Capítulo 14 - Parte 1

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Maya se olhou no espelho e admirou o que viu. Longe da cela encantada e de correntes enfeitiçadas, em pouco tempo ela voltou a ser a princesa que impressionava à todos com sua beleza. Magos à serviço de Kael lhe prepararam algumas poções e agora os efeitos do coração de Nameer já não lhe pareciam tão desagradáveis. Em alguns lugares de seu corpo haviam surgido pequenas escamas, elas apareciam de três em três, braços e antebraços já tinham pontos cheios, dourados, muitas vezes escondidos pelos cabelos negros, reluziam à luz do sol e Kael dizia que pareciam diamantes amarelos sobre sua pele. Ele era tão mais interessante do que os meninos com quem costumava lidar, Maya tinha sua atenção, apesar de pouco ve - lo. Recebia presentes, todos os dias, tinha algumas aias à sua disposição, e não apenas um aposento, mas uma ala do castelo toda e somente sua. Estava sendo tratada como uma verdadeira rainha, tinha certeza que seria a rainha de Kael quando ele varresse a família Dallarion do Castelo Branco e voltasse ao poder, de onde os traidores os tiraram. Podia se imaginar reinando ao lado dele, conquistando outros reinos, suas aias já a chamavam de Rainha Serpente, no começo isso a ofendeu profundamente, mas agora achava que o titulo lhe caía muito bem. Seria adorada, e principalmente temida. Vinha planejando sua vingança. Cada um deles teria exatamente o que merecia. Torturaria Noah até a morte, Lyra seria entregue aos campeões de Kael, e serviria a eles. e quando se cansassem dela, a entregaria aos soldados, até que ela não resistisse e morresse em alguma tenda imunda, em um lugar qualquer. Chegou a salivar pensando no prazer que lhe daria ver a pequena arrogante sem seus poderes, sendo tratada como o lixo graime que era. E Kane, tinha planos para ele também. Kane seria seu, ainda que tivesse que domina - lo pela magia.

Kael saiu da sala do trono acompanhado de quatro de seus espectros e foi ao labirinto para libertar mais alguns, a presença dele ali afugentava o mais temido dos monstros e ele saboreava seu poder sabendo que ficaria muito mais forte assim que conseguisse a magia do festival. Tocaria na pedra no altar, e absorveria o presente de Ihgraime. Mas por agora precisava das Cinco Sombras de Phallenor. Era um risco mante - los no Castelo, por que ao contrario dos espectros, apesar de saber que poderiam ser dominados por Kael, eles tinham vontade própria. Poderiam consumir com toda Ullayn em questão de horas, e esse não era o desejo dele. Queria estabelecer uma ligação ente Ullayn e Ambarys, transformar os Três Reinos em quatro. Estava informado sobre toda a segurança em Ihgraime, mas queria exatamente isso, que eles achassem que poderiam enfrenta - lo. Chegaria ao altar, antes que Lyra pudesse impedir, mataria todos que estivessem em seu caminho, e naquela noite, voltaria a Ambarys como legitimo Rei.

- Se eu fosse você não estaria tão confiante - uma voz profunda fez com que ele parasse no meio do caminho.

- Achei que sequer estava no labirinto - Kael respondeu pousando a mão sobre sua espada.

- Eu estive checando Dhoravain. Acha mesmo que consegue abrir um portal de lá para Ihgraime? É um tanto ambicioso... - disse a voz.

- Eu tenho feito muita coisa como quem nasceu herac, não? Meu poder só aumenta, e eu venho me preparando para voltar a muito tempo, tenho que quebrar esse maldito banimento.

- O Arquimago deve ter colocado um prazo nessa quebra do feitiço... não quero desaponta - lo, mas sabe - se que Arnon era muito minucioso quanto aos encantamentos e feitiços que ele criava - a sombra de um homem, com estatura semelhante a dele passou abrindo caminho entre os espectros silenciosos - Cuidado Kael, não subestime Lyra.

