SEVENTY FIVE | THE END - PART I

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Quando as luzes apagaram e o alarme de invasão disparou, eu soube que era minha última chance. Eu havia decorado a posição de cada pessoa que estava comigo dentro daquela sala, então não foi tão difícil conseguir acertar um chute em um dos guardas, para que ele me soltasse e fosse uma distração para os outros por conta do barulho que fez ao cair.

— ONDE ELA TÁ? — escutei Bruce gritar. Me posicionei trás do outro guarda, que tentava passar despercebido ficando imóvel, e o sufoquei com a corrente da minha algema.

— Eu sei que você tá gostando, tá até gemendo baixinho — sussurrei as mesmas palavras que ele havia me proferido em outro momento enquanto eu o sentia se debater contra mim, mas já era tarde demais. O oxigênio não passava mais pela sua traqueia.

Como eu já sabia que aconteceria, as luzes azuis de emergência entraram em ação em trinta segundos, sendo sustentadas pelo gerador que armazenava energia extra da Sede.

Quando tudo ficou claro, Bruce disparou em minha direção com a Presidente atrás de si, mas o guarda sem vida que eu mantinha na minha frente servia como um escudo humano. Rapidamente, peguei a arma do coldre preso no cadáver e comecei a atirar na direção deles também, mas só acertei o segundo guarda porque Bruce atirou na lâmpada em cima de mim e eu precisei abaixar o rosto para não ser atingida pelos cacos de vidro. Eles fugiram. Larguei o homem morto no chão e procurei em seu corpo as chaves da algema, me libertando do aperto metálico que fazia meus pulsos sangrarem.

— Com licença, eu vou precisar disso — eu peguei o cartão que me daria passagem livre por toda Sede e peguei a arma e o relógio do outro guarda que também estava morto.

Saí da sala de vidro, olhando para os lados pelo corredor. Ao que constava no relógio eu tinha trinta minutos para fazer toda a minha parte do plano para finalmente sair desse inferno. Sem mais tempo a perder, comecei a correr.

Cheguei na ala dos adolescentes dos bunkers e atravessei o refeitório que me parecia atípico por estar completamente vazio. No corredor dos quartos, avistei dois guardas. Me escondi atrás de uma pilastra e respirei fundo, esperando o momento certo. Minha cabeça doía como se alguém estivesse enfiando uma faca nela. Me concentrei nos passos que estavam cada vez mais perto e, quando ficaram perto demais, saí do meu esconderijo atirando. Pegos de surpresa, os guardas não tiveram tempo de reagir e caíram mortos com dois tiros na testa cada. Aquilo estava virando um banho de sangue rápido demais. Mas eu sabia que valia a pena, e tive ainda mais certeza quando passei a identificação do guarda na porta de número quatro zero zero dois. A mesma numeração do nosso bunker.

— Baker? — a voz de Carter preencheu meus ouvidos assim que vi todos eles juntos.

— Ninka! — Margot correu para me abraçar e todos os outros a imitaram, menos o Karl que preferiu se manter afastado.

— Ouvimos tiros, pensamos que alguma coisa tivesse dado errado — Victoria falou assim que nos separamos.

— Eu tive uns contratempos — olhei para fora do quarto onde, da porta, conseguíamos ver os pés de um dos guardas.

— Seu nariz tá sangrando, você tá bem? — Margot franziu a testa, preocupada.

Por instinto levei minha mão ao local e me dei conta que ela estava mesmo certa. Limpei o sangue com as costas da minha mão.

— Não é meu, relaxa — menti e forcei um sorriso. Desviei meu olhar para o Carter. — Precisamos sair daqui. Agora.

— Nossas coisas estão prontas — ele apontou para as mochilas escondidas embaixo da cama e cada um tratou de pegar.

— Ótimo. Já sabem o que fazer: vocês três vão atrás dos outros adolescentes e eu e o Carter vamos garantir da sala de segurança que vocês consigam sair daqui antes de tudo ir pelos ares — repassei o plano mais uma vez.

Ninka Baker e Os RecrutasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora