THIRTY SIX | HOTEL - PART II

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Aiken e Ayla nos levaram até os nossos respectivos quartos, que se localizava no sétimo andar. Subimos todos os andares de escada, já que o elevador não funcionava há pelo menos 100 anos.

— Meninos e meninas? — Aiken perguntou e todos assentiram, concordando com a divisão.

Então a irmã dele jogou uma chave para ele, que agarrou no ar e levou os meninos para o quarto ao lado do nosso.

— Não é nada cinco estrelas, mas deve dar pro gasto — Ayla comentou ao abrir a porta.

— Tá de brincadeira? — Victoria perguntou com os olhos arregalados.

O quarto tinha uma enorme cama de casal ao nosso lado direito, um guarda-roupa de madeira do lado oposto e um sofá luxuoso e espaçoso encostado na parede a nossa frente.

— Eu posso dormir no chão e...— eu interrompi Ayla.

— Não precisa dormir no chão, tem espaço o suficiente para todo mundo. Eu durmo com as meninas na cama e você pode ficar com o sofá. — dividi os lugares e Victoria e Margot me apoiaram.

— Tem certeza? Porque, se ficar muito apertado, não precisa se preocupar comigo.

Toquei o seu ombro com um sorriso, feliz pela genuína preocupação vindo dela.

— Ayla, nós dormíamos no chão de terra e pedra da aldeia. Tudo o que tínhamos pra apoiar a cabeça era palha seca. Então acho que a gente consegue dividir essa cama extremamente macia de dois metros de largura — eu brinquei e ela sorriu, assentindo.

Alguém bateu na porta antes de abri-la.

— Está tudo bem por aqui? Trouxeram os travesseiros e cobertores — Aiken entrou no quarto carregando mais travesseiros e lençóis, os quais deixou em cima da cama — Já viram o banheiro? Fica ali! — ele apontou para uma porta escondida na parede ao qual a cama ficava escorada.

— EU VOU TOMAR BANHO PRIMEIRO! — Victoria gritou afobada, correndo para o cômodo.

— SEGUNDA! — Margot entrou na loucura de ordem.

— Eu posso ficar por última — eu disse a Ayla que riu.

— Ótimo, porque eu quero te mostrar uma coisa — Aiken ganhou minha atenção e minha curiosidade, e saiu do quarto.

Presumi que deveria segui-lo e assim o fiz. O garoto me fez subir alguns lances de escadas para me levar até onde queria. Ele abriu a porta que separava a escada do corredor, me dando visão do que era aquele andar.

Deveria ser mais um andar de quartos, como qualquer outro, mas as paredes estavam completamente destruídas.

— Esse é o décimo andar. Ainda deveriam existir cinco acima dele, mas foram destruídos na guerra. — Aiken explicou atrás de mim — Agora é o que as pessoas antigamente chamavam de cobertura.

Entreabri meus lábios, entendendo o conceito do nome. Se você não focasse nos escombros, notaria a bela visão que você tinha da cidade, mesmo que ela normalmente não fosse tão agradável aos olhos.

— É lindo — confessei em um sussurro, admirada com o contraste do céu estrelado com a escuridão da cidade destruída — O que é aquilo? — eu dei alguns passos para apontar uma linha de luz um pouco afastada da cidade.

— É o Distrito, a Capital.

A revelação fez com que eu arregalasse os meus olhos e encarasse Aiken ao meu lado, que estava com as mãos escondidas nos bolsos. Estávamos muito perto do nosso destino final.

— A linha de luzes é o muro — foi a vez dele de apontar.

— Muro?

— Eu te disse que pra entrar lá precisa ser muito bom em alguma coisa. Tudo que existe lá é do bom e do melhor. E, de alguma forma, o vírus não atravessa aquele muro. Ou, se atravessa, eles sabem conter muito bem.

Ninka Baker e Os RecrutasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora