Capítulo XV

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Rosalinda examinava uma longa lista de magistrados que estavam atuando no país em seu nome. Estava pensando em como garantir que eles realmente cumprissem as leis que ordenava, parecia que quanto mais afastados eles se encontravam de seus olhos mais confortáveis eles se sentiam para lhe apunhalar.

- Majestade. - Sua assistente abriu a porta lentamente. - O Magistrado Toledano.

Rosalinda fez um movimento com a mão para que ele entrasse, se ergueu deixando a lista na mesa e caminhando até as duas poltronas próximas a lareira que crepitava feliz. O homem já senhor de idade se aproximou com passos largos e lhe fez uma profunda reverencia a tomando pela mão.

- Minha rainha. - Murmurou ainda inclinado.

- Magistrado. - Rosalinda o examinou antes de permitir que ele se sentasse. - Eu o pedi para vir aqui, pois preciso de alguns conselhos.

- É claro, minha senhora. - O homem franziu as sobrancelhas, os olhos escuros examinando Rosalinda com cuidado. - Em que posso servi-la.

- O senhor era o magistrado de confiança do meu pai, certo? - Ela falava lentamente. - Após a morte dele ainda me auxiliou por alguns anos antes de se aposentar.

- Sim, minha senhora. - Ela pode ver uma leve faísca nos olhos dele. - O Magistrado Lopez não está lhe atendendo bem?

- Está... - Rosalinda moveu a mão para servir um pouco de vinho. - Tem... sido satisfatório.

O homem aprumou os ombros, sentiu uma leve tensão se abater em sua nuca.

- Estou interessada em um assunto ao qual tenho certeza que o senhor cuidou para meu pai. - Rosalinda tomou um pequeno gole do vinho e sorriu para o homem. - A respeito de uma certa prima de minha mãe.

Ela pode ver o homem lamber os lábios e soltar um suspiro.

- Então creio que a senhora já sabe. - Ele falou como se estivesse cansado. - A respeito do rapaz.

- O rapaz está aqui. - Rosalinda falou entredentes. - Em meu reino e pelo que sei andou dizendo por ai que ele pode ser o Rei.

O magistrado ergueu o queixo com um olhar afiado.

- Seu pai tomou providencias para que isso não pudesse acontecer.

- Meu pai o reconheceu? - Rosalinda cruzou as pernas. - De algum jeito? Escreveu alguma carta? Falou algo?

- Não. - O homem suspirou. - Comigo ele não deixou nada e creio que nem com o falecido Duque de Acrab.

Rosalinda ficou em silêncio olhando para o homem. Pedro era uma incógnita, sem nenhum reconhecimento oficial do rei, além da carta sem selo oficial que ele carregava e o exame de DNA, o homem parecia a vontade de mais. Ele tentaria lhe derrubar de alguma maneira que ainda não estava muito clara.

- Ele tem uma carta escrita por meu pai, de próprio punho. - Ela inclinou a cabeça vendo o homem arregalar os olhos sutilmente. - Sem selo oficial, isso pode contar de algo caso ele queira pleitear uma herança?

- Creio que sim, Majestade. - O homem suspirou colocando a taça na mesinha ao lado. - Seu pai não deveria ter feito isso sem me avisar.

- Ele pode reclamar o trono? - Rosalinda sentiu a boca secar de leve.

- Isso eu não creio. - O homem falou firmemente. - Nossas leis são claras, ele só poderia reclamar o trono se fosse filho legítimo. Ele pode por outro lado utilizar da imagem de seu pai para ganhar vantagens. Terras, dinheiro e poder.

- Bela tríade. - Rosalinda retrucou com um gosto amargo na boca. – O senhor está me dizendo que ele não pode reclamar o trono? Mesmo com a lei da primazia masculina?

Acrab - SemiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora