Capítulo 4

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Era a ultima noite de Lyra no Castelo Branco antes de retornar a Ihgraime, seus pais já estavam lá à uma semana, Vivian havia partido com eles, e finalmente Sirius havia retornado de Koholt para acompanha - la de volta ao Castelo Ambar. O General aparentava não estar muito satisfeito com Nathan, sua irritação era algo que talvez só a Arquimaga tivesse percebido, pois ele continuava agindo como o cavalheiro de sempre. Resolveu não perturba - lo com relatos ou perguntas, estariam indo para Ihgraime no dia seguinte, preferia que ele descansasse. Lorde Elran aparentava estar mais forte e disposto durante o jantar, mas ainda estava se recuperando, Preston havia sugerido que o levassem a Trendamer para que os Elders pudessem ajuda - lo de alguma forma, mas os curandeiros diziam que ele deveria estar melhor para que fosse até lá. Noah trocava algumas palavras com Sirius, mas nada que tivesse a ver com sua estadia no Castelo Cinza, teriam tempo para essa conversa no dia seguinte. Sua maior preocupação naquele momento eram as conversas em particular que teve mais cedo com três dos mais antigos conselheiros que acompanharam o reinado de seu pai. Não havia mais como deixa - lo no Conselho do Rei. Um deles, Lorde Norak, por seu evidente desprezo por qualquer atitude, ordem ou decisão de Noah. Mas era mais complicado do que isso. Os outros dois, Lorde Hallorne e Lorde Maves, ele havia colocado em outras funções. Hallorne serviu a Academia marcial com seu pai, e achou melhor que Kane usasse seu ímpeto sanguinário contra as invasões pessoalmente. E Maves, com certeza seria mais útil ao lado de Niel para ajuda - lo nas pesquisas que o mago estava fazendo atualmente. Mas seu problema com Norak ia muito além das reuniões do conselho, e esperava resignado pelo desfecho, que talvez acontecesse em questão de horas.

E ainda havia o drama, Bella estava no castelo e parecia segui - lo onde quer que estivesse. Não se incomodava com isso porque era passado e há anos havia superado. Mas, não podia deixar de notar que entre ela e Lyra havia se erguido uma barreira invisível, carregada de antipatia e sarcasmo. Sabia o quanto ela poderia ser útil naquele momento, principalmente no que se dizia respeito às buscas pela espada. Mas não era apenas isso, haviam encontrado outros diários de Arnon Eldriast, e livros tão antigos que mal poderiam pensar a decifrar se não fosse pela ajuda de magia restauradora. E Bella era exímia no que fazia. Gostaria que Lyra entendesse a importância do trabalho dela, mas a maga parecia resistente em relação à esse assunto. Observava o pouco interesse que ela demonstrava cada vez que Bella se pronunciava e naquele exato momento ela bebericava o vinho sem ao menos participar da conversa. Era um comportamento muito frequente, como o que Kane tinha quando parecia entediado, Noah agora via o irmão brincar com a comida num gesto parecido. Os demais olhos e ouvidos no que Bella dizia, sobre o tempo que achava que levaria para que pudesse confirmar se era ou não os corredores mortais de Dhramater. Onde o que não poderia morrer era aprisionado.

Haviam lendas, histórias sobre o que poderia haver naqueles corredores, prisões mágicas, dragões, demônios, e passagens para um calabouço infinito de horrores. Perguntava - se como em anos de paz e prosperidade um reino como Ambarys crescia com todas aquelas ameaças ao redor. Ouviu uma explicação dúbia, que levava muitos a acreditar que alguns desses lugares seriam usados para proteger o reino, e não para causar sua ruína. Imaginava se esses locais fossem abertos, o que aconteceria, Phalleron e o Rei Urso e o Rei Tigre, seus bruxos e sentinelas lutando contra um inimigo em comum. Kael havia despertado algo muito mais profundo em toda sua cobiça e loucura, e se até mesmo Dhoravain, Dhramater e Phalleron se ergueriam, estavam condenados. Lyra achava que não poderiam matar Kael, somente aprisiona - lo, diante de algum sacrifício. Aquela ideia lhe parecia um tanto sombria, mas não esperava que não houvesse danos. Bella continuava a falar sobre as ruinas, as minas e tudo o que poderia ser feito, e teve concordar que o assunto não era exatamente apropriado para aquela noite principalmente. Chamou um serviçal discretamente e deu uma ordem que os demais sequer notaram ainda entretidos pelos presságios desastrosos que sua ex explicava com tanta ênfase em pesquisas já feitas.

