ELEVEN | WATER

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Os aldeões que nos capturaram, amarraram eu e o Carter juntos aos outros recrutas.

Eles dois fizeram com que todos nós ficássemos de pé e fizéssemos uma fila indiana, amarrados por uma única corda, e se puseram no início e no final da mesma para nos conduzir e nos vigiar ao mesmo tempo.

Fizemos uma longa e árdua caminhada. Os mosquitos, a fome e a sede contribuíram para esse último fator. Durante o caminho, percebemos duas coisas: a primeira era que os aldeões desenvolveram uma linguagem somente deles, por isso, não conseguíamos entender muitas coisas, e a segunda era que eles pareciam não temer os mortos, visto que um deles atravessou o nosso caminho e acabou com uma lança atravessada na cabeça.

Nossos pés doíam e estávamos encharcados de suor quando um de nós desmaiou, fazendo todos pararmos.

- Victória! – Margot identificou assustada quando viu a menina cair em sua frente. Me virei preocupada ao sentir o peso e a pressão para baixo que a corda, que ligava toda a fila, fazia.

- Levante! – o aldeão negro, que era o mais próximo da gente, mandou.

- Ela está desidratada. Todos nós estamos. – Eu tomei a liberdade de falar e me agachei ao lado da ruiva que estava pálida e com a boca ressecada. Toquei sua testa e ela estava gelada.

- A pressão dela deve ter baixado – Margot disse para mim ao avaliá-la.

- Levante! – o homem mandou novamente, desta vez em três tons mais altos.

- Precisamos de água! – gritei de volta, o que não foi uma boa ideia visto que o aldeão desceu de seu cavalo e, em passos firmes, caminhou até onde estávamos. Eu e Margot ficamos de pé no mesmo instante. Ele nos empurrou sem delicadeza alguma e se agachou perto da Victória com uma faca em mãos.

– Ei, não toque nela! – eu mandei desesperada e tentei me aproximar para o impedir de matá-la, mas o cara tinha duas vezes a minha altura e foi fácil me afastar novamente usando somente uma das suas mãos.

Ele aproveitou a outra que segurava o objeto pontiagudo e cortou a corda que ligava Victória ao restante do grupo. Vendo que não era sua intenção matá-la, eu me acalmei e fiquei imóvel aguardando seus próximos movimentos.

Agora, com suas duas mãos livres, ele juntou novamente os dois pedaços da corda em um nó. Depois, ele tomou Victória em seus braços e a colocou de bruços na traseira de seu cavalo, montando nele logo em seguida. O aldeão nos fez caminhar por mais alguns minutos, até nos parar e descer do seu cavalo.

- Água – ele disse de repente e apontou para o chão atrás de si.

Ao nos aproximarmos mais um pouco, escutamos o barulho da água que passava entre algumas pedras em uma pequena velocidade. Um córrego. Desesperados, nos colocamos de joelhos perto da corrente e levamos nossas mãos em forma de conchas até a água, a trazendo em seguida até as nossas bocas.

O homem deixou Victória no chão ao nosso lado novamente. Margot a apoiou em seu colo enquanto eu arrancava uma folha de uma planta qualquer e fazia dela um meio para transportar a água até a boca da Victória, que acordou ainda fraca assim que o líquido passou por seus lábios e molhou sua garganta.

- Ei, você está bem – eu sussurrei para ela quando vi a mesma arregalar os olhos, atordoada. Me virei para o aldeão que nos observava com curiosidade e uma certa preocupação. – Obrigada – agradeci sincera, mesmo sabendo que ele provavelmente estava nos levando para sermos escravos de sua aldeia.

- Parece que os gêmeos se deram bem – Karl comentou em um sussurro.

Ele estava certo, Ayla e Aiken foram os únicos que conseguiram escapar dos aldeões.

- Parece que não somos tão parceiros agora – Carter debochou, olhando diretamente para mim.

- Eles não vão nos deixar para trás, se é esse o seu medo – retruquei para ele no mesmo tom.

- E como você pode ter tanta certeza? – Karl quis saber.

- Porque são pessoas honráveis e, além disso, nós tínhamos um acordo – o respondi como se fosse o óbvio.

- O acordo já era, Baker. Somos nós quem precisamos deles e não o contrário. – Carter disse amargo, como se depender de alguém fosse uma doença.

- Eles vão nos ajudar, Carter – eu lhe assegurei.

– Nem você mesma acredita no que está dizendo – ele apontou para o meu rosto e eu desviei o olhar para as minhas mãos.

Bom, isso não era totalmente mentira. Eu queria muito acreditar que os irmãos nos ajudariam, mas por que se arriscariam entrando numa aldeia para resgatar pessoas que conheceram na estrada?

- Vamos! – o outro aldeão de pele azulada ordenou, vendo que estávamos cochichando, e todos os recrutas voltaram para suas formações.

Nós estávamos os obedecendo por motivos bem lógicos, como por exemplo por causa de suas lanças que estavam constantemente apontadas em nossas direções.

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E então, preparados para a segunda fase do livro?

O que vocês acham que a Ninka e os Recrutas vão encontrar na aldeia?

Se gostarem, por favor, comentem e favoritem!
É importante para mim.

Ninka Baker e Os RecrutasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora