Capítulo 3

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TERÇA-FEIRA, 24 DE FEVEREIRO DE 2122

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TERÇA-FEIRA, 24 DE FEVEREIRO DE 2122.

Naquela manhã, parecia que toda a população de Cipriano se reunira sobre o teto alto e o chão de mármore da capela do Velório Municipal. Arthur e Lola estavam ao lado dos primos e do tio, na primeira fileira. Apesar de muito abatidos com os últimos acontecimentos, Arthur e Lola tentavam sorrir quando alguém os cumprimentava. Serena, Patrícia, Tulio, Leonardo, Tereza, Márcia e André também se faziam presentes, prestando apoio aos irmãos. A Sra. Queiroz ficou em pé ao lado da porta, recebendo as pessoas que chegavam em grupos cada vez maiores. O salão era retangular, dividido em duas alas com bancos altos de madeira polida.

Alguns garotos do Advanced School pululavam ao redor deles, tentando encontrar algum assento disponível. Arthur não sabia o que esperar da cerimônia e não entendia como tantas pessoas desconhecidas conseguiam entrar na capela mesmo sem ter conhecido Alec e Rebecca. Lâmpadas simples em forma de cilindro pendiam do teto, e o altar estava coberto com flores. Abaixo dele, dois caixões brancos estavam abertos com coroas de flores nas laterais, expondo os corpos.

Arthur pegou na mão da irmã com firmeza. Ela o olhou, melancólica. Lola mal havia dormido na noite passada. Não conseguia parar de pensar no vídeo que haviam recebido. Sempre que os olhos fechavam, a imagem horripilante dos pais morrendo chegava para assombrá-la. A sombra de alguém que os agredia sem pudor divagava por sua mente conturbada.

Eu sinto muito.

Cubos de gelo se alojaram em seu estômago. Arthur varreu os olhos por todo o espaço da capela, procurando por nada. O salão estava lotado. Breno e Rodrigo, que estavam sentados ao lado de Lola, olharam para trás, quando o pai levantou num súbito. Enrico correu na direção da esposa.

Rafaela e ele se encontraram no meio do corredor.

— Você viu quem acabou entrar? — Rafaela perguntou baixinho, indicando na direção.

— Puta merda! — Enrico exclamou num sussurro. Os olhos estavam arregalados na direção da figura. — É o Otávio.

— Quando ele voltou? — disse Rafaela para o esposo. — Por que diabos ele voltou para Cipriano?

— Eu não sei, mas ele não deveria ter voltado — Enrico cochichou. Ele congelou o olhar sobre a figura de um homem de aparência não muito velha, de cabelos castanhos, sentado a alguns bancos de distância dos sobrinhos. Ao notar que estava sendo observado, Otávio acenou e sorriu. — Vou conversar com ele quando isso tudo acabar.

A música instrumental começou a cadenciar através da capela. Lola se virou para frente, sentando-se de forma ereta e esperou a música acabar. Enrico e Rafaela se juntaram a eles na fileira.

O órgão começou novamente com uma música fúnebre. Um padre se colocou em pé diante do altar e começou a tagarelar. Minutos se passaram enquanto ele continuava lendo versículos da Bíblia. Lola e Arthur choravam, mas sabiam que nada podia ser feito.

O Jogo dos Segredos [1] DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora