Capítulo 5

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QUARTA-FEIRA, 1º DE ABRIL DE 2122

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QUARTA-FEIRA, 1º DE ABRIL DE 2122.

Querida, acorda!

Lola acordou com alguém sacudindo seus ombros. Ela estava deitada, coberta pelo edredom confortável. As cortinas esvoaçavam na janela com a brisa fresca da manhã. À frente da cama, uma penteadeira branca com lâmpadas cheia de maquiagens e um espelho emolduravam o cômodo. Duas escrivaninhas estavam ao lado da cama. Lola rolou para o lado, cobrindo a cabeça com um travesseiro rosa.

— Lola, acorda, meu anjo! — disse a voz novamente. Uma mulher de cabelos ruivos ondulados pairava sobre ela. Usava um roupão branco e nenhuma maquiagem sobre o rosto.

Lola se virou, olhando para Rafaela. Seus cabelos estavam desgrenhados pela noite mal dormida e o rosto marcado pelas inúmeras voltas sobre o travesseiro. Lola sentou, olhando ao redor do quarto loucamente.

— O que foi? — ela perguntou, soltando um bocejo. — Nossa! Que horas são?

— Você perdeu a hora, doidinha! Tem trinta minutos para se aprontar! — exclamou a Sra. Queiroz. Ela rebolou pelo quarto de Lola, tirando do guarda-roupa o conjunto do tradicional uniforme do Advanced School. As cores principais do colégio eram apenas três: preto, vermelho e dourado. — Eu acho esses uniformes uma gracinha! Que saudade dos meus tempos no Advanced!

Lola olhou para si mesma através do espelho assim que se colocou de pé. As olheiras pesavam as pálpebras. Ela ainda digeria a ideia dos pais estarem mortos. Mesmo após um mês ter se passado desde que encontraram os corpos, Lola ainda não acreditava naquilo.

O coração acelerou.

Os olhos acumularam as lágrimas que tentava esconder. Não choraria de novo. Havia sobrevivido ao primeiro mês, poderia aguentar mais um. E depois mais outro. A terapia com Márcia estava ajudando, ela se sentia bem em poder desabafar e colocar tudo para fora.

Frequentar as aulas fora um desafio. As pessoas faziam comentários, outras se aproximavam para dizer que sentiam muito e se solidarizavam com a dor dos irmãos. Era difícil para Lola se concentrar nas aulas, mas ela estava conseguindo passar pelo luto. Tinha Serena e Patrícia ao seu lado, assim como os outros amigos.

— Você está se sentindo bem? — Rafaela perguntou, preocupada com a sobrinha. — Eu sei que já faz um mês que tudo aconteceu. Você e o seu irmão não tocaram mais no assunto. Se quiser ficar em casa hoje...

— Não, está tudo bem, tia! — Lola finalmente disse. — As pessoas ainda comentam sobre eles, os jornalistas ficam atrás da gente, mas não tem o que fazer. Se eu não enfrentar isso, como vou conseguir...

— Superar? — Rafaela ecoou baixinho, acomodando-se sobre a cama. — Sei que está sendo difícil para vocês dois, mas seu tio e eu faremos de tudo para vê-los bem. Então, se quiserem conversar, sabem que podem nos procurar. Os meninos também.

O Jogo dos Segredos [1] DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora