– Deixa, Kim, eu já desligo.

Ela sorriu e virou as costas aos dois, o que fez Aidan tossir para conter o riso.

– Então isso é a sério? – perguntou o loiro, ainda divertido.

– Isso o quê?

– Essa coisa entre ti e a amnésica – explicou, apontando para onde Kim estivera.

– Que coisa?

Aidan semicerrou os olhos ao notar um falso desentendimento no amigo.

– Ora, a cena lamechas do tipo Hércules e Meg, Bela Adormecida e Príncipe Encantado, Yoda e Jedi, Mr. Miyagi e...

– Não estás a ficar doente, pois não? As alucinações não são um dos sintomas? – A insinuação de Aidan era completamente descabida, e no entanto, Jake não conseguia sentir-se ofendido.

– Sou a pessoa mais saudável deste grupo. Mas não sou cego.

– Dá-me uma simples razão para eu andar de beicinho pela Kim e eu peço-a já em casamento – brincou Jake, demonstrando o quão absurdo era o facto de o amigo pensar que mantinha uma relação amorosa com Kim, quando nem sequer sabia se o que tinham podia ser considerado amizade.

– Sexo fácil.

Jake soltou uma gargalhada inesperada. Ele não olhava para Kim como alguém disponível para partilhar momentos de intimidade sem compromisso.  Se lhe pedisse para o fazer, ela aceitaria. E era por isso que ele não o faria.

– Vê-se que não a conheces de todo.

– Mas conheço-te a ti. Vais dizer que não a comias? A miúda é super na lua e confia mais em ti do que no facto de o sol nascer todos os dias do mesmo lado. – Aidan parecia não estar a brincar. – Basta estalares os dedos e tem-la por baixo de ti no instante seguinte.

– Sim, estamos todos em risco de ficar doentes ou sermos assaltados a qualquer momento por um maluco, e eu não tenho mais nada para fazer a não ser andar atrás do rabo da Kim – murmurou, irónico. Revirou os olhos e suspirou, colocando os braços por baixo da cabeça.

– De facto, não é o melhor rabo, mas... Eu ia lá, se ela quisesse.

– Experimenta conhecê-la e depois diz-me se continuas a pensar assim.

Jake não se irritaria com uma simples e vulgar insinuação. Aidan sempre gostara de inventar histórias e normalmente acertava nas protagonistas, mas, ainda assim, apreciava a sua companhia e valorizava a sua amizade. Estavam juntos há tantos anos que ele o considerava o irmão pateta que toda a gente tem e ninguém quer.


– Bem, obrigado por me lembrares que até hoje não sei por que ainda te aturo, depois de todos estes anos – declarou o moreno, erguendo-se da espreguiçadeira. Deu várias palmadas no joelho do amigo e levantou-se.

– Desde que não me comas a mim, agradece como quiseres. E quando voltares traz-me o maço, por favor – pedinchou Aidan, apesar de não receber resposta.

  ***

– Estão vestidos?

Rachel apenas riu ao ver a cabeça de Jake surgir timidamente pela porta entreaberta e quase o forçou a entrar no quarto.

– Nunca sei quando decidem engolir a língua um do outro – gracejou. Depois, mais sério, perguntou: – Como estás?

Rachel desfez o sorriso e olhou para o namorado, pedindo silenciosamente autorização.

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