Ninka Baker e Os Recrutas

FIFTY FOUR | SEE YOU LATER

Já estávamos com as nossas antigas roupas, agora lavadas, e com as nossas mochilas carregadas de suprimentos sendo escoltados em direção aos muros por guardas do distrito.

— Ninka — ouvi Bruce me chamar, ele não tinha vindo com a gente, por isso me surpreendi ao vê-lo chegar num carrinho de golfe ao lado de uma mulher e com mais soldados.

Os que estavam nos acompanhando se agacharam em reverência.

— Algo de errado? — perguntei na defensiva, estranhando aquela movimentação.

— Na verdade não. Eu só queria te apresentar para alguém importante antes de partir. — ele explicou com um sorriso aberto, dando a mão para a mulher descer do carrinho — Esta é a Presidenta Clarice. Presidenta, esta é a garota sobre a qual lhe falei: Ninka Baker.

— É um prazer finalmente conhecê-la, Ninka — a mulher jovem, de cabelo loiro quase branco e terno azul, estendeu a mão em minha direção.

— O prazer é todo meu, Sra. Presidenta — a cumprimentei, escondendo a minha desconfiança.

Por que, diabos, a presidente do Distrito estava na minha frente?

— Contei para a Presidenta sobre a sua façanha noturna em nossas instalações para garantir a segurança dos seus recrutas e a forma como se ofereceu para buscar o seu povo, mesmo não tendo nenhuma responsabilidade como líder — Bruce comentou.

— E, saber de tais coisas, me deixou curiosa para conhecê-la — Clarice respondeu a pergunta que eu havia me feito mentalmente — Soube que está de partida e decidida quanto a isso, mas preciso perguntar: há alguma possibilidade de eu conseguir fazê-la ficar?

— Creio que não, Senhora — sorri gentilmente com as mãos para trás do meu corpo, como um soldado.

— Isso é uma pena. Uma garota esperta como você seria de bom proveito aqui no Distrito. Aposto que ganharia facilmente destaque na Capital.

Era impressão minha ou aquela mulher estava tentando me subornar para ficar?

— Agradeço os elogios e a oportunidade, mas temo que tenho que cumprir com os meus deveres fora do Distrito. Além disso, tenho pessoas que dependem de mim. Acho que a senhora me entende quanto a isso.

— É claro — ela sorriu, parecendo se dar por vencida — Bom, foi ótimo conhecê-la, Ninka Baker. Tenho a estranha sensação de que a verei novamente em breve, então creio que isso seja um "até logo" — ela subiu no carrinho com a ajuda do Bruce.

— Adeus, Presidenta — retruquei implicitamente.

A mulher assentiu enquanto o seu carro dava a volta e ia para longe.

— Por que você sempre atrai a atenção das pessoas que estão no poder? — Victoria perguntou parecendo admirada ao mesmo tempo que chocada com a presença ilustre da Presidenta.

Todos os recrutas vieram conosco até o limite da cidade para se despedirem.

— Porque líderes atraem líderes — Margot respondeu com um sorriso orgulho e me abraçou.

— Vou sentir falta de vocês — me ouvi confessar.

— Awn, nós também vamos — Victoria veio participar do abraço.

— Fale por você — Karl resmungou debochado com os braços cruzados, se mantendo afastado do pequeno círculo em que estávamos.

— Como esse macho consegue ser desnecessário até em despedidas? — Ayla perguntou indignada, me fazendo rir.

— Nós também vamos sentir falta de vocês — Victoria afirmou, indo abraçar os gêmeos junto com Margot.

Olhei para o Carter que tinha a cara fechada e um olhar pensativo.

— Acho que isso é um adeus — eu comentei sentida enquanto me aproximava dele, ganhando sua atenção.

— Não seja ridícula, Baker, você ouviu a tal da Presidente: é um até logo — ele rebateu, tentando manter a pose de durão, o que me fez sorrir.

Na minha frente estava o cara que eu pensei odiar muitas vezes em meus momentos de raiva quando tudo o que queria na verdade era socar o seu rosto bonito extremamente irritante, mas a verdade era que eu havia aprendido a gostar do Carter do jeitinho que ele era. Não de uma forma romântica. Eu aprendi à respeitá-lo como pessoa, amigo e líder, apesar da sua mania irritante de sempre ter o controle de tudo. A verdade era que eu estava grata por tê-lo conhecido, porque, apesar de tudo, Carter era uma das pessoas que foi fundamental para o meu crescimento aqui fora.

Foi pensando em todas essas coisas que eu acabei por o abraçar. E, para a minha surpresa, ele me abraçou de volta, me apertando entre os seus braços como se fosse me impedir de sair dali.

— Obrigado por ter liderado ao meu lado, eu não teria conseguido sem você — o escutar sussurrar isso no meu pé do ouvido me fez sorrir.

Essa era a nossa relação. Uma troca. Eu o ajudei e ele me ajudou em coisas que seriam impossíveis se não tivéssemos um ao outro.

— O prazer foi todo meu, capitão — sussurrei de volta, sentindo minha garganta se fechar.

O afastei para não chorar e ele sorriu de lado, provavelmente tendo a mesma ideia.

— Vamos pra casa — eu disse para os gêmeos que assentiram.

Um guarda passou uma mensagem pelo rádio para alguém e em alguns segundos os portões escondidos no muro começaram a abrir.

Senti Aiken procurar meus dedos com a sua mão, então os entrelacei nos seus e olhei para ele que parecia nervoso. Ele suspirou, relaxando os ombros e sorrindo.

— Vai dar tudo certo — eu afirmei o meu desejo e ele anuiu.

— Vai dar tudo certo — reafirmou.

— Vamos logo com isso, seus bundões melosos — Ayla mandou e deu o primeiro passo para sair dali, então nós a imitamos.

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Postando bem cedinho pra compensar o que faltou na quarta. Se vocês comentarem bastante TALVEZ eu poste um extra no domingo.

E o que falar desse momento super fofo de despedida? eu tô mt soft