Depois sinalizou também muito discreto para a Arquimaga, que estava se retirando. Ela permaneceu ainda conversando com Lady Lorena por longos minutos e as conversas foram dispersando, logo pode retirar - se também. Andou silenciosamente até a biblioteca, onde achou que encontraria o Rei mas foi surpreendida por um serviçal que lhe avisou que ele a esperava no Jardim da Rainha. Mesmo Lady Lorena não sendo mais rainha, certas coisas e desígnios permaneciam no Castelo Branco. Atravessou os corredores em direção à ala da Rainha, perguntando- se se estaria frio do lado de fora. Apressou o passo, e tudo que ouvia era o silêncio que parecia vigia- la. Até ouvir uma voz feminina. Lyra parou por um instante tentando reconhecer ou mesmo entender o teor da conversa, a mulher falava com um homem. Apurou os ouvidos e reconheceu a voz de Noah. Estava quase saindo do Castelo para o Jardim, quando reparou no gazebo de vidro, seu lugar preferido no Castelo Branco, iluminado. Mas o sorriso desapareceu dos seus lábios quando percebeu que não muito longe da onde estava, encontrou a mulher de quem ouviu a voz. E Noah a beijava.

A Arquimaga apressou - se em sair dali antes que ele a visse, passos firmes pelos corredores, a expressão transtornada enquanto ouvia uma voz interior lhe dizendo para voltar e descobrir quem era. E dizer à ele que era um idiota. Mas sabia bem que não faria isso. Poderia ficar com raiva, chateada, jamais esquecer, mas de forma alguma ele ou quem quer que fosse saberia o que estava sentindo naquele momento. Mas ela tinha a noção do que era, já sentiu algumas vezes. Era raiva. Logo seria decepção. E quando acabasse, seria desprezo. Noah por sua vez viu Malena deixar o castelo e seguir pelo caminho de pedras em direção aos estábulos. Odiava ver mulheres chorando, sentia - se ainda pior quando reconhecia ser o motivo do choro. Mas não havia mais volta. Tinha que ter feito isso à muito tempo, desde que percebeu que a cada dia que passava seu interesse diminuía, mas agora era tarde. Talvez ainda tivesse que cruzar com ela em alguma ocasião, mas pelo menos ela não seria mais presença frequente no castelo. Pensava em como estava sendo canalha, e riu da situação, estava feito. Havia dispensado Norak, e agora sua linda e jovem esposa. Ele, um traidor desprezível, ela, uma mulher um tanto ingênua achando que era a única a ter sua atenção. Serviu - se do vinho graime que havia sido deixado para ele e Lyra enquanto a aguardava. Por mais difícil que fosse admitir, não conseguia prestar atenção em outra mulher que não fosse ela, desde que ela surgiu em Haniren. Aquilo era algo para se preocupar, estava ficando velho para aquele tipo de coisas. Estava pensando se ela iria demorar, quando notou Kane se aproximando.

- Huuum... - ele passou a mão pelo queixo olhando ao seu redor - velas, vinho... esperando alguém, Majestade?

- Alguém que não é você, General Kane - Noah viu o irmão enchendo a taça.

- Sobre isso, ela não vem - Kane disse procurando as palavras - ela disse para você aproveitar a noite na companhia da outra mulher que estava com você.



Vish, Majestade!
Deu ruim....
😅😅😅😅😅

Será que Lyra vai deixar Noah se explicar?  Só saberemos a resposta durante o Festival do Herói!
Até lá ainda tem muita água para passar debaixo da ponte!
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Beijos, S.H.Fisher ❤

Destiny - Dividida Pela Realeza - Duologia Ambarys Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora