Bebê De Açúcar: Capítulo 6 - Assuntos De Adultos

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O dia havia começado agitado na empresa. Empregados iam de lá para cá na sala de Frisk, subindo e descendo escadas para procurar no meio da mobília um livro importante para a patroa. Sans observava todo esse fuzuê olhando por cima de seu telefone, enquanto Frisk educadamente bebia um café e olhava seus subordinados trabalhando.

— Você não acha que esse tanto de funcionários aqui é demais? — Perguntou para a empresária sem tirar os olhos das vinte pessoas na sala. Recebeu um não silencioso vindo de Frisk, com um balançar da cabeça.

Aliás, havia notado isso hoje de manhã: Frisk estava estranhamente quieta.

— Aqui, senhorita Frisk! — Uma delas falava, enquanto outras duas traziam o exemplar que era grande, pondo na mesa de Frisk, que apenas gesticulou com os dedos para que todos saíssem, a deixando A sós com Sans.

— O que é esse livro? — O mais velho perguntou, estando ao lado de Frisk como um verdadeiro cavaleiro protegendo sua rainha.

— Um guia de finanças — Foi seca, sem dar mais detalhes.

— E para que precisa dele? — Sans continuava desconfiado do comportamento de Frisk, mas tentava discorrer a conversa.

— Preciso ver uma coisa, nada mais — Disse olhando as grandes páginas, lendo o que procurava.

— Que seria? — Tentou puxar mais o assunto, mas Frisk estava mesmo afim de o deixar em um beco sem saída.

— Nada que você entenderia — Retrucou séria, fechando o livro e teclando mais um pouco. Sans tentou uma aproximação, mas logo foi rejeitado, com Frisk se levantando com dificuldade já que carregava o livro, sem ajuda, afinal os empregados já haviam saído.

Sans, ao ver que Frisk não queria papo, franziu as sobrancelhas. Em uma viagem mental rápida, ele tentou ver sua vida passando diante de seus olhos para saber se havia feito algo de errado essas últimas semanas para ver Frisk tão quieta e fechada assim.

— Ei — Disse se aproximando de Frisk, a encurralando na estante de livros, tomando o objeto da mulher e pondo no lugar sem menores problemas graças a sua força física alta — Por que está tão calada? — Perguntou a olhando nos olhos, mesmo não tendo nenhum brilho para ver.

Frisk estava encolhida no canto, como uma garotinha indefesa. Ela era sim uma mulher forte e independente, que liderava uma das distribuidoras mais famosas e lucrativas do país, tendo uma família com nome e tudo mais que qualquer pessoa poderia querer ter para ser feliz, porém, isso não a poupava da natureza estragar sua postura a dando um corpo frágil e delicado. Estava sendo subjugada e não sabia como sair disso.

— Saia da minha frente ou... — Ameaçou, abaixando a cabeça para não olhar os olhos azuis de Sans.

— Ou...? — Repetiu em dúvida o pedaço faltante da frase de Frisk, mas tudo que recebeu foi uma joelhada no meio das pernas, que o fez cair de joelhos e Frisk correr para sua poltrona.

— Ouch! — Exclamou de dor, encolhido feito uma tartaruga — Por que caralhos você fez isso? Está ficando maluca? — Não obteve respostas, então, com dificuldade, se levantou e foi até a vidraça, ficando à frente da empresária — Oh... — Se mostrava preocupado e apavorado com o que via à sua frente.

Frisk estava em um estado deplorável: Encolhida na própria poltrona, havia bagunçado seu cabelo e parado as duas mãos frágeis nas bochechas, as arranhando com suas longas unhas até sair um filete de sangue do rosto. Sua maquiagem estava borrada e o ponto final, que deixava tudo mais horripilante, era suas orbes douradas a mostra, com lágrimas de desespero.

— Sa-saía daq-qui-qui — A mulher gaguejava com sua mandíbula se mexendo ritmicamente em staccato, produzindo um som sofrido. Era visível ver seus dedos trêmulos, então Sans fez apenas aquilo que a jovem moça assustada pediu.

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