Capítulo 12 - Lobo livre

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Diego me encarou com um pequeno sorriso cheio de malicia, claramente o que ele planejava fazer comigo o divertia. Senti um arrepio frio subir por minha espinha com seu olhar dissimulado, mas me mantive firme, afinal... O que um menino da idade dele poderia fazer com um adulto?

Yvan por outro lado parecia não conseguir esconder o seu receio, talvez temesse por mim, pois já havia provado do que Diego era capaz. Ele nos escarava com um semblante alarmado em um ponto afastado, como se temesse estar perto do outro garoto.

Ver Yvan com medo me preocupava, mas também me deixava aliviado. O menino não era mais uma máquina de combate fria e sem sentimentos. Ele agora era capaz de chorar por seu irmão, além de demonstrar sentimentos que muitos ainda associam à fraqueza, e mesmo assim ele seguia sendo o menino mais forte que eu já conheci.

— Diego, peça desculpas ao Yvan — Ordenei com um tom firme e cruzei meus braços diante do peito, também mantive uma expressão áspera, tudo isso na intensão de intimida-lo ao menos um pouco.

Porém isso pareceu não surtir qualquer efeito no garoto, pelo contrário, pareceu até estimula-lo. Seu sorriso, que era perturbador demais para uma criança, se ampliou.

Diego se livrou da minhoca que minutos antes estava tentando forçar Yvan a comer, e, de repente, sem aviso algum, ele levou sua mão direita aos próprios cabelos, agarrou um bom chumaço de suas madeixas e me lançou um sorriso ainda mais perturbador.

O que ele planejava?

— Você vai me obedecer agora, feioso. — Ao proferir tais palavras cheias de confiança, ele então puxou seu próprio cabelo com força o suficiente para arrancar alguns fios. Fiquei estático, sem reação alguma diante daquela cena inacreditável.

Até Yvan ficou pasmo sem entender.

— Feioso... Se não me obedecer, eu vou contar pro meu pai que você me bateu. — Diego anunciou com tranquilidade ao mostrar o belo tufo de cabelo em sua mão. Sua expressão era quase demoníaca.

— O quê? — O encarei sem crer naquilo, ele estava tentando me chantagear? Uma criança da idade dele seria astuta o suficiente para bolar algo neste nível? Eu não posso crer em algo assim.

— Ai! Você tá me machucando! — Ele se estapeou de repente, eu fiquei chocado diante do ato inesperado — Pare tio, por favor! — Seus olhos se encheram de lágrimas na segunda bofetada, porém ele ainda sorria para mim com uma expressão vencedora.

— Mas o quê? — Finalmente meu cérebro processou o que estava acontecendo, finalmente eu dei um passo à frente e tomei uma atitude — Pare já com isso! — Ordenei ao me aproximar de Diego, que ainda se batia com força o suficiente para deixar um vermelho vivo em seu rosto.

— VOCÊ TÁ ME MACHUCANDO... PARE TIO, POR FAVOR, PARE — Diego berrou com um tom choroso assim que me ajoelhei diante dele, eu tinha que admitir que o menino era um bom ator. Tentei segurar seus braços, mas ele era rápido e forte.

Yvan se afastou ainda mais com os olhos arregalados.

— Você é louco? — Indaguei ao finalmente conseguir segurar as mãos dele, tentado ao máximo impedir que ele se machucasse novamente — Pare já com isso, moleque! — Ordenei em tom sério.

— Você não manda em mim — Ele resmungou de volta — E é bom me obedecer como os outros fazem, se não eu vou contar pro meu pai que você me bateu e ele vai te expulsar do Bando. — Ele cantarolou todo contente, o tom choroso havia sumido de sua voz.

Ah! Então é assim que ele coloca medo nos adultos do Bando de Connor? Todos têm medo que esse pirralho arme pra cima deles, é isso? Ou talvez ele tenha diferentes modos de manipulação.

O segredo de EthanOnde as histórias ganham vida. Descobre agora