Capítulo Dez

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O universo se move para nós,

Não houve nem uma pequena falta.

Nossa felicidade era pra ser,

Porque você me ama, e eu te amo



Desde que eram crianças, Jimin sempre foi uma pessoa demasiadamente gentil e paciente, constantemente preocupado em manter a paz entre os amigos e nunca relacionado a qualquer confusão ou desavença.

Era bom estar ao lado dele, exatamente por que Jimin sempre parecia ser um ponto de paz em meio à todas as outras coisas que Jungkook não compreendia ainda, e, considerando que o mais velho o viu sair das fraldas e também acompanhou seu primeiro interesse romântico quando estava na quarta série, aqueles momentos foram muitos.

Apesar de tudo, Jungkook nunca havia visto Jimin como se ele fosse alguém que estava lá para ele. O vizinho era o melhor amigo de seu irmão e a mãe dele era quase irmã de sua própria progenitora.

Ter Park Jimin por perto era comum. Estranho mesmo era finalmente constatar, depois de uma vida toda, que a presença do outro não era rotineira, mas sim esperada.

Fora para Jimin que ele havia contado sobre Nayeon, uma garota três anos mais velha por quem havia nutrido uma paixão infantil e inocente quando possuía ínfimos nove anos. A garota em questão era da sala de Jimin, e por algum motivo Jungkook achou que o mais velho poderia ajudá-lo.

Mas o que aconteceu, na verdade, foi que Jimin, com toda a sabedoria que um garoto de doze anos é capaz de possuir, só fez acolher as lágrimas alheias quando contou que Nayeon se mudaria em breve para outra cidade. Jungkook enterrou ali suas chances de viver um romance cinematográfico, sem jamais saber que nunca teria chances com a garota...

...E também sem notar que desde aquele momento, Jimin fez de sua meta protegê-lo de dores como aquelas.

Era por isso que naqueles minutos, enquanto o mais novo via o visor digital do elevador subir de andar em andar, ele compreendia por que Jimin nunca havia lhe contado anteriormente que eram almas gêmeas.

Muito além do tempo, havia proteção. Havia cuidado. E apenas agora ele compreendia o que era ter alguém que fazia o mundo girar devagar.

Ao abrir das portas, o corredor largo e branco parecia comprido demais, e nem poderia ser diferente. Cada passo mais perto era uma batida mais acelerada, e Jungkook queria retardar aquele encontro com medo do relógio lhe dizer que não era a hora certa, mas isso jamais aconteceria, por que a outra metade de sua alma estava à passos de distância e a própria parecia querer fugir de dentro de si para juntar-se a ela.

Era assim que seus padrinhos, seus pais, Namjoon e Jin, Taehyung e Hoseok haviam se sentido quando desencadearam? Será que era realmente possível alguém sentir tanta coisa ao mesmo tempo, assim como Jungkook sentia?

Não muito depois ele estava à dois passos do quarto de Jimin. A porta estava aberta, então ele não se aproximou muito, parando a alguns passos de distância enquanto tentava acalmar os próprios batimentos, buscando não parecer tão ansioso quanto de fato se sentia.

Havia uma constelação todinha feita em laranja, vermelho e amarelo ao seu redor, e ele tentava se acostumar com a nova percepção, ao mesmo tempo que buscava se tornar um monge budista no auge da tentativa de se manter calmo enquanto sentia que poderia derreter sob o chão esterilizado.

TRUE COLORS | jikookWhere stories live. Discover now