PRIMEIRO INTERLÚDIO

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Os dias seguintes ao funeral de Alec e Rebecca foram calmos e arrastados

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Os dias seguintes ao funeral de Alec e Rebecca foram calmos e arrastados. A atmosfera sombria e pesada que parecia encobrir Cipriano e a vida de Arthur e Lola se dissipou, e aos poucos, a vida de todos voltou ao seu curso normal.

As investigações do caso Luporini continuavam sem respostas e Jaime se sentia terrivelmente pressionado. Não queria ter de arquivar o caso uma segunda vez; deveria ser capaz de encontrar a solução. Deveria prender o culpado e trazer um pouco de alívio para os irmãos. Os poucos resultados que havia conseguido até então não eram nada satisfatórios. Jaime sabia que não estava lidando com um crime perfeito, havia brechas, ele sabia, mas tudo havia sido extremamente planejado e articulado.

Arthur e Lola, no entanto, experimentavam uma calmaria que não sentiam desde o desaparecimento deles. Desde o funeral, não receberam mais nada estranho. Após os acontecimentos na capela do Velório Municipal, onde pegou o tio conversando com Otávio, Arthur sentiu que sua relação com Enrico fora extremamente abalada. Havia desconfiança sempre que Enrico se aproximava. As idas a mineração e as visitas técnicas não eram mais as mesmas. Ele não tocara mais naquele assunto; sabia que o tio sempre inventaria alguma desculpa.

Lola começou a ter pesadelos e alucinações logo depois do sepultamento dos pais. As noites de sono ficaram mais difíceis, mas não porque não tinha sono. Ela tinha medo de dormir e reviver aqueles momentos de tortura. Lola buscava concentrar suas energias nos estudos, sempre ocupando a mente com algum assunto. Começou também a se consultar com Márcia, a mãe de Tereza. Os remédios também ajudavam a lidar com a insônia e as alucinações.

Breno e Rodrigo também se sentiram atingidos pela morte dos tios. Para lidar com a perda, Breno focou nos treinos com a equipe de natação. Rodrigo, por outro lado, permanecia flutuando, distante na maior parte do tempo, sem saber o que fazer ou esperar do futuro.

Lola percebia as tentativas de Rafaela em se aproximar, mas resistia às investidas da tia. Não que não fosse grata por tudo o que Rafaela fazia por ela e Arthur, mas sentia que não era algo natural. Não era genuíno. Sentia-se culpada por não dar abertura, mas não conseguia forçar algo que não parecia certo. Enrico, por sua vez, tentava manter a rotina de sempre, saindo cedo para trabalhar e voltando tarde da noite quando todos já estavam prontos para dormir. A relação entre ele e os sobrinhos havia mudado bastante desde que Arthur o flagrou na capela.

Os irmãos ainda não entendiam como a investigação não havia descoberto um nome. Uma pista sequer. No entanto, por algum tempo, Cipriano voltou a ser uma cidade normal. Serena e Patrícia estavam sempre por perto de Lola, tentando distraí-la e melhorar o ânimo. Tulio, seu melhor amigo, também estava sempre disposto a conversar e ouvi-la. Lola sabia que podia contar com ele e com todos os outros.

Para os irmãos, nada mais seria igual. Março surgiu trazendo a Páscoa e os chocolates, bem como um calor fustigante, mas foi embora tão rápido quanto surgiu. Pelo menos, foi o que Lola sentiu.

A calmaria e a paz, entretanto, estavam prestes a acabar. 

O Jogo dos Segredos [1] DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora