Ficamos na estrada por uma hora e meia, até que Aiken parou em uma cidade vizinha e movimentada.— Irei atrás dos meus contatos e verei se ainda existe a antiga base, onde ficaremos mais seguros — Atlas informou enquanto saltava para fora do carro estacionado em uma viela iluminada pelos primeiros raios de sol — Volto em meia hora — dito isso, ele sumiu entre a multidão que já estava de pé: em grande maioria comerciantes e pedintes.
— Passou o caminho inteiro calada, aconteceu alguma coisa lá no hotel? — Aiken me perguntou ao se virar no banco para me olhar diretamente.
— Só estou cansada — dei de ombros, mentindo em parte, não havia ficado calada somente por isso.
— De quê?
Arqueei as sobrancelhas.
— "De quê?" — o imitei — talvez de ter matado mais homens do que posso contar nos dedos e de ter subido correndo mais de cinco lances de escadas — debochei.
— Vimos quando empurrou um cara da cobertura, por alguns segundos pensamos que era você quem estava caindo — Ayla comentou quase deitada ao meu lado com dor, apesar de não reclamar nenhuma vez.
Sorri de lado.
— Não hoje — eu disse sobre morrer.
— Está sangrando — Aiken apontou em alerta para o meu pescoço, me fazendo levar a mão até a região automaticamente.
— Precisei que acreditassem que eu estava disposta a morrer, caso não me ouvissem — expliquei e passei o dedo pelo local do corte, o sangue estava seco — Não se preocupe, já estancou.
— Precisa tampar isso ou vai infeccionar, e de doente já basta eu — Ayla mandou.
Aiken se moveu no banco da frente, puxando algo do painel do carro e se virando novamente pra mim.
— Bota isso — ele estirou em minha direção um pedaço de algodão preso a uma fita adesiva — É um band-aid, um curativo industrializado para pequenos cortes — explicou enquanto eu botava em cima do machucado — Temos mais de uma dúzia disso aqui no carro, os saqueadores da época da grande guerra não achavam que precisariam, então acabaram deixando acumular no que chamavam de farmácias.
— Idiotas. Todo mundo em algum momento da vida precisa de um baind-aid, principalmente a nossa geração que utiliza mais armas brancas do que as de fogo pra se defenderem — Ayla criticou e revirou os olhos.
— Estive pensando no caminho no que me perguntou no hotel — mudei de assunto drasticamente, decidindo falar a verdade e, assim, os confundindo.
— E o que eu perguntei? — O loiro estreitou os olhos, sem entender.
— Sobre como conseguiam me identificar — os situei e eles assentiram — E eu não consigo pensar em nenhuma explicação óbvia.
— Quando conversou com o Bruce, ele não tirou seu sangue ou lhe deu alguma coisa? — Ayla tentou adivinhar.
— Não, a única vez que estive perto de uma agulha foi quando tomamos a dosagem do X-8 — eu os lembrei do antídoto.
— Talvez não tenha sido a única vez, lembra da picada que recebemos assim que saímos daquele elevador e ficamos isolados? — Aiken lembrou.
— Pode ter sido para pegar uma amostra de sangue de cada um de nós — Ayla concordou com a hipótese do irmão.
— Mas como saberiam quem eu sou apenas com o meu sangue? Atlas disse que eles tinham um aparelho e, para saber a compatibilidade, precisa de outra amostra do sangue, fora que o resultado não seria imediato — descartei.
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Ninka Baker e Os Recrutas
Science FictionQuinhentos anos após uma terceira guerra mundial sangrenta que levou a humanidade perto de sua extinção, o mundo se tornou um lugar totalmente diferente do que conhecemos atualmente. Uma terra onde a tecnologia e os costumes primitivos andam lad...