24. Não saltes!

Začať od začiatku
                                    

– E se eu não quiser lembrar? – alvitrou ela, passado algum tempo. Queria que Jake tivesse razão, mas tudo o que ele lhe dizia parecia errado. Terrivelmente errado.

– Tudo bem – concordou o moreno, querendo terminar aquela conversa. Talvez Rachel ao falar com ela a fizesse mudar de ideias. – Ainda falta algum tempo, não precisas de pensar já nisto.

– Eu não quero – Mas ela insistia, como se fosse uma criança. – Vais deixar-me?

A simples pergunta inocente até o assustara a ele. Não tinha resposta para ela e apenas foi capaz de apertar o volante com mais força e recostar-se no banco.

– Eu sei que vais – concluiu a rapariga, esboçando um sorriso amargo. – Pessoas normais não tomam conta de pessoas como eu e não vivem em casa de desconhecidos. Eu percebo.

Ele queria dizer-lhe que não era nada daquilo que ele insinuara, mas uma vez mais não conseguiu responder. A tensão entre os dois, nos minutos seguintes, tomou dimensões exageradas e quase que se podia sentir e tocar. Ambos fixavam o olhar na estrada e nenhum dos dois proferiu uma palavra.

Alguns metros à frente, uma reconhecida tabuleta que indicava Lake Hollywood Reservoir – 4 milhas fê-lo sorrir. Olhou para Kim de soslaio, percebendo-a ainda apreensiva e decidiu pelos dois.

 ***

Jake desligou o carro e o silêncio tornou-se absoluto. Kim não o encheu de perguntas de imediato e ele permitiu-se desfrutar do local.

A paisagem que os envolvia era encantadora, acolhedora e sobretudo familiar. Apenas a poucos quilómetros da grande cidade, a Natureza brindava-os com aquele oásis natural. Na verdade, fora criado pelo homem e nunca uma obra lhe parecera tão bonita.

Um sumptuoso lago no vale das famosas colinas de Hollywood, abrigado por uma vegetação densa e exuberante era o local perfeito para o transportar para casa, numa breve ilusão. Lá em cima, o célebre letreiro da cidade, que tomava proporções colossais visto dali, e uma barragem ao longe eram as únicas provas da mão do Homem num local tão recôndito.

Kim também parecia surpresa e apesar de não perceber o gesto dele, não conteve a admiração, sorrindo com entusiasmo.  

– O que é isto? – Acabou por perguntar ao ver que ele não tomava a iniciativa. Jake olhou-a e retribuiu o sorriso, satisfeito por ela não estar zangada. Nunca a vira zangada antes e talvez ainda demorasse até que isso acontecesse. Pelo menos não enquanto ela estivesse maravilhava com a extensão de água à sua frente.

– Não sei bem porquê mas sempre quis vir aqui e quero muito lá ir acima – apontou para o famoso letreiro – Se não fosse este calor quase que podia jurar estar em casa outra vez – confessou o moreno, seguindo o olhar dela. – Mas isto não chega.

– Não chega? É gigante!

Ele soltou uma pequena gargalhada. Era de esperar que ela não percebesse o sentido da sua afirmação, do seu gesto. Talvez isso nem importasse.

– Bem, por comparação com o mar...

– Tens razão – Kim também riu, comparando mentalmente o pequeno lago ao imenso oceano. – E podemos mergulhar aqui, como no mar?

– Podemos, mas... – Jake acenou afirmativamente, mas antes de poder terminar a sua frase, a rapariga desprendeu-se do cinto com uma rapidez incrível, abriu a porta e correu pela relva verdejante em direção ao lago.

– Não, Kim! Para! – gritou, apressando-se a sair do carro para a impedir.

– Anda, Jake! – chamou a rapariga, tirando o vestido vaporoso pela cabeça e lançando-o para o chão. Jake esbugalhou os olhos ao vê-la apenas em cuecas, mas ao perceber a sua intenção, forçou-se a correr ao alcance dela.

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