- Lyra não está preparada para os poderes que tem, e quando eu tomar dela, Ambarys não lembrará que algum dia teve uma Arquimaga - Kael seguiu seu caminho acompanhado das horrendas criaturas que flutuavam a sobra do seu castelo. Era hora.

Ela viu no horizonte o dia se esvair rapidamente, o ritual começaria em questão de minutos e seu pai, Elders, e alguns outros ilustres magos graimes já estavam no Castelo Âmbar se preparando para o Ritual da Dádiva Graime. Lyra olhou - se no espelho e suspirou. Não tinha ideia do que esperar, faltava pouco para o ritual, e não havia sinal de Kael. Ele pretendia interromper o ritual, e isso implicaria em sacrificar alguns dos magos mais poderosos de Ambarys. Se ele ousava pensar nisso, deveria ter algum trunfo, e ela não atinava qual seria. Ouviu baterem a sua porta, não era uma batida conhecida, não era Vivian, ou Sirius. "Entre", ela disse, e viu a porta se abrindo, Noah entrou em seu quarto com uma expressão preocupada.

- Eu preciso que você me ouça - ele disse sério - eu preciso que você saiba, que Sirius e eu vamos tentar acabar com as tentativas de Kael hoje mesmo.

- E planejaram isso sozinhos - ela disse, com cara de poucos amigos - os dois não conseguirão sozinhos!

- Não preciso da sua autorização para decidir uma forma de parar Kael - ele disse andando pelo quarto.

- Não sei porque está me comunicando, Majestade, vejo que tem tudo sob controle.

- Eu quero que você volte ao castelo se alguma coisa der errado - ele disse baixando o tom.

- E sacrificar centenas e centenas de vidas... claro, eu certamente faria um absurdo desses!

- Você fará, por que é uma ordem, para a Arquimaga. E um pedido desesperado para Lyra - ele disse voltando - se para ela.

Ela viu que algo realmente o incomodava, não havia sinal do Rei ali, apenas de Noah. E ele estava com medo. Disposto a se sacrificar se fosse necessário, mas ainda assim, tanto quanto ela, com medo. Lyra se aproximou dele, e tocou a insígnia celestial gravada em seu braço. A fusão do poder das marcas ambarianas, que protegem o rei e muitas vezes quem ele ama.

- Eu sinto muito, por estar sendo uma péssima anfitriã desde que você pisou em Ihgraime - ela disse, encostando a cabeça no braço do rei herac - eu acho que exagerei, e acho que talvez me precipitei, achando que nós... você sabe, achei que estava acontecendo algo. Mas, aparentemente só eu achei.

- Não quero falar sobre isso agora. Mas, se voltarmos, se derrotarmos Kael, eu vou te dizer exatamente o que aconteceu, e o que eu penso de nós - ele voltou - se para a porta.

- Mas se há possibilidade de não voltarmos, eu jamais saberei - ela falou baixinho.

- Não vai fazer diferença, vai? - ele olhou para Lyra, e logo depois abriu a porta.

Ela certamente se perguntaria mais tarde o porque de agir daquele jeito, mas naquele instante, pouco se importou. Ela foi até ele e beijou - o nos lábios, equilibrando -se nas pontas dos pés. Noah tentou fingir que aquele gesto não foi um golpe certeiro na sua arrogância, mas não adiantou, esquecendo - se por um momento o que estariam enfrentando.

- Majestade! - era um oficial dirigindo -se apressado ao encontro de Noah - Ele está vindo, portais estão surgindo próximo a fronteira.

- Então, é melhor não deixarmos Kael esperando - Noah disse - Arquimaga...

- Sim? - ela olhou para o Rei ajeitando o capuz sobre os cabelos loiros.

- Da ultima vez, que a beijei antes da batalha, voltei são e salvo - ele piscou para Lyra e sorriu.

- Espero poder lhe dar um beijo quando retornar.

- Não pretendo desaponta - la.

Pera, que tem mais...rsrs

Destiny - Dividida Pela Realeza - Duologia Ambarys Livro 2Where stories live. Discover now