Capítulo XXIV

314 34 8
                                    

Ela podia ouvir Cecília gritar a cada soco que ele acertava em suas costelas, um pouco de sangue saiu por seus lábios. Ela estava pendurada em uma corrente no porão de um navio balançando conforme as ondas e os golpes.

- Carter! – Ouviu a voz de Cecília. – Carter!

Também conseguiu ouvir a risadinha desdenhosa de Adrian, um de seus olhos já não abria de tão inchado. Ele havia ordenado que ela fosse carregada para o navio assim que lhe apanharam em uma das celas do castelo.

- Por que ela mandou te prender? – Ele abaixou a voz, puxou os cabelos de Carter para seu rosto ficar na luz.

Tinha dado ordens expressas para impedirem a entrada de Tebes ali, ignorara qualquer protesto que o homem emitira. Estava sentindo prazer em extravasar toda a raiva que sentia por aquela mulher. E como bônus podia ouvir o desespero de Cecília que fora aprisionada tentando escapar, resmungara de não conseguir pegar o Duque de Galiza ele era o herdeiro presumido ao trono. Mas aprisionar Cecília era quase tão doce quanto espancar Carter, precisaram sair as pressas para garantir que ninguém tentaria resgatar a rainha. Ele entregaria as duas a Rosalinda e a guerra iria se encerrar.

- Vá se foder. – Carter cuspiu sentindo o sangue na boca.

Adrian cerrou a mão em um punho e a socou com força deixando Carter pender desacordada.

- Espero que tenha se divertido fodendo essa puta. – Sussurrou para a mulher desacordada enquanto Cecilia gritava ainda mais alto.

Ele se afastou subindo as escadas. Tebes estava impaciente andando de um lado para outro, avançou para Adrian assim que ele surgiu do porão.

- O que você fez? – Rosnou para o homem, um dos guardas de Adrian o impediu de se aproximar mais. – Rosalinda vai te mandar para a morte por isso.

Adrian arqueou a sobrancelha para ele.

- Ela não vai me mandar a lugar algum. – Ele sorriu com alegria. – Ela está viva, ou pelo menos nós a capturamos assim e assim ela entrou nesse navio, não tenho culpa se ela se rebelou.

- Alkaid. – Tebes rugiu sentindo o coração bater acelerado.

- Ela é condenada por traição. – Adrian deu de ombros antes de se afastar. – Morrer aqui ou nas mãos do executor não faz diferença.

Tebes se afastou rapidamente, pegou um de seus encarregados.

- Assim que aportarmos corra para avisar a rainha-mãe. – Sussurrou para ele. – Diga que a Duquesa está gravemente ferida e o culpado disso é Alkaid.

*Acrab*

Sophia empurrou as portas do escritório que Rosalinda voltara a ocupar. Retornou a Aegir assim que soubera do ataque bem-sucedido, passara a ocupar outros aposentos e mandara reconstruir imediatamente o que fora destruído. Rosalinda estava ansiosa sabia que Cecília agora era sua prisioneira e que tropas suas ocupavam Cidade Real. Mas sua ansiedade se misturava a raiva por finalmente poder ver Carter, ela merecia algumas explicações da mulher.

- Quais foram as suas ordens para Adrian? – Sophia bradou.

Rosalinda franziu as sobrancelhas olhando para a mãe, dispensou Guilherme e a outra secretária com um olhar.

- Do que está falando? – Perguntou confusa. – Adrian está retornando com algumas tropas, aprisionamos Cecília e ele está a trazendo.

- Você ordenou que ele executasse Carter? – Sophia continuou agitada.

O coração traidor parou de bater por um instante, as mãos tremeram e ela sentiu um frio intenso que há meses não sentia.

- O que? – Sua boca seca proferiu as palavras em voz baixa quase não acreditando. – Eu disse que a queria viva.

Acrab - SemiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora