SIXTY | DEVICE

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Ficamos na estrada por uma hora e meia, até que Aiken parou em uma cidade vizinha e movimentada.

— Irei atrás dos meus contatos e verei se ainda existe a antiga base, onde ficaremos mais seguros — Atlas informou enquanto saltava para fora do carro estacionado em uma viela iluminada pelos primeiros raios de sol — Volto em meia hora — dito isso, ele sumiu entre a multidão que já estava de pé: em grande maioria comerciantes e pedintes.

— Passou o caminho inteiro calada, aconteceu alguma coisa lá no hotel? — Aiken me perguntou ao se virar no banco para me olhar diretamente.

— Só estou cansada — dei de ombros, mentindo em parte, não havia ficado calada somente por isso.

— De quê?

Arqueei as sobrancelhas.

— "De quê?" — o imitei — talvez de ter matado mais homens do que posso contar nos dedos e de ter subido correndo mais de cinco lances de escadas — debochei.

— Vimos quando empurrou um cara da cobertura, por alguns segundos pensamos que era você quem estava caindo — Ayla comentou quase deitada ao meu lado com dor, apesar de não reclamar nenhuma vez.

Sorri de lado.

— Não hoje — eu disse sobre morrer.

— Está sangrando — Aiken apontou em alerta para o meu pescoço, me fazendo levar a mão até a região automaticamente.

— Precisei que acreditassem que eu estava disposta a morrer, caso não me ouvissem — expliquei e passei o dedo pelo local do corte, o sangue estava seco — Não se preocupe, já estancou.

— Precisa tampar isso ou vai infeccionar, e de doente já basta eu — Ayla mandou.

Aiken se moveu no banco da frente, puxando algo do painel do carro e se virando novamente pra mim.

— Bota isso — ele estirou em minha direção um pedaço de algodão preso a uma fita adesiva — É um band-aid, um curativo industrializado para pequenos cortes — explicou enquanto eu botava em cima do machucado — Temos mais de uma dúzia disso aqui no carro, os saqueadores da época da grande guerra não achavam que precisariam, então acabaram deixando acumular no que chamavam de farmácias.

— Idiotas. Todo mundo em algum momento da vida precisa de um baind-aid, principalmente a nossa geração que utiliza mais armas brancas do que as de fogo pra se defenderem — Ayla criticou e revirou os olhos.

— Estive pensando no caminho no que me perguntou no hotel — mudei de assunto drasticamente, decidindo falar a verdade e, assim, os confundindo.

— E o que eu perguntei? — O loiro estreitou os olhos, sem entender.

— Sobre como conseguiam me identificar — os situei e eles assentiram — E eu não consigo pensar em nenhuma explicação óbvia.

— Quando conversou com o Bruce, ele não tirou seu sangue ou lhe deu alguma coisa? — Ayla tentou adivinhar.

— Não, a única vez que estive perto de uma agulha foi quando tomamos a dosagem do X-8 — eu os lembrei do antídoto.

— Talvez não tenha sido a única vez, lembra da picada que recebemos assim que saímos daquele elevador e ficamos isolados? — Aiken lembrou.

— Pode ter sido para pegar uma amostra de sangue de cada um de nós — Ayla concordou com a hipótese do irmão.

— Mas como saberiam quem eu sou apenas com o meu sangue? Atlas disse que eles tinham um aparelho e, para saber a compatibilidade, precisa de outra amostra do sangue, fora que o resultado não seria imediato — descartei.

Ninka Baker e Os RecrutasWhere stories live. Discover now