e preocupava - se com o reino, e com tudo que estava acontecendo. Mais do que qualquer coisa sentia falta do irmão. E de Lyra. Desde que começou seu aprendizado era aconselhado todos os dias, a filtrar seus pensamentos. Preston lhe garantia que se Noah precisasse, ele o enviaria de volta, e lhe foi permitido ver seu pai na Casa dos Elders. Mas quanto a Lyra, Preston disse simplesmente que precisava esquece - la, e que não estava tentando. Kane ocupava - se em praticar técnicas que lhe eram ensinadas para silenciar seus pensamentos, mas terminava em noites passadas em claro.

Rhen lhe entregou um bastão e Kane respirou fundo, odiava a pratica com bastões. Não entendia porque não usar espadas, já que usar suas adagas estava fora de questão. Mas tinha impressão que seu mestre pouco se importava com seu descontentamento. Avançou para ele, fazendo - o defender -se de golpes poderosos e rápidos. Kane recuperou o equilíbrio, mas ainda assim não conseguia fazer nada mais do que se defender. Aquilo era ridículo, não usaria bastões em campo de batalha. Sentiu a raiva crescendo dentro de si, e novamente aquela onda de calor como se estivesse ardendo por dentro. Um esboço de sorriso passou pelos lábios de Rhen e Kane sentiu que seus pés deixaram o chão e sem pensar no que estava fazendo, atacou - o seguidas vezes até sentir que aquele fogo, energia, seja lá o que era parecia deixa - lo subitamente. Desarmado e vencido. De novo. Atirou o bastão longe e estava saindo do pátio agora iluminado pelos raios do sol, quando alguém o impediu.

Sirius estava bem na sua frente, e viu a raiva e a frustração do príncipe estampada em seu rosto. Colocou a mão sobre o ombro direito de Kane num gesto de apoio. Fique, ele disse, você está quase onde deve chegar para que seu treinamento realmente comece.

- Começar? - ele disse, olhando de Sirius para Rhen - eu já perdi a conta dos dias que estou preso aqui, fazendo praticas que não me levam a nada, apanhando do meu mestre, sem noticias de Ambarys, sem poder usar minhas adagas. Sem poder usar espadas, usando bastões idiotas. Sinto muito, Sirius, estou no meu limite!

- Não são os bastões - Rhen se pronunciou - não é o silencio,não é Ambarys. Você tem que deixa - la ir.

- Eu já deixei - Kane falou baixinho - deixei ela ir, porque entendi que ela ama outro.

- Então, pare de pensar nela - Sirius sabia bem o que Kane estava passando, ele mesmo esteve em situação parecida tempos atrás.

- Como? Se existe como, me mostre - o príncipe parecia exausto, mas por mais amigos que tivessem se tornado, aquela lição ele teria que aprender sozinho.

- Basta não pensar, Kane. Rhen escolheu os bastões porque é a arma que nunca usaríamos. Não pense, apenas faça - Sirius viu o brilho vermelho nos olhos de Kane novamente, depois que ele conseguisse, provavelmente passaria dias em contemplação, para poder tocar novamente na Morte Escarlate.

- Vou lhe dar alguns minutos, Alteza - disse o monge, voltando a posição de lótus - então poderemos tentar novamente.

Kane entendeu que não poderia ir a lugar nenhum, e Preston lhe enviou Sirius para chama - lo a razão. O General de Ihgraime agora tentava faze - lo enxergar que sua paixão pela Arquimaga era a causa de suas faltas mais recentes, inclusive o motivo de perder suas adagas temporariamente. Estava errando seus julgamentos, suas batalhas e seus atos. Não estava sendo fazendo jus as armas e por isso Arthur tomou -as com facilidade. Não era culpa do arqueiro, nem de Noah por te - la conquistado, a disputa pela atenção dela foi aberta e justa. Seu irmão havia se saído melhor então era melhor esquecer, ou aquilo poderia faze - lo miserável por muito tempo.

"Você não tem que esquece - la realmente, tolo". Kane ouviu a voz de Rhen dentro de seus pensamentos, e achou que estava louco. "Você tem que arrumar uma maneira inteligente de lidar com o que sente. Agora pegue o bastão, e lute." Sirius entregou - lhe o bastão e Kane foi ao encontro de Rhen no centro do pátio. Mestre e discípulo se encaram e o monge inicia a pratica, devagar no começo como se estivesse colocando Kane num ritmo continuo em que o som das batidas dos bastões entrassem em seus pensamentos até que ele apenas não pensasse. E ele não percebeu quanto tempo esse som levou para que ele conseguisse parar de pensar mas Rhen o conduziu a algum lugar em sua mente, onde estava o nada, eram somente as batidas dos bastões, depois as batidas do seu próprio coração, e depois foi como se ele tivesse uma revelação. Estava novamente flutuando, mas agora tinha consciência disso, conseguia perceber seu poder e força de maneira mais intensa e algo que jamais havia sentido, paz. Estava na sua morada do silencio e agora ele compreendia que naquele momento nada importava. Viu Rhen se aproximando com um meio sorriso, aprovando sua conquista.

- Agora começa realmente o seu aprendizado. Noah I chegou a esse estagio, mas nunca conseguiu ser a Ruína Vermelha, você é assim chamado sem mesmo saber se vai conseguir - ele olhou ao redor apreciando o cenário mudando ao seu redor, Kane estava construindo seu próprio refugio com precisão e riqueza de detalhes.

O lugar que antes não passava de uma vastidão branca e iluminada tornava - se uma construção, de varandas claras e floridas e um jardim imenso dividido por um riacho, uma ponte de pedras ligava um lado ao outro levando a entrada de um gazebo de vidro.

- Aprendendo rápido, Alteza, a maioria leva dias para chegar a esse nível - o mestre reconheceu, mas não parecia impressionado, ele sabia que Kane teria muito trabalho por ali.

Kane seguiu as intruções de Rhen e deixou sua morada do silencio, voltando para a luta com os bastões, que agora era em pé de igualdade. Mais do que isso, estavam variando a luta entre movimentos no ar e no chão e quando finalmente encerraram o combate sem vencedores, Kane viu o bastão começando a tornar - se rubro e suas mão faiscando como se estivessem em brasa, envolvidas por uma energia vermelha. Ele havia ascendido, e agora era chamado Chama de Tendramer.

Yes! O bloqueio maldito foi embora, e aí está o capítulo! Não sei se alguém notou mais temos algumas referencias nesse capítulo, rsrs... Se você gostou, deixe seu voto e seus comentários! Boa leitura, S.H.Fischer.

Destiny - Dividida Pela Realeza - Duologia Ambarys Livro 2Où les histoires vivent. Découvrez maintenant